Capítulo 22

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            Roseanne Park

Fui de encontro a única pessoa que no momento, eu poderia procurar. Antigamente, seria minha mãe, mas como não posso contar a ela sobre tudo que anda acontecendo comigo ultimamente, outra pessoa, terá de servir.

Precisei comprar o porteiro para me deixar entrar. Era de tarde, mas somente pessoas com o cartão ou com o nome na lista poderiam entrar no prédio. Como eu não possuía nenhum dos dois, tive de dar uma boa "gorjeta" ao infeliz, que não pensou duas vezes. Pegou o dinheiro e já liberou a minha passagem, dizendo um "Boa tarde senhora."

Revirei os olhos estacionando o carro no subsolo e entrei no elevador apertando o número 7, o número do andar dele. Demorei apenas alguns minutos até chegar no andar desejado.

Esse era um dos melhores apartamentos de Seul.

Toquei a campainha e esperei, a porta foi aberta logo em seguida. Ele apareceu na porta vestindo aquela terno ridículo, e com o cabelo preto.

Ele me olhou surpreso.

— Park? O que você está fazendo aqui?

Precisei pensar um pouco nas palavras, mas no fim, apenas uma resumia toda a minha situação.

— Fiz merda.

*

Jongdae me olhava confuso enquanto bebia um gole do seu copo de cerveja.

— Espera, o seu pai tem uma filha, que não é filha dele, mas que ele fala ser filha, aí ele deixou a filha com você, mas não é sua irmã, mas no começo era, e que, na verdade, ela gosta de você, só que agora não, e vocês estão tendo um caso, mas ela é sua irmã, e ela entrou numa faculdade, mas você pensou que era mentira e bateu nela?

— Você tá ficando maluco merda? Não foi nada disso que eu disse! — Virei o copo todo na boca e comi algumas batatinhas que havíamos pedido.

Jongdae, meu primo, era o único que eu conseguiria conversar agora. E sem dúvidas, ele iria me ajudar.

Depois que saímos do seu apartamento, ele me levou até um barzinho que fica na esquina.

— Presta atenção que eu vou falar só mais uma vez. — Pedi ao garçom outro copo de cerveja. — Lisa não é filha do meu pai, é filha da mulher que mora com o meu pai. Ela nem de longe é minha irmã, e sim, estamos tendo um caso. — Fiz uma pausa para ela raciocinar direito. — E ela entrou na Seul Art's. A melhor universidade de artes cênicas da Coreia, e eu fui uma idiota imbecil que em vez de comemorar com ela, me expressei de uma forma horrível, e agora ela acha que eu penso nela como uma bobona que não presta para nada.

Chen suspirou e massageou as têmporas.

Ele era um primo legal. Me lembro de quando éramos pequenos e sempre brincávamos no quintal da mãe dela. Vivíamos brigando, mas naquela época, sempre estávamos juntos.

— Cada vez que você aparece na minha porta, é um problema pior que o outro, sabia? Da última vez, você tinha esquecido de onde estacionou seu carro e estava quase entrando em coma alcoólico, lembra?

Concordei com a cabeça e assim que o garçom se aproximou da mesa com outro copo cheio de cerveja, eu o virei de uma vez só, fazendo Jongdae arregalar os olhos e entregar o copo ao garçom.

— Fecha a conta por favor.

Tentei relutar e dizer que ainda não acabara, mas encher a cara não era a melhor solução.

— E o que você vai fazer para se desculpar?

Esse era o problema.

Lisa devia estar imaginando mil e uma formas de me matar.

Eu magoei ela e fiz ela se achar uma inútil e incompetente. Qualquer coisa que eu faça, não vai mudar o que eu já fiz.

— Eu não tenho a mínima ideia. Por isso vim até você, preciso que me ajude.

Jongdae não parava de suspirar. Ficou um tempo pensando e depois abriu a boca.

— Compre alguma coisa para ela. Ela não vai entrar na faculdade? Compra algumas coisas que ela possa usar. E claro, se ajoelhe e implore o perdão dela porque eu aposto que nem pintada de ouro, ela deve te desculpar.

Revirei os olhos mexendo no bolso tentando pegar meu celular, porém, eu o deixei em casa. Eu nem de sapato estava, onde minha dignidade foi parar?

— Você acha que ela vai me desculpar se eu fizer isso?

— Tenho quase certeza que sim. Ela me parece sem bem carente, qualquer bobeirinha vai amolecer o coração dela. — Jongdae se levantou ajeitando seu paletó e tirou a carteira do bolso deixando algumas notas em cima da mesa. — Só não fica vacilando com ela, pelo que você falou, está caidinha por ela, se você continuar desse jeito, vai acabar perdendo-a.

Aquilo me doeu.

Porém, eu sei que é a verdade.

— Obrigada, Jongdae. — Apertei sua mão me despedindo. — Espero que algum dia eu possa te pagar por todos os concelhos.

Ele sorriu e bagunçou meus cabelos.

Sempre querendo implicar.

— Não se preocupe com isso, prima, quem sabe algum dia, eu quem bata na sua porta pedindo algum conselho.

Nós despedimos mais uma vez e ele me acompanhou até o subsolo do prédio para pegar meu carro. O alertei sobre o porteiro e ele zombou, dizendo que era assim que suas "namoradas" entravam e saiam sem ninguém perceber.

Dei partida e me apressei em chegar a loja o mais rápido que pudesse. Precisava comprar um sapato, meus dedos já doíam. A loja mais próxima estava apenas 2 km. Por graças, eu sempre deixava um cartão extra no carro para alguma emergência.

Dirigi com cuidado, mas com pressa. Qualquer tempo era precioso. Precisava me reconciliar com Lisa o mais rápido possível. Antes que ela faça alguma coisa ruim, como talvez, não sei, ir embora?

A loja era enorme e eu tive um pouco de dificuldade em encontrar algum material escolar.

Ela precisaria de telas não é? Telas brancas? De qual tamanho?

Existem várias.

A minha frente, tem um armário com inúmeros tamanhos.

Qual deve ser o seu preferido? O tamanho A3?

— Com licença? Pode me arranjar um de cada por favor? — Chamei a atenção da atendente mais próxima. Ela me olhou sorrindo de orelha a orelha, tenho certeza que sua gorjeta será muito boa. — Eu preciso de lápis de cor também, e pincéis, tem pincéis? Eu acredito que tinta também seria bom.

— A senhora vai levar tudo isso?

— Sim. O mais rápido, por favor. — Ela saiu correndo atrás de tudo que pedi enquanto eu olhava alguns materiais.

Uma mochila seria necessário. Escolhi a melhor, e mais cara, com a mais alta qualidade. Junto com os demais produtos.

Não daria qualquer merda para minha garota.

Não tenho certeza se isso vai consertar as coisas.

Lisa não é fácil de ser comprada. Preciso de muito mais esforço.

Encontrei a seção de filmes e peguei praticamente a metade. Todos de gatinhos, e bichinhos. Encontrei alguns doces também. Me lembro dela ter me pedido algumas vezes eu sempre ter dito que era prejudicial à saúde e nunca ter comprado.

Eu vou comprar agora. Vou comprar tudo que ela quiser.

Eu sei que isso não vai dar certo e que eu vou ter que fazer muito mais coisa. Mas eu estou disposta a tudo isso, estou disposta a consertar meus erros.

Eu já errei muito com as pessoas e já fiz elas sofrerem, mas não vai acontecer o mesmo com Lisa. Eu não vou errar com ela, não de novo.

Yes, mommy | chaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora