🧸 | Mercado assustador

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Narrador

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Narrador

Mais uma pelúcia. E outra. E mais outra.

Já passavam das três da manhã e Jeon seguia jogando os bichinhos de algodão na parede da sala. Genevieve dormia pesadamente pela forte quantidade de remédios e nem sequer fazia menção de acordar.

Ele estava assim por conta dos pesadelos. Eles nunca iam embora. Seu pai continuava a gritar em seus ouvidos. Sua cicatriz nas costas arderam. Quando ele era pequeno, elas faziam um 360 no seu corpo, mas hoje em dia, só estavam em suas costas.

Isso o fazia lembrar que ele havia crescido. Não era mais um neném de três anos e não dependia mais de seu pai. Então, tremeu ao lembrar de sua mãe. Ela teria amado conhecer a neta. Ele, nem ao menos, tinha uma foto de sua mãe para mostrar a sua filha.

Por que viver era tão difícil?

Por que não teve forças para matar seu pai naquela noite?

Como estaria sua vida agora, se ele tivesse feito aquilo?

Seu corpo caiu no chão e ele escondeu o rosto entre as pernas, assustado. Tremia como nunca antes, mas jogar esses brinquedos bobos na parede era uma ótima terapia. Não machucaria ninguém e não fazia barulho na madrugada para atormentar os vizinhos.

— Papai? — perguntou, o fazendo levantar a cabeça e secar as lágrimas rapidamente. — Você está chorando?

— O que faz acordada, Vivi? — perguntou, sem forças para levantar e seu bebê não fez mais que se aproximar e abraçá-lo.

Jungkook se surpreendeu com isso. Não imaginava essa reação de sua filha, mas retribuiu o abraço, assustado. Se lembrou de quando Heather sempre o consolava, quando acordava de madrugada e tinha pesadelos.

Genevieve tinha muito de sua mãe.

— Você está assustado, papai? Eu fico com você — falou, ainda abraçada a ele e seu pai beijou sua cabeça.

— Por favor, Vivi... Não cresça nunca — pediu, mesmo sabendo que isso não aconteceria e encostou sua testa na de seu bebê. — Você é amada, me ouviu?

— Você também, papai. — Você também... Algo que ele não estava acostumado a ouvir. — Te amo muito, papai. Você é papai mais forte de todos os papais.

No dia seguinte, era o dia de compras. Ele, Amélia e Vivi foram ao mercado para comprar algumas coisas que faltavam para a casa. Genevieve como sempre pedia muitas coisas para comer e Jungkook deixava ela pegar a maioria delas. O que Amélia julgava, mas achava fofo o esforço que ele tinha em deixá-la feliz.

— Quer pegar um danone? Vai lá — pediu e ela correu até a geladeira.

— Jungkook? — Ele virou ao ouvir seu nome ser dito pela babá e ela segurou nas bochechas do homem, o olhando nos olhos. — Eu sei que você acha que não é um bom pai, mas acredite... é o melhor pai que eu já conheci.

— Eu não tenho tanta certeza disso, mas obrigado — agradeceu, sem graça e franziu a testa ao perceber a falta de alguém. — A geladeira é aqui do lado, Vivi não deveria estar demorando tanto — reclamou, deixando o carrinho de lado e indo até o corredor.

Sua cicatriz doeu.

Seu corpo tremeu.

Sua filha.

Sua bebê.

Conversando com...

— Sai de perto dela! — falou, firme, colocando o braço na frente de seu filhote, a protegendo com seu corpo e encarou a pessoa que nunca queria ver novamente. — Você não cansa?

— Eu não sabia que estaria aqui, só decidi vir pro mercado. Eu queria conhecê-la — retrucou, seu pai e ele empurrou Genevieve para trás de si, a escondendo completamente do monstro de sua infância.

— Você deveria estar preso.

— Consegui permissão pra sair nos finais de semana por bom comportamento.

— Você não teve um bom comportamento, quando estava na nossa casa. Você não teve um bom comportamento, quando bateu em mim. Você não teve um bom comportamento, quando matou a minha mãe. — A pose de seu pai a assustou e considerou o homem que conversava consigo uma ameaça e abraçou o corpo de Jeon mais novo com força. — Genevieve, vá ficar com Amélia. — A menininha concordou; apertando o danone e saiu correndo.

— O que há com a cabeça dela? Ela não tem cabelo.

— Isso não é da sua conta. Nada da minha vida é da sua conta. Você deveria morrer — respondeu e se sentiu com seis anos novamente, suas pernas tremeram, mas ele se recusou a demonstrar isso para o seu pai. — Estou cansado de você. Você está em todos os meus pesadelos e sabe disso. Sabe o que fez e continua me seguindo. Você matou a minha mãe, enquanto a chamava de puta e acha que agora pode... conhecer minha filha? Acha que tem esse direito?

— Eu sei que eu não tenho...

— Exatamente, você não tem. Perdeu esse direito, depois que decidiu que seria legal tratar a minha mãe como saco de pancadas. Perdeu esse direito, depois de nos proibir de tirar fotos. Minha filha nunca nem viu o rosto da vó e eu não consigo me lembrar direito do rosto dela. Você tirou tudo de mim e se acha que vai voltar e eu vou te receber de braços abertos? Não. Eu não vou. Continue me seguindo e vai voltar de onde veio — terminou sua ameaça e saiu andando, de volta para o seu bebê. — Você está bem? — perguntou, se ajoelhando na frente de sua filha e ela concordou.

— O que aconteceu? — perguntou, Amélia e Jeon negou com a cabeça, mas ela sabia que ele explicaria mais tarde.

Genevieve guardava os potes de sorvete no congelador, animadamente. A única coisa boa de sua quimioterapia eram os sorvetes que tomava. Jungkook agradeceu por ela já ter esquecido o que aconteceu no mercado.

Assim ele pensava.

— O que aconteceu? — perguntou, curiosa, assim que viu que a menininha estava distraída o suficiente no quarto.

— Meu pai estava no mercado. Ele disse que foi solto por bom comportamento. Por que ele continua aqui? Por que ele ainda está me seguindo? — Sua pergunta feita com tanto medo, amoleceu o coração de Amélia que abriu os braços e pediu, silenciosamente, que ele a abraçasse.

Quando ele fez isso, ficaram bons minutos em silêncio, até que ele conseguisse se soltar dela. Ele negou, assustado. Por que seu pai estava sempre na sua cola? Agora ele sabia como era a aparência de Genevieve. Isso a colocava em perigo também.

— Vou me mudar. Me mudar de casa de novo.

PAPAI, VOCÊ É O MELHOR! || JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora