𝐁𝐈𝐓𝐄𝐋𝐋𝐎, ᴅɪɴᴀᴍᴏ

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S / N SACRAMENTO

O relógio marcava quatro horas da tarde e a praça estava começando a ficar mais cheia.

Eu gostava de observar as pessoas sendo humanas das formas mais bobas possíveis. Crianças corriam, pediam balões de desenhos animados de seus pais, soverte ou outras guloseimas que estavam sendo vendidas. A zoada das pessoas na praça eram abafadas pelos headfones que estavam em meus ouvidos emitindo música.

O vento que varreu a praça era um pouco gélido e ao mesmo tempo caloroso, trazendo o aroma das Jasmins que estavam expostas na floricultura, ao lado da cafeteria ao qual eu estava. O cheiro forte de café puro era característico do lugar, mas não era nada enjoativo.

Enquanto meu café não chegava, eu me distraia escutando música e desenhando no caderno da capa de couro. Observei os arredores do café, as mesas estavam todas cheias de pessoas, rindo e conversando animadas, enquanto eu estava sozinha e olhei para frente, vendo apenas uma cadeira vazia, a minha mesa parecia mais afastada das demais. Fechei meus olhos e suspirei, inspirando e expirando o ar dos meus pulmões.

Mas meu momento de paz se foi assim que senti um toque em meu braço. Abri os olhos e retirei o fone de meus ouvidos, corrigindo minha postura na cadeira.

— Perdão, não queria assustar você. – Um rapaz disse, parado ao meu lado. –

Observei sua fisionomia. Seu rosto era fino, mas seus olhos e sorriso tímido eram lindos. Mesmo que estivessem escondidos pelo capuz de seu casaco, os cabelos encaracolados tinham luzes, o que o deixava mais atraente. Olhando todo o seu físico, ele era perfeitamente lindo.

— Não, tudo bem. – Devolvi o sorriso tímido. –

— Eu espero não estar incomodando, é que as outras mesas estavam ocupadas e você tava sozinha, aí eu pensei: "porque não juntar o útil ao agradável?" e me sentar aqui com você. – Ele disse coçando a nuca, nervoso. — Ao menos que você já esteja com alguém ou queria ficar sozinha, não quero incomodar e nem nada...

Ele ia continuar falando, mas eu interrompi:

— Não tem problema, pode se sentar, eu estou sozinha. – Sorri mais amplamente e vi que ele ficou menos nervoso, e sorriu também. –

— Tá bom, muito obrigado e desculpa incomodar.

— Não precisa se desculpar. – Esclareci. –

— Tudo bem, essa já é a segunda cafeteria que eu vejo que tá cheia. Eu só queria tomar um café. – Ele se sentou, fazendo uma careta. Seus olhos ficaram ainda mais bonitos com a luz alaranjada do pôr do sol em seu rosto. –

— Sim?! É segunda-feira, eu sempre venho nessa cafeteria e nunca vi ela tão cheia quanto hoje! – afirmei, fechando meu caderno. –

— Já que você sempre vem aqui, poderia me indicar o que comer, são muitas opções. – Ele disse olhando o cardápio. –

— Hum, deixa eu pensar... – ele olhou em meus olhos, encarando-me esperando minha resposta. Mas eu não consegui dizer nada, pois me distrai nele. — É- é, eu gosto do sanduiche integral completo e café da casa.

Respondi um pouco nervosa por ter passado mais tempo o admirando do que pensando em uma resposta. Ele sorriu e deixou o cardápio sobre a mesa.

— Vou confiar na sua sugestão... – ele umedeceu os lábios com a língua e eu acompanhei cada movimento seu com os olhos. — Percebi que eu não perguntei teu nome.

— Meu nome é S / N. – Sorri e o rapaz sorriu ladino. –

— S / N ... interessante...

— E aí? – perguntei. –

𝐅𝐞𝐛𝐫𝐞𝟗𝟎'𝐬 ―― 𝐈𝐦𝐚𝐠𝐢𝐧𝐞 𝐀𝐭𝐡𝐥𝐞𝐭𝐞𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora