𝐌𝐀𝐓𝐇𝐄𝐔𝐒 𝐀𝐑𝐀𝐔𝐉𝐎, ᴄᴏʀɪɴᴛʜɪᴀɴs

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NARRADOR

Na saída de Lazaro do Corinthians, os torcedores alvinegros sentiram esperança nas mudanças técnicas. Todos sentiam que algo novo estava a chegar, como uma onda de boas notícias.

Isso aconteceu até a anunciação da chegada de Vanderlei Luxemburgo. É claro que nem todos se agradaram com a notícia, outros permaneceram neutros, apenas esperando os resultados do trabalho, nem criticando e nem torcendo 100%.

Mas nem tudo são maravilhas. Logo na primeira semana de trabalho, polemicas envolvendo o auxiliar técnico de Vanderlei surgiram. Boatos de que ele criticava o time pelas costas e não escondia seu desagrado em estar ali começaram a se espalhar, a torcida não ficou nenhum pouco feliz com isso, e nem os jogadores. É claro que eles não deixariam barato.

Os torcedores começaram a protestar contra a permanência do auxiliar. A pressão caiu sobre a diretoria e a equipe técnica, o clima do CT se tornara insuportável, como uma sala poluída por fumaça.

Vanderlei se preocupava com o bem estar de seus jogadores acima de tudo, mas estava inseguro sobre o que fazer em relação ao seu auxiliar, até que um nome brilhou em sua mente:

S / N Santos.

A baiana de vinte e seis anos, iniciando sua carreira como auxiliar técnica na base sub-13 do Bahia, havia sido apresentada ao carioca por um amigo de longa data. Sem muitas opções, se prontificou a contata-la.

Era uma proposta tentadora e S / N estava longe de negar.

Uma pessoa determinada como ela nunca iria recusar, mesmo que parecesse loucura e as chances de dar errado fossem enormes. Mas entre errar e desistir, S / N preferiria errar.

Sua chegada foi repudiada pelos torcedores. Onde que o Vanderlei estava com a cabeça em chamar uma pessoa completamente inexperiente para comandar quase comandar um time? Ele só podia estar maluco, e ainda mais sendo uma mulher.

A decisão de Vanderlei dividiu opiniões, mas com certeza todos estavam com medo de uma mulher no comando técnico de um time masculino.

Nos primeiros dias, S / N foi recepcionada com um grande acolhimento, mas uma estranheza também acompanhava, até porque não é toda vez que você vê uma mulher assumir um cargo importante assim num time.

A adaptação à pressão alvinegra era quase que inaparente. Não existia tempo para respirar ou pensar, os torcedores queriam o resultado de imediato.

— A galera daqui é bem louca, né? – S / N disse humorada, adorando a energia da torcida em Itaquera. –

— Depois que eles pegam intimidade com você fica pior, mas depois cê se acostuma. – Yuri disse, gargalhando junto de S / N. –

Era comum que as noites em São Paulo fossem frias e chuvosas, mas as coisas estavam diferentes dessa vez. Estava quente além da conta, não era só por causa do clima ou da energia da torcida, os jogadores do Corinthians e botafogo não estava se encarando muito bem.

Roger e Tiquinho estavam num bate-boca danado a vários minutos, não gostando nem um pouco da presença um do outro. Bruno Méndez e outros jogadores do fogão também estavam se estranhando, mas o único que realmente levou cartão vermelho foi o técnico Luxemburgo ao ficar reclamando com o quarto arbitro.

— Eu falei que era pra você ficar quieto, cabeçudo! – S / N repreendeu Luxa. –

— Esse cara é ruim e eu que sou o culpado, S/N? – o carioca retrucou, indignado. –

— Eu sei que você tá certo, mas o nego nem sempre vai concordar contigo. – S / N levou o mais velho para o túnel. — E relaxa, eu sei o que fazer.

𝐅𝐞𝐛𝐫𝐞𝟗𝟎'𝐬 ―― 𝐈𝐦𝐚𝐠𝐢𝐧𝐞 𝐀𝐭𝐡𝐥𝐞𝐭𝐞𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora