Pedidos de desculpa

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Pov. Marinette

Tive um pesadelo. Que não era bem um pesadelo, na verdade.

Era um conjunto de memórias, uma sequência de acontecimentos que foram como um estalo na cara, uma prova de que esta é a minha vida agora. Que tudo o que me assombrou a mente durante o meu sono foi real.

A chuva de pedregulhos quando o Cataclismo atingiu o Ivan, a primeira vez que encontrei o Chat Blanc, a primeira vez que encontrei o Adrien, o poema do Paul Verlaine, o trabalho, a música arrebatadora da Clara Nightingale quando eu estava a regar as plantas na minha varanda, ele a apertar-me o pescoço, depois a debater-se no chão, o meu reencontro com o Chat Noir, o pânico que percorreu o meu corpo ao vê-lo quase morto, o pânico a aumentar quando descobri que ele era o Adrien, eu a cuidar dele ainda inconsciente, a nossa discussão...

Foi quando acordei.

E agora, estou aqui. Deitada na minha cama, o suor frio molha-me o cabelo que já está sujo o suficiente para isto, as palmas das minhas mãos começam a suar também. O meu quarto está escuro mas percebo que a minha visão está desfocada, a pouca luz que entra pelas janelas parece engolir o mundo.

E há uma voz, uma voz magoada e sonolenta a falar. E tento concentrar-me nela:

- Marinette? Estás bem?

Não. Não estou bem. Acho que...acho que estou...a ter uma crise ou assim? Mas...

Ele está mesmo ali. Sentado na beira do divã, a olhar para mim.

E está mesmo magoado, eu também estou magoada.

Aconteceu mesmo.

Não, não, não...

- Sim- tento manter a voz forte, acho que falho.

O Adrien levanta-se e dá um passo em direção à minha cama.

- Marinette...

Preciso sair daqui. Não suporto mais este quarto. Não suporto vê-lo aqui.

Quase perco o equilíbrio ao descer as escadas da minha cama. O Adrien segura a minha mão quando eu corro em direção à porta do quarto.

- Marinette, estás a tremer. O que se passa?

Água. Preciso de água. Água ajuda nestas alturas, certo?

- Dá-me...dois minutos.

Liberto a mão da dele e quase tropeço outra vez a descer as escadas para a cozinha e tento caminhar em direção à pia. Mas os meus joelhos estão no chão e doem.

Eu realmente caí. E sinto-me tonta.

- Marinette!- é o Adrien outra vez, desta vez a sua voz soa urgente e preocupada.

E eu odeio isso.

- Ei...- tenta segurar-me o rosto mas eu afasto-me imediatamente- Marinette, acalma-te, por favor.

Não consigo respirar. Raios, não consigo respirar.

Ainda assim, forço a minha voz a sair audível:

- Não me toques, Adrien...

- Ok. Tudo bem...mas por favor, respira fundo. Acalma-te, Marinette.

Não é exatamente isso que eu tenho estado a tentar fazer?

Mas sons agudos escapam a minha garganta quando tento respirar fundo, tremo como uma folha no inverno e uma gota do suor na minha testa cai no joelho do Adrien à minha frente, o tom cinzento das suas calças torna-se mais escuro quando a gota atinge o tecido.

O Monstro e a Joaninha | [MIRACULOUS AU]Onde histórias criam vida. Descubra agora