A bomba prestes a explodir que ela é

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Pov. Marinette

- O Adrien não vos parece estranho hoje?

Finalmente (e depois de um bom tempo), ergo o olhar do meu telemóvel, que toca silenciosamente o vídeo que gravámos ontem na casa da Alya, que está sentada à minha frente. Parece desconcentrada mas ainda não trouxe à conversa o que aconteceu. Ao lado dela, senta-se o Nino que fala com a palhinha do seu sumo de tutti frutti pendurada na boca.

- Tipo...estranho, quieto. Mais o ele preocupado do que em qualquer outro dia normal?- pergunta ele, olhando à volta da mesa onde nos sentamos. E a voz dele é quase demasiado abafada no meio da barulheira da cantina. E pela palha que ele apanha entre os lábio mesmo antes de ela cair sobre o seu prato.

E não posso negar, realmente reparei o quão estranho o Adrien tem estado hoje, desde o momento em que subiu pelas escadas da entrada da escola. Com os olhos arregalados, aquele ar bizarramente chocado e choroso, como se tivesse acabado de ver algo que não queria ter visto.

Olho para baixo, para o prato de esparguete meio comido à minha frente, e para o garfo que mexo e remexo à volta da massa.

- Não sei...- sussurro, deixando a cabeça tombar para o lado. Um leve arrepio a percorrer-me a espinha, o que já é habitual, sendo muito franca- Vou trabalhar com ele para a biblioteca hoje à tarde. Posso falar com ele lá...

O Nino encolhe os ombros, acenando lentamente com a cabeça. E a Alya lá faz o mesmo, apesar de estar a olhar fixamente para um ponto ao lado do seu copo de água, como se estivesse presa nos seus pensamentos. E só desvia o olhar quando o Nino, timidamente, lhe passa o braço à volta dos ombros, falando com aquele tom manhoso:

- Então, o que se passa?

A Alya sorri-lhe, arrasta a sua cadeira para mais perto da dele e...já começa.

Estão a falar baixinho, o Nino está a fazer aquele beiço preocupado, a Alya está a a inclinar a cabeça e olha para o beiço por um milésimo de segundo enquanto diz que "ele não se devia preocupar com ela" e...

Desvio o olhar, a revirar os olhos e a sentir um leve sorriso a espreitar nos meus lábios.

Há semanas que estas pequenas coisas acontecem. Os olhares e os toquezitos inocentes. É é bom ver o quão mais soltos a Alya e o Nino se estão a tornar.

O meu sorriso alastra-se. Mas desvanece num abrir e fechar de olhos.

Porque lá está ela outra vez. Lila Rossi.

A falar com a Aurora, que continua abalada pela sua akumatização de há uns dias. E que responde a cada pergunta da Lila com um tom trémulo e choroso.

Reviro os olhos outra vez, e desta vez não é aquele revirar querido. É um revirar a sério, irritado.

E tudo por causa do momento em que a Lila se levanta, dando um toque carinhoso no ombro da Aurora, que limpa uma lágrima pequena do canto do olho. Mas, no momento em que lhe vira as costas, começa a soltar risinhos trocistas, juntando-se a uma das suas amigas, que se riem com ela.

A Lila não passa de uma autêntica abelha rainha. Ou, como nós chamamos por aqui, uma autêntica borboleta monarca.

Continuo a olhar para cima, para ela enquanto apoio o queixo na palma da mão.

Detesto-a. Imenso.

Echo ridícula a forma como ela age, especialmente com os assustados que andam por aí. E que são aos montes.

Sempre faz isto, brinca com os sentimentos das pessoas, mente até dizer chega. Parece que está constantemente a manipular e a tentar arrancar as emoções e segredos mais profundos de tudo e todos. Apenas para depois fazer dessas informações as suas próprias marionetas e, com isso, tornar das pessoas os seus próprios mascotes.

O Monstro e a Joaninha | [MIRACULOUS AU]Onde histórias criam vida. Descubra agora