Prólogo - Sonhos cor-de-rosa

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{POV: Kim Minjeong}

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Para uma serva obediente como eu, a primeira neve do ano não é mais do que a continuação de uma vida monótona. O tempo passa de maneira previsível para alguém na minha posição, já que dedico cada minuto e segundo à minha senhorita.

Os pinheiros sinuosos, os flocos branquinhos planando pelo vento denso e uivante, as festividades familiares romantizadas e os aperitivos sazonais não possuem encanto algum quando sempre os vejo de longe, através das barras envidraçadas de uma janela. E não é como se eu não tivesse acesso a uma moradia, pois, para começar, eu não a possuo, mas estou trancada para o lado de dentro.

O que é meu, talvez, se restrinja apenas a esses pensamentos que não chegam ao outro lado das janelas onde divago, que não alcançam o que sai dos meus lábios. Assim como eu nunca alcançarei o topo da estrela que adorna o pinheiro, aquele que está do outro lado das janelas de minha vida, em uma prisão sem portas, enquanto o mundo está lá fora.

Vivendo sob um teto como uma serva, é simples presumir que nada ali é genuinamente meu. A janela, os aperitivos, as festividades, ou mesmo o caminho para a rua... Não pertenço a mim mesma, e a essa altura poderia ser março, julho ou dezembro, e eu saberia que meu mundo se restringiria apenas a uma existência servil patética, com vista panorâmica para tudo, mas sem ter nada.

Patética... Como esses devaneios inúteis.

Devo ter piscado algumas vezes antes de retornar a atenção ao livro em minhas mãos, me perguntando por quanto tempo havia encarado a janela. Sentada em uma cadeira de madeira, sem desalinhar a postura nem mesmo nos momentos em que estava absorta, lá estava eu em um dos cantos do quarto preenchido por detalhes femininos genéricos, sem voltar a ler uma única palavra antes de externar a conclusão que havia tido alguns momentos antes.

- A culpada... Provavelmente é a esposa do Conde - disse em voz alta assim que retornei à realidade. Pude sentir os olhos escuros naquele quarto alternando seu foco entre mim e a janela algumas vezes. Fiquei um pouco constrangida. Será que ela tinha a menor noção do que se passava em minha mente?

- Minjeong... - Karina lançou-me um olhar reprovador de relance. Ajeitou em suas mãos a outra unidade do livro, o qual também tinha uma cópia em mãos, e acomodou-se nas almofadas que a rodeavam na cama. Cuidadosamente, parecia guardar o que, eu acreditei ser, algumas anotações. - Eu ainda não li esse livro. Poderia não estragá-lo?

- Oh, me desculpe. Estou apenas especulando. - avancei mais uma página com o movimento de um dedo recém-levado à boca, sem me preocupar em parecer realmente apologética. - Tem 300 páginas e estou apenas na página 100.

- Suas especulações na maioria das vezes estão certas. - um dos cantos de seus lábios se elevou em um pequeno sorriso torto e provavelmente frustrado.

- Nem sempre posso estar certa. - mantive meu olhar fixo na página, sem me dar o trabalho de ler mais uma palavra naquele dia. Após um breve momento de silêncio, uma tosse escapou da minha garganta, e me levantei, fechando o livro sem marcar a página. - Hum... Eu não acho que seja um bom livro de mistério, senhorita. Você não deveria descansar, já que está doente?

- Tenho uma prova de história em breve e já faltei duas aulas. - ela passou os dedos pelos cabelos que caíam sobre seus ombros, soltando um suspiro antes de me olhar com o que, parecia, admiração brilhando em seus olhos. Mas talvez fosse apenas inveja. Ainda que eu duvidasse que isso fizesse sentido, não poderia subestimar a estupidez de Jimin. - Se ao menos eu pudesse saber as respostas sem estudar, como você... – Enquanto isso, me aproximei do móvel onde ela estava deitada. Antes que seu olhar queimasse sobre mim, toquei seu rosto, fazendo as costas da minha mão encontrarem sua testa, avaliando seu estado e constatando que ela permanecia do mesmo jeito.

Getting To Know Yu | WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora