A primeira vez que senti medo

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Pov. Marinette

Três semanas e meia desde que tudo isto começou. E até hoje fico com arrepios nos braços sempre que me encontro com Chat Blanc, o que não é muito frequente. Só nos encontramos de noite ou ao fim da tarde e, raramente, no meio da manhã, em dias de semana. E em qualquer altura do dia, nos fins de semana. O que pode confirmar a minha teoria de ele ter mais ou menos a minha idade, tendo em conta que, muito provavelmente, vai à escola ou a alguma atividade durante a semana, o que explica ele só aparecer com mais frequência aos fins de semana.

E, bem, quando nos encontramos, as coisas não ficam nada bonitas. Nem um pouco.

A raiva que vi no dia em que ele chorou nos meus braços é tudo o que vejo nele agora, na maioria do tempo. Não o consigo entender, num momento está completamente louco, doido por vingança mas, por uns minutos, volta a ser o rapaz assustado que vi naquela noite. E depois volta a ficar raivoso.

É exaustivo.

E os golpes que ele me dá, e os que eu lhe dou são tão...impiedosos. Arranhões, cortes e...coisas piores.

Chegamos os dois ao final de todas as nossas lutas completamente exaustos e magoados.

Mas nunca, nunca lhe faço nada que seja realmente mortal, ao contrário dele que passa a vida a tentar cortar a minha garganta com o seu cataclismo. A pedido do Mestre Fu e da Tikki, que são os únicos que têm a capacidade de me manter sã, prometi que nunca faria nada de realmente grave ao Chat a menos que fosse estritamente necessário para a minha sobrevivência e pelo bem-estar de Paris.

Sim, odeio-o mas não o quero matar. Pelo menos, não sem motivo nenhum.

Raios, o que é que estou a dizer?

De qualquer forma, as nossas lutas não são muito longas. Tenho reparado que, depois de usar o seu poder, ele desaparece poucos minutos depois. Umas vezes volta e outras não, o que me faz perceber que eu e ele temos o mesmo problema com o tempo.

Apenas 5 minutos até voltarmos ao normal depois de usarmos os nossos poderes. Uma regra estúpida.

Mas pelo menos, até agora, os estragos causados pelas ruas e até em nós os dois não têm sido grandes, graças ao meu Lucky Charm e ao meu poder de cura que também o cura a ele, por algum motivo.

E a vida como Marinette, digamos assim, está a ser...normal? Digo, normal dentro do possível. A dor de perder o Ivan continua a apertar o peito de toda a gente, especialmente da Mylene, que não tem aparecido muitas vezes na escola mas que envia algumas mensagens de vez em quando. É como o Adrien disse, as coisas estão a "melhorar", muito devagar mas estão.

É complicado mas, pelo menos, há dias que correm minimamente bem. Dias em que solto uma risada genuína, dias em que sorrio sem o forçar, dias em que consigo prestar atenção às aulas...

Não são muitos dias assim mas esses dias são realmente preciosos para mim porque tiram-me de toda a angústia em que estou afogada. São dias diferentes e bons.

Ao contrário dos dias como Ladybug que são todos iguais e monótonos.

Ele aparece, assustado, muda para o seu "eu" raivoso, começamos a lutar, ele invoca o Cataclismo, eu invoco o Lucky Charm, ele tenta matar-me, eu preciso resolver algum enigma bizarro a partir do objeto que recebi, ele foge e eu vou para casa frustrada.

Lutar, ir para casa, repetir.

Até um dia em que as coisas...começaram a mudar.

Foi na tarde da sexta-feira passada, depois das aulas.

O Monstro e a Joaninha | [MIRACULOUS AU]Onde histórias criam vida. Descubra agora