Capitulo 2

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Não havia problema em olhar para ele, porque ele era a aberração  da cidade e todos apontariam e iriam rir dele, quando ele passava, gruiniu baixo ao ver ela voltar, conversando  com um dos trabalhadores como se fossem  amigos,  se despedindo e voltando para o lugar ao lado dele, sob o olhar de pena do macho menor.

Isso fez sua mandíbula apertar, seus golpes são mais fortes e mais rápidos. Ele sentiu os olhos dela sobre ele, sentiu o calor  dela ao seu lado... O cheiro dela  o irritava tanto que ele estragou o corte da carne, as fatias não eram mais as mesmas e Ben estava lá em cima, com seu rosto e cabelo loiro perfeitos, como na época da escola, observando ela, desejando a mestiça deliciosa ao seu lado, depois que ela voltou do almoço, eles não se importava com Thomas nenhum dos trabalhadores  parecia se importar  em olhar para ele agora, a única coisa que importava era a mulher ao seu lado à sua nova ajudante, ouvia cada comentário pervertido e maldoso que os outros homens falavam, a agitação daqueles machos já estava deixando-o  frustrado. Ela é um problema, está atrapalhando  o trabalho  de todos.

—Senhor Hewitt... Senhor Hewitt. Ela o chama docemente, o tirando de seus pensamentos  ao tocar em seu braço  com o dedo indicador.

O medo gerava respeito, seu tio Charlie sabia muito sobre respeito, e isso desencadeou algo  em Thomas, adorava a ideia de ganhar respeito, a sensação de ser grande e poderoso, mas Thomas é imperfeito, não importa o que a mãe tentasse dizer, era imperfeito porque não o respeitavam, e isso alimentou sua raiva, fez com que ele desejasse estar cortando as pessoas que o maltratava, em vez de gado as pessoas também não passam de carne, sangram  como o gado do matadouro, suas carnes cortam facilmente e provavelmente também têm o mesmo gosto. Não era difícil fingir que ele estava cortando pessoas, mesmo que parte dele quisesse fortemente fazer isso.

Foi como uma descarga elétrica, deixando o local em seu braço  formigando, seus movimentos  pararam e Thomas rosnou irritado.

—Desculpa...Eh o sinal do fim do expediente já tocou... Todos já foram. Fala com a voz trêmula.—Estaremos fazendo hora extra Senhor Hewitt?

Thomas gostou  de ser chamado de Senhor Hewitt, ainda mais por ela, medo gera respeito como seu tio havia falado, largando o cutelo, deu as costas para ela, levando o carrinho de carne até o freezer, quando voltou ela ainda estava la esperando  por ele, mas os pedaços  embalados ja não estavam mais por perto, retirou o avental e deixou na mesa e foi saindo a ignorando, ela não fazia barulho enquanto  andava,  sabia que ela o estava seguindo por causa do cheiro do perfume dela, Thomas viu Ben se aproximando.

—Senhorita Mendonça. O homem a chama com o rosto vermelho.

—Senhor? Pergunta com curiosidade.— Ah sim  o pagamento estava esquecendo, eu e o senhor  Hewitt  vamos receber pela hora extra?

—Ah sim claro aqui está seu pagamento, e o seu Hewitt. Bem fala estendendo o dinheiro  para eles.—Eu vou fechar  tudo, tenha uma ótima noite senhorita Mendonça.

—Obrigada, mas pode me chamar de Rubi se quiser, até amanhã senhores. Ela se despede.

Thomas apenas ignorou tudo e saiu andando em direção  a estrada, está era a primeira vez que recebia tanto dinheiro  ao final do expediente, hora extra? Aquela mestiça  arrancou dinheiro  a mais do Ben, embaixo  da máscara Thomas tinha um sorriso.


Hewitt  não gostou dela, mas já estava acostumada, já trabalhou com homens piores, que não a deixava em paz ao menos ele não falava nenhum insulto.

O sinal do almoço  tocou, até tentei dar uma espiada em seu rosto, mas o que ele fez foi de propósito  eu sabia, agora havia sangue em minha roupa, suspirando apenas me afastei mas ele não se moveu, bem isso é problema  dele se não quiser descansar.

—Está curiosa? O homem ruivo de olhos verdes e sardas,  perguntou de repente cutucando ela com o braço, sua voz quase um sussurro. —Sobre ele, seu parceiro.

—Ah, bem... Sim, quero dizer, ele é... Ela tentou justificar sua curiosidade mas felizmente, o homem parecia ter interpretado seu interesse como outra coisa.

—Ele é um retardado. Falou terminou; lançando um olhar cauteloso na direção da porta, como se esperasse  que o outro apareceria derepente.— Pobre maldito, sofre muito...Não sabe ler, escrever... falar. O matadouro é o único lugar onde ele pode trabalhar para sustentar a família.

—Entendo ah... ele é lento, então? Perguntou com respeito, e o homem ruivo assentiu.

—Lento e perigoso,  Todo mundo aqui tem medo dele,  tem tendência a ataques de raiva. Não posso dizer que estou surpreso, ele sofreu  durante toda a sua infância por sua aparência e estupidez. Fez com que ele mutilasse o rosto, daí a máscara. Explicou sem emoção  enquanto comia o sanduíche.

Máscara? Não tinha notado a máscara e isso deu vontade de  olhar para confirmar. Quão ruim foram para ele mutilar o rosto? Por que todos foram tão cruéis com ele? Nenhum professor, parente ou amigo próximo o defendeu? Ser vítima da ignorância  humana era algo que ela sabia como era, e sentiu apenas raiva e ressentimento pelas pessoas mesquinhas que a prejudicaram.

—Isso é horrível…Pobre senhor Hewitt. Ela sussurrou para si mesma, completamente surpresa com a história. Não admira que Hewitt tenha se mantido reservado, ele devia estar cansado de todo aquele tratamento horrível. As pessoas costumam ser  cruéis.

—Sinto-me mal pelo Hewitt... Mas ele é só...Ele estremeceu, provavelmente tentando encontrar as palavras certas.—Extremamente assustador, ninguém  consegue se dar bem com ele, não importa o quanto tente. Cada vez que o cumprimentam, recebemos um olhar furioso, e não somos pagos o suficiente para ser cordial.

O ruivo lhe ofereceu um sanduíche, mas  recusou educadamente, já que o fedor do matadouro dificultava o apetite. Em vez disso,  se contentou com o energético que tinha pegado no carro.

—Ele não come? Pergunto curiosa.

—Nunca o vi comer. Ele respondeu escolhendo os ombros antes de dar uma grande mordida em seu sanduíche. —Ele simplesmente continua fazendo seu trabalho até o fim do turno, ele também faz horas extras todos os dias.

O ruivo é um falador, apesar de ter a aparência mais franzina em comparação  aos outros homens  do matadouro  ele ainda era mais robusto que o senhor Ben.

—Até estava me esquecendo sou o Frédéric Sandino mas me chame de Fred. Fala sorrindo estendendo sua mão para ela.

—Rubi Mendonça, prazer em conhecê-lo  Fred. Responde apertando a mão dele.

—O nome dela é Rubi, rapazes. Ele fala bem alto, fazendo os outros rirem.— Desculpa mas estávamos curiosos.

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