Pov. Adrien
Os estores laminados de madeira pintados de branco da pastelaria estão fechados para não arriscar que alguém me veja aqui dentro. A pouca luz que passa por entre as lâminas é a única que ilumina o espaço modesto e aconchegante da pastelaria.
E acho que estou há dez minutos a passar a vassoura para a frente e para trás no exato mesmo lugar no chão, demasiado distraído com...tudo, mesmo que eu não tenha muita coisa para fazer.
A Marinette está lá em cima a fazer alguns bolos simples e guloseimas para vender daqui a pouco. E ela deixou-me aqui com as tarefas mais básicas para limpar a pastelaria. Como varrer o chão, mas nem isso consigo fazer direito neste momento.
- Se precisares de alguma coisa, chama-me, ok?- disse ela hesitante mesmo antes de subir pelas escadas.
E agora estou aqui, com o cabelo ainda um pouco molhado e com os meus pensamentos a acompanharem cada movimento que faço com a vassoura.
Até que uma mão fria e húmida toca-me no ombro.
- Ei.
Há preocupação e hesitação no seu toque, e eu finalmente acordo e abano a cabeça.
- Olá- caminho devagar até ao canto da pastelaria e deixo a vassoura lá.
- Como estás?
Não consigo olhar para ela, tenho medo do que posso encontrar no seu rosto. Tenho medo de ela me achar fraco ou que pense que sou um coitadinho depois de lhe contar tudo. Mesmo que saiba que ela não pensa isso de mim mas há algo dentro de mim que não me deixa encará-la.
- Estou bem- digo com um sopro trêmulo e volto a caminhar de volta para onde estava, com os olhos presos no chão e tomando cuidado para não bater contra nada.
Mas, de repente, já não preciso tomar cuidado porque uma luz envolve completamente toda a pastelaria, fazendo com que eu erga o rosto.
E encontre a Marinette já a encarar-me, como uma linha leve entre as suas sobrancelhas e com a mão encostada ao interruptor de luzes que eu nem tinha visto na parede enquanto a outra segura uma bandeja com bolachas e pequenos bolos e pães. Tem vestida uma camisola de gola alta preta e umas calças cinzentas, pintou um pouco as bochechas com maquiagem e prendeu o cabelo num coque muito bem feito.
Está profissional e bonita. Mesmo com as meias coloridas que lhe cobrem os pés.
Mas também está inquieta e ainda procura respostas em mim. Respostas que eu não lhe posso dar, pelos menos não por agora, por mais que eu queira.
- Tens a certeza? É que, depois do que aconteceu na casa de banho, eu achei que...
- Marinette- digo, dando dois passos e pousando as minhas mãos nos seus ombros. Abaixo um pouco a cabeça para conseguir olhá-la nos olhos- Estou bem, a sério.
Ela não parece convencida, e eu também não soei muito convincente.
Custa-me imenso falar sobre as coisas que me aconteceram, mesmo que saiba que a Marinette está aqui por mim e que ouvirá tudo o que eu disser. Mas não gosto disso, não gosto de como sinto os olhos lacrimejar assim que começo a falar, é estúpido. E sim, é bom pôr tudo cá para fora enquanto estou a desabafar, mas depois...
Sinto-me fraco, e não quero preocupar ainda mais a Marinette.
- As coisas...não estão fáceis, só isso- sussurro-lhe, e forço-me a não dar mais detalhes.
Eu estou bem. Não te preocupes mais, por favor.
Ela envolve as minhas bochechas com as mãos da maneira mais natural, demorando o seu tempo a traçar as minhas maçãs do rosto, como se procurasse algo para me reconfortar mas, simplesmente, não encontra.
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O Monstro e a Joaninha | [MIRACULOUS AU]
FanfictionEle cometeu um erro. Um grande, GRANDE erro. E ela estava perdida. Confusa. Sem rumo. Ele era um monstro. Ela era uma joaninha. E os dois estavam desfeitos por dentro. (AU - Universo Alternativo) ⚠️⚠️⚠️ Esta história contém cenas de violência e abor...