{POV: Kim Minjeong}
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⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀Sentada em minha carteira, observava os delicados flocos de neve caindo lá fora pela janela embaçada. E lá estava ela, a senhorita Myoui, dando mais uma de suas aulas clássicas, uma tradição estranha que se repetia todos os anos. Era sempre a mesma coisa: uma atividade entediante de escrever poesias, uma solicitação que buscava explorar nossas vivências no ano que se encerrava, nossas aspirações para o próximo ano, a essência da época festiva ou até mesmo projetos em que estivéssemos trabalhando. Embora a proposta em si não exigisse habilidades extraordinárias, já que visava estimular a criatividade e o aprendizado, havia algo mais intrigante por trás dessas sessões.
Alguns anos atrás, enquanto limpava a sala após o sinal, o que era comum para alunas pré estipuladas nessa intuição, acabei encontrando algo peculiar. Poucos papéis haviam escapado da lixeira enquanto eu os colocava em um saco para o descarte adequado. E para minha surpresa, deparei-me com uma poesia que parecia se dirigir a mim. Reconheci imediatamente aquela caligrafia, não havia dúvidas de quem era a autora. Jimin havia dedicado seus versos a mim, mesmo que o resultado final tivesse ido parar no lixo. Mas o que mais me intrigava era o fato de que, todos os anos, ela participava da atividade, porém nunca entregava nada. Tudo o que escrevia parecia ter o destino de se misturar ao monte de papéis amassados destinados ao lixo. Embora eu não desse muita atenção a qualquer possível admiração que ela pudesse ter por mim, não conseguia evitar encará-la todas as vezes. Enquanto eu tentava imaginar o tipo de drama que ela estaria escrevendo, sempre me perguntava por que seus versos nunca achavam o caminho até mim, ou se eu ainda era o seu foco.
Não era segredo que Jimin tinha suas peculiaridades e, como sua serva, eu aprendi a não dar muita importância a essas excentricidades. No entanto, a cada ano, voltávamos ao mesmo ponto... aquele ponto. E enquanto a aula começava, em meio ao silêncio típico das produções textuais, não pude deixar de sentir o quão patético tudo aquilo parecia.
Karina, incontestavelmente, demonstrava coragem ao confrontar uma autoridade que tornava o meu dia-a-dia dentro daqueles muros mais difícil. Tinha suas provocações diárias para me constranger e transparecia seu... Interesse, aparentemente sem propósito em mim, culminando nos eventos absurdos mais recentes. Mas, entre tudo isso, ela não tinha coragem de simplesmente me mostrar o que criava como qualquer outra pessoa? E o que me inquietava ainda mais era o fato de que, desta vez, ela não estava ali. Eu seria a única pessoa a um dia reparar nisso, mas, como todos os outros, nunca compreender verdadeiramente o motivo. Parecia que, devido à sua resistência em se abrir, e principalmente, sua resistência em se tratar dessa doença, não haveria uma próxima vez. E, de alguma forma, isso acabou atrasando meu foco na atividade proposta. Ver seu lugar vago, sem a repetição do mesmo ritual tolo... E com a promessa de que nunca mais se repetiria. Isso realmente afetava o meu ego? Essa era a explicação mais lógica que conseguia encontrar para a importância que eu estava dando a essa situação. E enquanto eu pensava no que escreveria em minha própria atividade, meus olhos se fixaram naquela carteira. E então, ela simplesmente... apareceu. O uniforme que não vestia há cerca de dez dias ajustado perfeitamente em seu corpo, enquanto algumas alunas a cumprimentavam por seu retorno. Surpreendentemente, a professora parecia já saber que ela viria, sem questionar seu atraso. E eu a encarei, me perguntando por que ela estava ali e não em seus aposentos. Ela poderia pelo menos ter me dito que voltaria. Mas não recebi sequer um olhar dela, pois Jimin estava concentrada em sua escrita, como sempre, enquanto eu tentava imaginar que tipo de versos estaria compondo.
E enquanto eu começava a trabalhar, sem mais motivos aparentes para me distrair, percebia que a cada meio minuto quebrava minha própria concentração e a encarava. E assim a aula seguiu, até que a vi cuidadosamente guardando o papel debaixo da carteira e, em seguida, se levantar e sair, com a permissão da nossa professora. Aquilo despertou uma pulga atrás de minha orelha. Mas por mais curiosa que estivesse, não era do meu feitio ser intrusiva. Eu estava prestes a ignorar a situação, quando Uchinaga, que se sentava a minha frente, me cutucou, quebrando meus devaneios.
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Getting To Know Yu | WinRina
FanficNesta realidade alternativa vitoriana, os remanescentes do povo Sanrit foram escravizados e torturados sem motivo além de seu nascimento. Kim Minjeong, uma dessas sobreviventes, cresceu como prisioneira no Ducado de Yu Leeteuk. Com seus cabelos loir...