Narrador
— Podemos desenhar algum dia, papai? Juntos! — pediu, animada e Jungkook riu, segurando o papel e vendo o que estava marcado na folha. — Você desenha bem, então podemos fazer isso juntos — insistiu, enquanto o homem olhava o que ela havia pintado.
Um chão gramado, uma casa desenhada com triângulos e quadrados, além de uma árvore ao lado. Claro que tudo isso o papai coruja achou adorável. A geladeira também sabia disso, afinal todos os desenhos de Genevieve estavam ali.
— Papai promete que vai desenhar todos os dias que você quiser — confortou, sorridente e sua filha se animou.
A pequena garotinha não fazia ideia do que se passava na mente do pai. Nem ao menos imaginava o porquê de nunca ter visto os seus avós paternos. Seu pai nem falava sobre eles. Nunca. Jungkook avisou que iria tirar um cochilo e Amélia se sentou ao lado da filha dele.
— Meu papai não tem uma mamãe, nem um papai pra ele. — A babá franziu a testa e a loirinha se sentou perto dela.
— Todo mundo tem um papai e uma mamãe — avisou, mas Genevieve parecia ter certeza do que estava falando.
— Não o meu papai. O meu papai apareceu em um lindo jardim florido, conheceu a minha mamãe e me tiveram como filha. Ele é um anjo — sussurrou como se fosse um segredo e a Amélia sorriu.
— Ele te contou isso? — perguntou no mesmo tom da garotinha e ela negou.
— Não, mas eu sonhei com isso. Então, eu sei que é verdade. Eu nunca falei pra ele, é um segredo.
— Por que nunca contou pra ele?
— Acho que o papai não quer voltar pro céu. Ele quer ficar aqui e cuidar de mim. Talvez se alguém souber, ele seja obrigado a voltar pro céu e eu não quero que ele vá — explicou, inocentemente e o coração da mulher apertou.
A filha de Jeon tinha uma visão tão pura da vida. O pai tinha acabado de passar um estresse tão grande que alucinou e ela nem mesmo percebeu. Ainda imagina que seu pai é um anjo? O quanto Jungkook escondia da sua bebê? O que ele contava da sua vida para sua neném? Não, ele não conta nada, concluiu, depois de pensar sobre a situação como um todo.
Impossível ele ter contado algo. A criança não parecia saber nada sobre o passado do próprio pai. Jungkook não parecia bem, mesmo depois de horas dormindo, ele não acordava. Já era tarde da noite, mas ela não deixaria a menina sozinha. Amélia decidiu fazer uma sopa de batata e carne para ele. Talvez ele se sentisse melhor, então deixou a criança jantando e entrou no quarto, depois de não ouvir uma resposta, quando bateu.
Jeon estava acordado. Sentado na cama, encostado na cabeceira, coberto até o pescoço. A mulher se sentou ao lado dele, preocupada e colocou a mão em seu ombro.
— Eu tenho medo — confessou e a babá achou que ele estava alucinando, mas não foi o caso. — Ele ganhou uma visita por bom comportamento. Ele pode sair por bom comportamento?
— Eu não sei. — Ela não precisava ser um gênio para entender onde Jungkook tinha ido. — Por que foi visitá-lo?
— Eu não sei — respondeu, tristonho.
— Por que não marca um psiquiatra? — perguntou, colocando a vasilha na cômoda ao lado e ele deu de ombros, sem entender.
— Não preciso de um psiquiatra.
— Acredite em mim, todo mundo precisa de um psiquiatra — confortou e os dois acabaram sorrindo. — Mas... não é normal entrar em transe, depois de falar com o seu pai. Você tem que ir ver isso. Se não por você, pela sua bebê. — Ela pegou a vasilha novamente e estendeu para ele. — Fiz pra você comer, imaginei que seria bom.
— Muito obrigado — agradeceu, abaixando o cobertor, o deixando em suas pernas e pegou a vasilha, junto da colher e colocando na boca para comer. — Eu estou tentando ser um bom pai, mas parece que eu estou falhando todos os dias. Eu nunca consigo ajudá-la a fazer nada.
— Como pode dizer isso? — perguntou, apontando para a porta. — Sua filha é uma menina linda e saudável. Uma garotinha com uma incrível visão de mundo, ela acredita que você é um anjo. — Ele sorriu, olhando para os próprios pés cobertos e respirou fundo.
— Eu consigo. Eu consigo — disse, terminando de comer e se levantou.
A semana passou voando e Jeon estava com Amélia na sala, tentando controlar Genevieve que estava fazendo birra, porquê queria um unicórnio novo, dizendo que o senhor Dimpsey (o nome da pelúcia) já estava ficando velho demais.
— Vamos, Vivi, o senhor Dimpsey te ama — pediu, segurando a pelúcia e a garotinha mimada negou com a cabeça.
— Eu quero um novo unicórnio!
— Não. — A garotinha o olhou, assustada e encheu seus pulmões de ar, antes de segurar a sua respiração e fechar os olhos. — Genevieve, não faça isso.
— O que ela está fazendo? — perguntou, Amélia.
— Ela vai prender a respiração até eu fazer o que ela quer. Genevieve, respira — pediu mais uma vez, sendo ignorado pela menininha. Jeon ficou com medo de ela se machucar e se rendeu. — Tudo bem, vamos comprar um unicórnio novo! — A menina voltou a respirar e sorriu.
— Obrigada, papai! — agradeceu, beijando a bochecha dele e a babá o olhou, incrédula.
Claro que não se intrometeu em nada, mas era ridículo o jeito que Jungkook fazia tudo que sua criança mandava. Ele não deveria mimá-la daquele maneira. Genevieve acreditava que seu pai devia fazer o que ela queria e quando era contrariada, dava um jeito de fazer ele obedecê-la. É como se ele tivesse medo de deixar de ser amado.
— Já está liberada, Amélia. Obrigado por hoje, de verdade — falou, depois de algumas horas, assim que a filha adormeceu.
— Tudo bem, eu já estou indo. Já marcou uma consulta? — perguntou, preocupada e ele levantou os ombros, sem graça. — Precisa disso, Jungkook. E aposto que você sabe disso — falou, preocupada com o seu, agora, amigo e ele concordou.
— Eu sei, eu só... Preciso entender o que está acontecendo comigo primeiro.
— Um terapeuta pode te ajudar com isso.
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PAPAI, VOCÊ É O MELHOR! || JJK
Fanfiction🧸 • {x CONCLUÍDO x} • 🧸 Vamos falar sobre a vida de Jeon Jungkook. Pai solteiro. Trabalha numa empresa no setor de administração. Sua linda menina era Genevieve de seis anos e onze meses. Morava na Coreia do Sul, até se mudar para Londres, onde co...