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CAPÍTULO 2: Lee Donghyuck
Março de 2023

Donghyuck sentia o topo de sua cabeça esquentar, mas não era algo que lhe incomodasse. Na verdade, a sensação era agradável. Ouviu ao longe o canto de um pássaro e o balançar do carro estava cada vez mais perceptível.

Então ele abriu os olhos.

A primeira coisa que viu, enquanto dava um bocejo preguiçoso, foi os pés descalços de Jaemin apoiados em sua coxa. Os olhos seguiram pelos joelhos dobrados e sua testa se franziu ao notar que tanto ele quanto Jeno estavam sendo usados de apoio para que Jaemin pudesse dormir melhor.

Um grande folgado, Donghyuck pensou.

ー Já acordou? ー Jisung perguntou, dando uma rápida olhada no espelho retrovisor. ー Sente-se melhor que antes?

Donghyuck mordeu os lábios.

ー Estou… normal, eu acho. ー Deu de ombros, pensativo.

ー Tudo bem, eu vou aceitar isso como um “Estou me sentindo ótimo agora, Jisung! Você tinha razão, dormir me fez bem.” ー Afinou a voz numa falha tentativa de fazê-la chegar próxima a de Donghyuck. A imitação acabou arrancando uma risada baixa do menino. ー Ah, olha só, você sabe rir.

Donghyuck fez careta.

ー É claro que eu sei rir! ー Cruzou os braços.

ー Você é tão sério e na sua, achava que tinha esquecido como sorrir. ー Balançou os ombros. ー Mas devo dizer, é uma ótima descoberta! Eu já estava pensando em apelar.

ー Apelar?

ー Fazer cócegas até você implorar por misericórdia. ー Falou simples, ignorando a expressão de descrença que tomou o rosto do menino.

ー Pois fique sabendo que eu não sinto cócegas!

ー Ah não?

ー Não!

Jisung olhou para trás por pouco menos de três segundos, sorriu e voltou a olhar para frente.

ー Desafio aceito.

Pelo espelho retrovisor, Donghyuck pode ver um sorriso estranho crescendo nos lábios de Jisung, que permaneceu em silêncio, concentrado no trajeto. Ele se encolheu no banco e desviou o olhar, focando em sua janela, assistindo as árvores finas, algumas secas e outras lentamente florescendo. Não demorou muito para que os outros dois acordassem. Primeiro Jeno, reclamando de dores em seu pescoço, logo após Jaemin, xingando Jeno por estar se mexendo tanto.

A partir disso, o ambiente voltou a ser caótico e barulhento, obrigando Donghyuck a colocar os dedos nos ouvidos até ver o mato ao lado de fora ser substituído por construções de concreto e a grama por asfalto.

Haviam chegado na cidade.

ー Vocês lembram o que combinamos? ー Jisung virou-se para os meninos após estacionar o carro.

ー Não nos afastarmos! ー Num tom orgulhoso, Jaemin foi o primeiro a responder.

ー Não fazer barulho. ー Jeno revirou os olhos.

ー Não brigar…? ー Donghyuck respondeu incerto.

ー Ótimo, vocês lembram. ー Jisung suspirou aliviado. ー Vamos sair agora, mantenham-se atentos a tudo!

Eles concordaram, pegaram suas mochilas e deixaram o veículo junto a Jisung.

Donghyuck olhou para os dois lados da rua deserta e engoliu seco. Faziam alguns anos desde a última vez que esteve em uma cidade e as lembranças que tinha a respeito destas o tiravam o sono. Mas aquilo não era importante, não deveria ser importante. Então ele arrumou a mochila em suas costas, conferiu sua adaga na bainha e sua pistola.

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