Seja minha Raiva

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"Quando o toque impuro tocar a vossa pureza, não importará mais quem de vós começou, os dois, terão de ser impuros"





– Temos que ir. – o demônio foi o primeiro a quebrar o silêncio.

– Crowley, você já pensou como isso é sem sentido? – O anjo olha para frente vendo o peito nu do demônio bem próximo ao seu rosto. Seu cheiro ainda era o mesmo, nunca mudou mesmo quando ainda era um anjo.

– Sobre o que?

– Isso de anjos e de demônios. Não acha uma coisa sem sentido? – O anjo não era tão puro, tinha seus momentos egoístas, então podia mesmo se considerar a representação do bem? Já Crowley era gentil e atencioso, ele era mesmo a representação do mal?

O anjo não conseguia ver o seu rosto.

– As coisas são o que são. – O anjo caído o responde e em seguida se levanta.

Como mágica, assim que o anjo olha para ele de novo, o demônio está vestido olhando para a janela.

– Temos que ir. – O demônio repete e o anjo apenas suspira.

– Aonde? – Aziraphale continuou deitado.

– Longe daqui o lugar não importa, logo o castelo vai virar uma base inimiga irlandesa... E lamento dizer, meu amigo, mas você tem cara de inglês. Então, vamos embora.

O anjo abre mais os olhos e finalmente ergue o corpo se sentando enquanto por magia se veste.

– Juntos?

– O que? – O demônio se assusta parando de olhar para a janela e olha o anjo. – Oh, não! – Crowley se aproxima do anjo – Não. – Ele repete e depois suspira vendo o anjo virar o rosto. – Escuta, Aziraphale, você sempre faz isso quando a gente se encontra, você já devia saber. – O demônio se ajoelha no chão ficando em frente ao anjo. – Eu não deveria ter que precisar te explicar. Você já sabe. Já fizemos isso milhares de vezes.... Escuta... Anjo...

A mão do demônio tenta pegar a mão de Aziraphale, mas Aziraphale a afasta antes. Pela primeira vez, ele rejeita Crowley.

Isso assustou o demônio.

– É sério, anjo? – Aziraphale apenas olhava para o lado. – Aziraphale!

– Eu já entendi. – O anjo fecha os olhos e volta a olhar para o Crowley. Ele olha especificamente para o pescoço do demônio, suas marcas ainda estavam lá, escondidas debaixo das madeixas escarlate. – Aqui. – O anjo estica sua mão, não em direção a do demônio, mas para perto do seu pescoço, o curando. O demônio não parava de encará-lo sério. – Eu já entendi, Crowley. Apenas vá. Eu vou em breve.

Um silêncio ensurdecedor tomou o recinto, o demônio não sabia o que falar e o anjo não tinha mais nada a dizer.

– Certo. – Crowley se levanta e vai até a porta. – Só não demore, ouviu? Pode acontecer de alguém aparecer e eu não estou falando de humanos.

– Sim. – O anjo dá um sorriso calmo ainda sentado na cama, olhando na direção contrária do demônio, sem o ver partir.

Não era diferente do que sempre foi. Nada mudou, não tinha razão para mudar.

– Ó, céus – Aziraphale suspira colocando a mão no pescoço e o esfregando, as marcas ainda estavam lá. Ele fecha os olhos e sente mais dor curando as carícias do que quando elas foram feitas. A presença demoníaca que estava em todo o seu corpo estava sendo purificada. Não dependia dele mudar algo, porém todas as vezes a pontada em seu coração se tornava tormenta com a despedida.

Good Omens - Obcecado por vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora