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{POV: Kim Minjeong}
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤNo estreito corredor, meus ferimentos já não despertavam a mesma comoção, acredite. Fui pega desprevenida, uma vez mais, por um bando de criadas enfurecidas, prontas para me lançar suas reprimendas. No entanto, meus olhos apenas perambulavam por aquele momento, inertes, a dançar no ritmo frenético de minha respiração ofegante. O fedor de mofo e suor pairava no ar, mais uma das inúmeras atmosferas asfixiantes que permeavam minha tediosa rotina. Fui às rasteiras, jogada sobre o tapete empoeirado, cercada por esse grupo de repressoras indignadas, cujos olhares de desdém tentavam, sem sucesso, atravessar minha alma já fatigada.
Era irônico como, mesmo no meio daquela confusão, minha mente permanecia em branco, minha couraça insensível à direção que os acontecimentos tomavam, como sempre fora, aperfeiçoado ao longo dos anos. Aprimorei a forma como lidava com a dor e o desprezo com indiferença, imaginando que meu corpo calejado pela brutalidade fosse uma armadura quase impenetrável, protegendo minha mera existência. Enquanto meu lado emocional se escondia nas profundezas do meu ser, como se a realidade fosse apenas um déjà vu passageiro, mesmo que doloroso. No entanto, naquele momento, um leve tremor percorreu meu corpo, revelando algo que, por mais que tentasse ignorar, era difícil de conter: medo. Medo de ser gradualmente destruída pelas mãos cruéis daqueles que consideravam seu dever me punir? Você deve estar se perguntando. Não. Ao longo do tempo, poucas coisas se mantiveram como meus verdadeiros medos. Todos em núcleos emocionais específicos: A diretora Nam Saeri, cuja existência inescrupulosa se tornara tão vazia quanto eu mesmo, a ponto de se infiltrar em meu vazio; A falta que senti de minha mãe a todo instante; O medo de nunca decifrar meu pai, e partir deste mundo, sentindo-me injusta com ele ou até mesmo comigo mesma, por não ser capaz de odiá-lo, mesmo quando tanto desejei. E há ainda um medo adicional, talvez o pior deles. Ela. E aqueles dois orbes negros de perdição. Mas voltando ao presente... Ou seria passado?
- Como se atreve em roubar. Quem você pensa que é, escrava?! - uma das serviçais vociferou, enquanto mais uma presença se aproximava apressadamente, tentando romper o cerco malfeito que haviam formado ao meu redor.
- O que está acontecendo aqui?! - meu pai questionou, desesperado, tentando libertar-me daquela situação. Com a presença dele, ergui-me com uma determinação silenciosa. Talvez meu orgulho estivesse falando mais alto, mas não conseguia baixar a cabeça, não podia agir como uma cadela submissa, não quando ele estava ali.
- Minjeong roubou tecidos da sala de costura. Esse tipo de marginal é o que você criou, Doutor Kim? Vejo que é impossível disfarçar o sangue sanrit mesmo. - enquanto debatia-me para me levantar, o aperto em meu pulso se intensificava. No entanto, não consegui ficar calada diante do sorriso asqueroso que estampava o rosto dela. Com ou sem repreensão, aquelas colocações questionavam o papel desempenhado por meus pais, até mesmo a natureza do meu sangue.
- Eu não roubei! - disse, trincando os dentes e puxando meu braço com força das mãos dela. Encarei seus olhos, faíscas de ódio ardendo na tonalidade mais sombria possível dos meus próprios olhos gélidos. - Apenas peguei os retalhos que estavam jogados no chão! Seriam descartados de qualquer maneira!
E então, no instante seguinte, percebi que não me expressei da melhor forma, quando a sombra da mão da serviçal desceu com toda a força em direção ao meu rosto. Pela visão periférica, ao lado direito, via o receio evidente tomando conta do meu pai, que precisou interceder, se colocando entre nós. Naquele momento, senti-me patética.
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Getting To Know Yu | WinRina
FanfictionNesta realidade alternativa vitoriana, os remanescentes do povo Sanrit foram escravizados e torturados sem motivo além de seu nascimento. Kim Minjeong, uma dessas sobreviventes, cresceu como prisioneira no Ducado de Yu Leeteuk. Com seus cabelos loir...