Seja o meu Querer

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Aziraphale acorda e vê Crawley dormindo ao seu lado. Com a proximidade, notou como ele tinha longos cílios, sua boca era um pouco mais fina do que a dele, e seu nariz perfeitamente reto.

O anjo tinha uma visão privilegiada, já que seus rostos estavam bem próximos um do outro e o demônio nunca deixaria outro fazer algo assim.

– Sabe que consigo sentir você me olhando, né? – Crawley resmunga ainda com os olhos fechados. – O que foi? Acordou?

– Sim, mas não me importaria de dormir de novo.

– Ah sim. Entendo esse sentimento. – Crawley abre os olhos, sua primeira visão era o olhar celestial do anjo, o mesmo que ele tinha sempre que o fitava – Não sente calor de ficar tão perto? – Crawley o provoca e Aziraphale estranhamente sorri.

– Bom, sim. Sinto calor.


– Não é de- Ah, eu sempre esqueço que estou falando com um anjo que não mente. Só cala a boca e para de ser tão direto. – O demônio se senta e o anjo o imita.

O ruivo estava sentado com uma das pernas levantadas. Já o loiro estava sentado meio que ainda deitado com as mãos no chão para apoiá-lo. Eles estavam próximos demais, Crawley se perguntou se a casa sempre foi tão estreita quanto parece.

– Escuta, você por acaso fez um milagre para diminuir mais ainda a toca?

– Diminuir – você diz? – O anjo sorri. – Parece uma boa ideia.

– Não faça isso, você não me respondeu. – Aziraphale sempre foi esperto. Esperto demais. – Está fugindo da pergunta?

O anjo olha para o lado, meio envergonhado.

– ...Você é esquisito sabia disso?

– Sim, você já havia dito isso, que sou bizarro. – O anjo olha para baixo se sentindo magoado por alguma razão. – Depois disso me controlo para não mostrar mais de um par de olhos.


– Quando te chamei de bizarro? – Crawley tenta lembrar. – Ah! Merda, isso já faz mais de 600 anos, você ainda lembra? – O anjo abaixa os ombros. – Claro que lembra. – Crawley resmunga. – Por que não lembraria?

Crawley coloca a mão no rosto e suspira lembrando com quem está falando. Ele começa a se sentir culpado.

– Desculpe, vai. – O demônio olha novamente para o anjo, que o volta a olhar e a ficar animado como se fosse "simples assim". – Não te acho bizar- Bom, na verdade um pouco. – O demônio leva a mão para o cabelo do anjo sem perceber e acaricia os seus cachos. – Mas eu não odeio isso.

Aziraphale volta a sorrir, seu sorriso inocente faz o demônio desviar o olhar.

Quando o Crawley ia tirar a mão do cabelo do anjo, Aziraphale rapidamente fica mais ereto e agarra a mão de Crawley com as duas mãos, fazendo o anjo caído se assustar. O anjo abaixa o rosto e beija com ternura a mão do demônio.


"Tão carinhoso."

Pensou Crawley, deixando o anjo fazer o que quiser. O anjo leva a mão do demônio para mais perto da sua bochecha, enquanto a outra segura a mão do demônio. O anjo apreciou quando sentiu as costas da mão quente do demônio tocar sua bochecha.

"Eu te quero" Todo o corpo do anjo gritava isso, era algo que provavelmente ele não sabia nem entendia. Mas o demônio entendia bem.

"Eu te desejo". Os olhos fechados de Aziraphale se abrem dando um olhar afiado e semicerrado diretamente para Crawley.

"Eu te desejo".

Só o demônio notava aqueles sentimentos no ar ao redor deles. Para o anjo, era uma simples carícia que estava mais instintiva do que racional.

Good Omens - Obcecado por vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora