Conhecendo o amor verdadeiro - A história de Hakan & Yildiz

Capítulo 17 - Venha em tal momento...

"Venha em tal momento,
que desistir não seja possível.
Quando as feridas em minhas mãos,
tentando quebrar minhas correntes...
deveriam estar começando a se curar.
Quando tiver tal escuridão em meus olhos, que pensarão que estou cego.
Minhas bochechas devem ter secado, por causa das lágrimas e meus lábios estarão rachados.

Venha em tal momento,
que desistir não seja possível.
Talvez eu tenha me apaixonado milhares de vezes, e nunca lembre de nenhuma delas.
Nenhuma delas pôde completar minhas frases.
Nenhuma delas transformou minha noite em dia.
Nenhuma delas está esculpida em minha mente como você.
Nenhuma delas encontrou lugar em minha mente, mesmo da melhor maneira.
Nenhuma delas, deixou vestígios em meu corpo.

"Venha em tal momento,
que desistir não seja possível.
Quando ninguém seria capaz de tornar meu choro silencioso em gritos altos.
E minhas mãos não se derreteriam no corpo de ninguém, mesmo se o tocasse.
Quando meus lábios não deveriam tremer, como tremem quando pronuncio o seu nome.
Quando cada corpo, que tentou substituí-la, devesse desaparecer como a areia caindo uma a uma.
Quando acho que esqueci, quando penso que desisti, ou que não a amo..
Vem tal momento em que cada parte de mim, que me mantém vivo, luta contra a gravidade."

Orhan Veli Kanık

HAKAN
Minhas férias na Itália não foram as melhores, que eu já tive. Não pelos lugares onde eu fui, mas pela situação, que eu e, principalmente minha irmã, estávamos vivendo.
Nos primeiros dias, antes da chegada de Esra, eu procurei tirá-la de casa, fizemos passeios pela cidade e imediações, ou viagens curtas de alguns dias, enquanto as aulas dela não começavam.
Após o início das aulas e do trabalho dela na Stelle, eu fiz alguns programas sozinho.
Não houve um lugar, em que eu não imaginasse, como seria bom estar com Yildiz, ou o quanto ela iria adorar a arquitetura, os museus, as novidades de design e decoração. Tenho certeza que ela amaria tudo, especialmente Milão, que é a capital do design. Também não resisti e comprei pequenas lembranças, para ela, pontuando o quanto ela povoava meus pensamentos no dia a dia. Mesmo que ela decidisse, que não haveria mais nada entre nós, eu os entregaria à ela.
Meu humor oscilava muito, havia dias melhores, outros piores, ou apenas medianos. Mas a verdade, era que eu já não conseguia imaginar a minha vida sem ela, porque ela estava o tempo todo comigo, como se circulasse em minhas veias, exalasse pelos meus poros, permanecendo na minha mente, em todos os lugares, instalada dentro de mim...
Naquele dia, quando saí desnorteado de Izmir e voltei para casa, me deparando com o estado de Zeynep, eu só queria sumir junto com ela, do nosso bairro, da nossa rua... Como se sair dali, fosse estancar a dor no meu peito e arrancá-la de dentro de mim. Eu imaginava, que o afastamento pudesse nos propiciar maior clareza e discernimento, mas a saudade obscurecia a visão. É claro, que tudo foi se acalmando no decorrer dos dias, tanto para mim, quanto para Zeynep, porém a felicidade ainda era algo intangível.

Fazia muito anos, que eu não passava tanto tempo com minha irmã. Nós conversamos muito, sobre vários coisas, mas ela nunca me disse o que a fez tomar tal atitude. Quando eu a questionava ela era evasiva, ou mudava de assunto. Era sempre o mesmo discurso, ela amava Deniz, mas não poderia perder essa oportunidade.
Conhecendo minha irmã, eu sabia que isso era impossível. Sim! Ela queria morar no exterior, ter uma carreira internacional, mas ela amava Deniz, estava empenhada e feliz com a empresa deles, com o apartamento e, principalmente com o noivado. Então, nada fazia sentido.
Nenhum de nós, entendia o que aconteceu, para ela mudar tudo, mas suspeitávamos de que havia algo escondido. Conversei muito com Kyraz, que a conhecia muito bem, mas jamais chegamos a um consenso.
Nós estávamos preocupados com ela e Deniz, que passou uma temporada com Kyraz e Yalin em Nova York, e estava bastante abalado.
Kyraz era bastante perspicaz e conhecia bem, não só Zeynep, como a mim também e arrancou algumas coisas minhas, relacionadas à Yildiz. Eu não tinha motivos para esconder o meu desejo e, muito menos, os meus sentimentos. Então, mesmo não entrando em detalhes, eu deixei claro que eu a amava.