Capítulo 16

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Roseanne Park

Eu só fui parar de chorar quando meus olhos doeram. Lisa não me largou nem por um segundo e enquanto acariciava meus cabelos encharcados, ela dizia coisas bonitas no meu ouvido.

"Não precisa chorar, eu estou aqui"

"Está tudo bem Unnie, eu vou cuidar de você."

Eu não sabia ao certo o que estava acontecendo comigo em relação a Lisa. Além de minha mãe, ninguém tinha conseguido me fazer chorar tão facilmente. Ainda não tenho certeza o que me levou a fazer isso.

Foi realmente o medo de perdê-la? Para a morte ou para outra mulher?

Eu estava mesmo me apaixonando por ela?

Não tivemos nem mesmo tempo para isso, foram apenas algumas semanas.

Apesar, que dizem, que o amor é rápido e totalmente inesperado.

Mas eu não conheço isso, e não faço questão de conhecer.

Finalmente, deixei meu sentimentalismo de lado e agi com a razão. A empurrei com força, fazendo-a errar os pés e se segurar para não cair.

— Não preciso da sua pena. — Bufei puxando o vestido tentando descolá-lo do meu corpo, e comecei a passar as mãos em meus braços para tirar a água salgada e a areia nojenta. Eu precisava urgentemente de um bom e demorado banho. — E se não quiser ir embora apê, é melhor me seguir.

Voltei a caminhar com passos firmes enquanto passava a palma da mão para tirar a areia do rosto.

— Para de ser maluca! - Lalisa entrou na minha frente com o rosto irritado. — Você só pode ter algum tipo de problema! Eu não estou com pena de você, só quero te ajudar!

Precisei respirar fundo algumas vezes e fechar os olhos. Ela me tratou com ignorância e extrema falta de respeito. Eu ainda sou mais velha que ela e estou lhe abrigando em minha casa. Pelo menos respeito, ela é obrigada a me dar.

— Eu vou acabar batendo na sua cara! — Apertei os punhos enquanto me segurava o máximo que conseguia para realmente não esbofetear seu belíssimo rosto escultural.

Ela engoliu em seco enquanto passava as mãos na barriga, provavelmente estava com fome, já que ela não parava de comer. E depois de entrar naquela água, e provável que tenha pegado um verme.

— Vamos embora logo, Kina deve ter preparado um almoço delicioso.

— Não! Vamos comer lá! — Segui com o olhar a direção que seus dedos estavam apontando. Era um restaurante de carne com a aparência não muito boa, do outro lado da rua.

Ela não pensa mesmo né?

Eu não consegui negar, quando ela percebeu que iria reclamar e continuar em direção até o carro ela pegou em minha mão a apertando com um pouquinho de força, nada que me machucasse e correu entre os carros parados no sinal, me puxando junto dela. Eu tentei puxar minha mão de volta ou tentar pará-la, mas obviamente, eu não tinha forças nenhuma comparada a ela.

— Está vendo? Está vazio! — Por dentro, até que o local não era tão horrendo assim. As mesinhas eram grandes e os banquinhos eram baixos. A decoração era antiga e estranha, mas os funcionários pareciam bem interessantes. Principalmente a mulher do caixa. Cabelos escuros, e o rosto bem definido. — O que você está olhando?

Acabei sobressaltando no lugar quando a grave voz de Lisa soou atrás de mim.

Gaguejei tentando arranjar uma explicação, mas nem precisei de tal esforço. Uma senhorinha de cabelos grisalhos se aproximou de nós com um gentil sorriso no rosto.

— Bem vindos belo casal, desejam uma mesa?

— Não somos um casal. E sim, queremos uma mesa. — Ela pareceu confusa, quando disse que não éramos um casal, já que estávamos de mão dadas, mas eu logo tratei de soltá-las.

Ficamos numa mesinha no canto e afastada da entrada.

— Porque você ainda não vestiu sua roupa?

Lisa revirou os olhos enquanto colocava a muda de roupas ao seu lado. Ela percebeu que estava coberta de areia e me olhou furiosa. Até pensei que pularia no meu pescoço.

— Fez isso com minhas roupas? — Ela continuava com a mesma expressão e eu, me segurava para não rir. Concordei com a cabeça pegando meu celular e fingindo prestar atenção em algo importante. — Por quê?

— Talvez, seja porque você me fez entrar naquela água de carniça, e ainda estava de papinho com outra mulher, sem nem se importar comigo.

Pareceu dramático demais? Droga.

— Você estava com ciúmes, Unnie?

— Não seja imbecil! Eu não sinto ciúmes de você. Só julgo que enquanto estiver perto de mim, deve ter no mínimo, um pouco de respeito.

Eu sinto sim, um pouco de ciúmes dela. Mas bem pouco.

Lisa sorriu largamente enquanto batia as mãos umas nas outras.

— Estou feliz Unnie! Você me ama!

Que merda! Essa garota estava me tratando. Vindo com esse papo de amar.

Eu não amo mulher ninguém, nem do mesmo sexo e muito menos do sexo oposto. Apenas minha mãe. Ela é a única, que eu sempre vou amar.

— Pare de falar merda e peça logo sua comida. — Peguei o cardápio e escolhi qualquer coisa. Só queria ir embora. Meu vestido me irritava e parecia não secar nunca. E meu cabelo? Mal se fala! Eu vou gastar muito dinheiro tentando arrumar todos os danos que a água causou.

— Vamos ao parque depois, Unnie?

— Não. Iremos para casa.

Larguei o celular de lado e voltei a olhar para a garota do caixa, que consequentemente, me olhou de volta, e eu acabei sorrindo.

Estou sendo antiética? Eu acabei de reclamar do que Lisa fez, com a mulher na praia, e agora, estou aqui, fazendo o mesmo.

Ah... Eu não sou ela. Não preciso lhe dar qualquer tipo de explicação. Não somos nada, certo?

— O que tanto você olha para lá? — Lisa estava visualmente irritada. — Gostou dela?

Até que, ela não era boba. Esse tempo comigo a fez ficar mais esperta não? Agora, ela consegue perceber as coisas com muita facilidade.

— Atraente, eu confesso. — Sorri a provocando e fiz questão de continuar encarando a jovem. Que agora, não fazia nada além de me encarar também.

— Eu não quero que você olhe para lá! Você tem que olhar para mim! Para mim! — Lisa deu a volta na mesa, que antes, estava sentada a minha frente, e agora, veio se sentar do meu lado. — Você não me acha bonita, Unnie?

Ela estava próximo demais. Podia sentir sua respiração, calma, batendo contra minhas bochechas.

Eu já disse diversas vezes que a acho incrivelmente bonita, e atraente. Mas ela não merecia saber.

— Você é apresentável, Lalisa.

— Só isso? — Mais perto. Muito perto. Agora sim, minha respiração estava acelerada. E eu queria a empurrar para bem longe, mas não conseguia. Em vez disso, abaixei meu olhar para sua boca. Sua tentadora e vermelhinha boca.

Seu olhar seguiu o meu e ela também olhou para minha boca, e logo em seguida, umedeceu os lábios.

Seria errado beijá-la agora?

Se for, eu vou continuar errando.

Ataquei seus lábios com ferocidade e desejo. Lisa se inclinou um pouco para trás e agarrou minha cintura com as duas mãos, colocando nossos corpos molhados, facilitando o contato. Dessa vez, sua língua que invadiu minha boca, com suavidade.

Era um beijo bom, e eu estava totalmente entregue aos seus encantos. Seus dedos, agora faziam carinho em minha cintura, me causando ondas de calafrios da ponta dos pés até meu último fio de cabelo.

Droga.

Agora eu tenho a maldita certeza.

Estou apaixonada.

Yes, mommy | chaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora