Capítulo 48

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             Lalisa Manoban

Já se faziam meses que Rosé estava no mesmo estado. Para ser mais exato, 5 meses.

5 meses atrás, ela foi agredida violentamente pelo nosso pai, que agora, está preso. A pancada em sua cabeça foi tão forte, que causou alguns problemas. Eu não sei ao certo, eu não entendi muito bem. Mas ela podia estar morta. Na verdade, era para Park não levantar daquela cama nunca mais. O médico disse que ela foi sortuda, extremamente sortuda, e que as chances dela acordar, são muito altas.

Todos os dias, minha mãe, e a mãe dela, vem visitá-la. Às vezes, uma não pode, mas a outra sempre vem, trazem comida, roupas, e exercitam o corpo de Park mesmo a enfermeira fazendo isso diariamente. A mãe de Rosé, sempre chora quando vê a filha, se arrepende de quando a viu pela última vez, elas tiveram uma briga muito feia e ela disse coisas horríveis para a filha. Jisoo, Jackson e jennie, sempre tentam vir quando podem, os três estão cuidando dos detalhes da empresa. Até Tzuyu veio visitar Park uma vez. E eu vivo no hospital. Tranquei minha faculdade, mas continuo com minhas telas. Tenho pintado Park todos os dias, ou algo relacionado a ela. Mando meus trabalhos para os avaliadores e ainda consigo ganhar meus méritos, e algumas notas no trimestre.

Meu peito dói. Todos os dias. Sempre tenho a esperança de que ela vai acordar agora, neste momento, mas seu corpo continua do mesmo jeito, no mesmo estado. Parado, imerso, e sem reação alguma. Sem nem ao menos um sinal de alguma melhora.

Me lembro, de quando a encontrei aquele dia. Minha mãe me ligou e eu demorei algum tempo para acreditar. Quando a ficha caiu, eu tentei chegar o mais rápido que podia. A ambulância e os carros de polícias já estavam lá. Park estava sendo retirada da casa quando eu desci do carro. E a única sensação que eu consegui sentir, era de desespero, de aflição, medo, medo de perder a mulher que amo. Por sorte, foram rápidos, e conseguiram chegar ao hospital com ela ainda viva. Park foi muito guerreira. Suportou tudo.

Meu pai, não é o mesmo para mim. Depois do que ele fez com ela, eu não quero olhar em seu rosto nunca mais.

Rosé irá acordar. Eu sei que vai. Pode demorar mais algum tempo, mas ela vai acordar. E quando ela acordar eu estarei de braços abertos para nunca mais solta-la.

5 meses foram o suficiente para perceber, que eu não posso viver longe dela. Eu simplesmente não posso. Park é a mulher que eu amo, e a mulher que eu nunca deixarei de amar. Eu não vejo a hora de ouvir sua risada novamente. Até seus xingamentos e seu jeito estressado estão me fazendo falta. Se eu pudesse, eu não me importaria de tê-la me xingando todos os dias, apenas para vê-la acordada.

Decidi, que assim que ela acordar, não perderei tempo algum. Espero que ela ainda esteja disposta a tentar novamente. Pois, tenho certeza, que dessa vez, tudo será diferente.

— Nenhuma resposta Sra. Manoban? — O médico adentrou o quarto me tirando de meus pensamentos. Dei um suspiro cansado e neguei com a cabeça. Nenhum avanço, ainda. - Ela não fez nenhum movimento? Não mexeu a ponta dos dedos?

Sr.Byun é extremamente cuidadoso com Park. Um dos melhores neurologistas do país. E pai de Baekhyun. Baekhyun conseguiu convencer o pai a nós ajudar com Rosé.

Ele media a pulsação dela cuidadosamente. Nunca com movimentos bruscos e sempre me dava dicas de como reagir quando quero me aproximar ou toca-la.

— Ela já devia ter acordado?

— No estado que ela chegou, ela não deveria acordar pelos próximos anos Sra. Manoban, então seja paciente, ela vai acordar um dia.

Um dia.

Concordei com a cabeça observando o belíssimo rosto da mulher na cama. Tão bela. Até mesmo nesse estado. Como alguém consegue ser tão bela assim? Que maldição.

— Qualquer avanço, me chame.

— Obrigada, Doutor.

Esperei que a porta fosse fechada para me aproximar de Park. Lentamente, como fui recomendado.

Deitei ao seu lado com o máximo de atenção possível e tentei não me mover abruptamente. Isso poderia afetar algo nela.

Afaguei seus cabelos lentamente. Minha mãe ajudava a cuidar dela. Sempre penteava seus cabelos, e os deixavam macios e cheirosos. Era como se Rosé estivesse apenas dormindo agora, pela noite, e de dia, acordasse apenas para ser arrumada.

Ela sempre foi vaidosa. Nunca saia da moda e sempre tinha as últimas peças da coleção mais cara. Nunca usava a mesma roupa por tanto tempo, e sempre queria sapatos novos. Lembro de quando ela me comprou inúmeras telas, de vários tamanhos, para se desculpar por ter me magoado. Eu não queria perdoar ela naquele dia, mas tudo que ela me falou, foi de amolecer meu coração. E depois ela me magoou mais uma vez, outra, e outra. Ela sempre pedia desculpas e eu sei que é o jeito dela. Eu sinto falta daquela época, mas quando ela acordar, tudo será diferente tudo será melhor. Seremos um casal quase igual aos outros e não haverá tanto choro igual à última vez.

— Eu quero tanto que você acorde, meu amor. — Meus dedos se afundaram entre seus fios sedosos. — Eu preciso de você, Rosé. Eu não posso ficar sozinha aqui. Eu amo tanto você que eu não consigo explicar o quanto meu peito dói por te ver assim e não fazer nada.

Deixei que algumas lágrimas escorressem por minha face. Eu queria ficar o resto da noite deitado ao seu lado dizendo meus sentimentos. Mas fui interrompido por uma batida na porta.

Quase xinguei um palavrão em voz alto enquanto me levantava da cama. Ajeitei Park cuidadosamente e abri a porta.

Era uma enfermeira. Elas sempre veem aqui para verificar tudo e checar Rosé.

— Boa noite, Sra. Manoban! Como está hoje? — Dei um breve sorriso enquanto me sentava na poltrona ao lado de minhas telas. Eu queria ter outra inspiração além de Rosé. Sempre pinto ela e seus detalhes. — A senhora Park não teve nenhum movimento hoje?

Todos perguntam isso, todos os dias. "Ela não se mexeu?" "Ela não acordou?" "Como ela está?". Como se eu soubesse responder essas perguntas melhor do que qualquer profissional na área.

— Não, nem hoje, nem ontem, e provável que amanhã também seja a mesma coisa. Ela vai acordar, mas não será por esses dias, entende? O corpo dela precisa descansar! Deixe ela descansar!

A enfermeira me olhou um pouco assustada e continuou com seu check-up. Depois de um tempo, me olhou.

— A senhora deveria beber uma água, ou um café.

Eu precisava sair um pouco daquele quarto. Não por conta da Park. Mas a sala era sufocante. Tudo branco. Era muito branco. Quando Rosé acordar, ela vai odiar aquele lugar com todas as suas forças.

Acabei concordando e sai da sala. A máquina de café ficava no andar debaixo. Era preciso pegar o elevador, mas quis ir pela escada. Assim eu não iria precisar voltar tão cedo.

Eu não sei ao certo o que sinto em relação ao meu pai. Tenho a sensação de ter sido enganado. E de certa forma, me sinto culpada. Se eu tivesse ficado de olho em Rosé naquela noite, nada disso teria acontecido. Ela estaria bem, acordada, e provavelmente estaríamos juntas. Tanta coisa estaria mudada se aquele dia, eu tivesse ido até seu quarto.

Mas fui tola, e tive medo da reação dela. Nem sequer me arrisquei a pegar um quarto próximo ao seu.

Suspirei cansada enquanto me aproximava da máquina. Me pedi um café forte, sem açúcar. Preciso ficar acordada a noite toda. Preciso observar cada movimento dela. Ela está longe de acordar, mas ainda tenho esperanças.

Pelo caminho de volta, senti uma sensação estranha no peito. Dei mais uma golada no café e cumprimentei alguns pacientes e funcionários que estavam no corredor.

Minha mão tremeu um pouco quando coloquei-a sobre a maçaneta. O que estava acontecendo?

Ignorei essa sensação e assim que entrei no quarto, o copo café caiu de minha mão, sujando o chão branco.

— Sra.Manoban! Veja! Ela acordou! — A enfermeira ajudava Park a mexer os ombros e os braços. Meu coração parecia querer rasgar meu peito e sair para fora.

— E-ela está, como? — Me aproximei lentamente, pronta para abraça-la, contudo, suas expressões ao me ver, me fizeram recuar. Ela estava confusa, me olhou de forma estranha e fez pouco caso. O que estava acontecendo?

— Q-Quem é essa?

Yes, mommy | chaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora