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O vento assobiava e soprava seus cabelos com hostilidade, os fios cada vez mais emaranhados e entrelaçados em um penteado desengonçado, pequenos fios faziam cócegas em sua pele sensível e bloqueavam, parcialmente, sua visão. Eram sopros gelados, que deixavam seus pés e mãos cada vez mais gelados e ressecados, quase roxos. Sem poder mover a ponta dos seus dedos. Procurava por Madara em frente ao consultório da advocacia que trabalhava, ele sempre estaria parado em seu carro preto e te esperando, mas hoje, agora, não o via. Andava pelas ruas durante dez minutos a sua procura, e sua imunidade não resistia suficientemente no frio congelante.
Quando voltou para dentro, sentiu o alívio do conforto quente e sem ventos. Pegou o celular, levemente irritada, digitando mais lento que uma tartaruga para Madara.
"Onde você está?"
A mensagem, sequer, foi lida e começou a te irritar pela friasca que fazia. Em frente ao consultório, avistou uma cafeteria e no mesmo instante imaginou um chocolate quente derramado em sua língua, esquentando sua garganta dolorida e gelada. Enfrentou os ventos agressivos e o frio tenebroso até chegar na loja com seus fios emaranhados, que foram, imediatamente, ajeitados depois.
Enquanto esperava sua vez na fila, se questionava pelo qual motivo deveria ter dependido de Madara para te trazer e buscar todos os dias no trabalho, talvez seus hormônios estivessem bagunçados de irritação. Suspirou e em um piscar, era sua vez. Sentada em sua mesa, ainda frustrada pela falta de resposta do moreno, não queria incomodar os outros, e então se segurou. Poderia chamar um uber, contudo sempre cancelavam na conturbada cidade de Tokyo.
O primeiro gole relaxou sua garganta e teve a capacidade de esquentar seu corpo, exceto suas mãos e pés roxos que eram quase imóveis. Passou algum tempo, adiantando sua leitura de seu livro que tanto estava gostando, enquanto comia. Ora ou outra, espirrava, e não sentiu um bom pressentimento sobre isso. Após uma hora, seu celular tocava, e notou que havia silenciado e quinze chamadas perdidas de Madara. Tensionou os cenhos e atendeu a chamada. Antes que desse o primeiro cumprimento, Madara a interrompeu.
"Estou aqui fora. Venha logo." Era uma voz que carregava culpa, mas sem querer demonstrar. Quando avisou, desligou no mesmo instante. Bufou e guardou seu livro, depois jogando o resto das embalagens no lixo. Suas orbes pousaram na Benz AMG GT parada mais distante do que costumava.
Abriu a porta e se deparou com Madara com os olhos culpados e franzidos, tentando se desculpar pelo olhar.
"Eu me atrasei por causa do Indra. Me perdoa. " Ele murmurava sério com um olhar de cenhos franzidos, bravo e ao mesmo tempo culpado.
"Bastava ter me avisado, Madara." Ele virou seu rosto com sua mão grande e acariciou sua bochecha com o polegar, sentindo sua pele fria, trazendo ambos cada vez mais perto.
