Há duzentos anos atrás, duas das almas mais poderosas do reino mágico foram aniquiladas pela deusa criadora e condenadas a nunca retornarem por representarem uma ameaça ao mundo da magia. Entretanto, no ano de 1999, por um erro de percurso, foram re...
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Mansão do Clã Choi. Localização: Seoul.
O dia de Yeonjun não poderia ficar pior.
Entrou no próprio quarto fervendo de raiva. Puxou os cabelos queimados do sol para longe dos olhos escarlates, sentindo que poderia derrubar a casa inteira naquele instante.
A energia que fluía em suas veias parecia quase incontrolável, deixando-o ainda mais afoito com a situação. Odiava sentir-se fora de controle.
Não via a hora de voltar para a Sword Academy e se ver longe de sua mãe. A amava com tudo que havia em si, mas odiava quando agia como a matriarca da família porque sempre teria que escutar o mesmo discurso incansável sobre legado e parceiras de famílias influentes para fortalecer o clã.
— Choi Yeonjun! — Jieun falou, adentrando o quarto como um furacão. — Não me dê as costas desse jeito!
— Não vamos ter essa conversa de novo, mãe — avisou em tom surpreendentemente calmo, respirando fundo.
Às vezes, odiava como ser um híbrido aguçava seus sentidos. Quase conseguia sentir a raiva de sua mãe nas pontas dos dedos e o deixava ainda mais irritadiço. Era como uma bomba relógio prestes a explodir.
Ela chamava aquilo de dom, mas, em momentos como aquele, Yeonjun via como uma maldição.
— Não entendo como consegue se esforçar tanto para não dar a mínima para o seu legado! — disse em exasperação, gesticulando com as mãos. — Como pretende fortalecer o clã Choi pensando desse jeito?
— Não vou fortalecer clã nenhum tão cedo, achei que já tinha deixado muito claro na nossa última conversa sobre isso — falou, tentando achar qualquer roupa decente no closet espaçoso.
Precisava sair de casa antes que a discussão fosse longe demais. As emoções dela estavam o afetando mais rápido do que deveria e conseguia se sentir prestes a perder o controle.
— É o seu dever! — retrucou.
— Meu dever? — indagou cinicamente, observando-a antes de rir. — Meu único dever é proteger o clã, e foi exatamente o que fiz quando fomos atacados pelos caçadores dois meses atrás — lembrou, chiando as palavras. — A única coisa que tenho que fazer é voltar para a Sword Academy e me formar com honras para não te envergonhar. Quero que se foda a porra do legado — disse entredentes.
— Como é? — o tom ofendido o levou ao limite.
Entre todas as vezes que tinham aquela mesma conversa, Yeonjun nunca se sentiu tão exausto. Jieun sequer se preocupava com seu bem estar nesses momentos e seus sentimentos viraram uma bagunça perigosa.
— Nunca se importou, mãe! — falou, negando. — Nunca me perguntou o que eu quero ou até mesmo o que sou. Sempre me pressiona com essa história de legado. Caso ainda não tenha percebido, não dou a mínima.
