Capítulo 12

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STILES

Cansado, é como tenho me sentido, depois do Nogitsune, há um ano, achei que estaria livre, que tolice a minha, ele nunca foi embora, se manteve na espreita, rastejando como a boa cobra peçonhenta que é. Pisco algumas vezes absorvendo a claridade do dia, elevo um pouco a cabeça, procurando pelo Damon, o que é outra coisa estúpida que faço, ele não está aqui. Não sei porquê achei que estaria ao meu lado, no fim, ainda sou um adolescente idiota, sofrendo por uma paixonite. Reviro os olhos por conta disso, odiando me sentir assim.

Me sento na cama e franzo o cenho, tudo parece igual, mas ao mesmo tempo, não parece. Me sinto deslocado, tem algo de estranho, mas não consigo dizer o que é. Dou de ombros ignorando tudo, saio da cama e vou em direção ao banheiro, precisando de um banho, preciso colocar minha cabeça no lugar. Olho meu reflexo do espelho e tudo o que aconteceu noite passada enche minha cabeça. Todos os sentimentos que evitei sentir quando acordei aparecem como uma maldita avalanche, me fazendo odiar a sensação de fraqueza, odeio que estou há um passo de me desmanchar em lágrimas ao lembrar da noite passada.

Ter aceitado sair, foi um erro. Deveria ter mantido minha decisão de ficar em casa, mas ao invés disso cedi às minhas amigas, e vejam só, quase me dei mal. Dou um soco no espelho de frustração e sinto a ardência na minha mão, vejo meu sangue manchar o espelho e nem mesmo o minha ânsia por sangue consegue me fazer sair desse turbilhão que estou sentindo. Respiro fundo e tiro minhas roupas, entrando no banho logo em seguida, deixando à água aliviar meu tormento, como se fosse uma coisa divina. Fecho os olhos, sentindo apenas ela cair e passear por todo o meu corpo.

Abro os olhos pra pegar o sabonete quando as luzes começam a piscar, faço uma nota mental pra avisar meu pai que precisamos trocá-la. Começo a me ensaboar quando a maldita luz acaba e percebo que hoje, não vai ser meu dia. É um presságio maldito. Frustrado, ligo o chuveiro e tiro todo o sabonete do meu corpo, pego a toalha e enrolo nos meus quadris, saindo do banheiro.

Mas, quando passo pela porta, não estou no meu quarto. Está tudo escuro, o que me deixa em alerta. Ouço passos ao redor, só que não consigo ver nada, um breu se estende por todo o lugar que deveria ser meu quarto.

— Stiles, Stiles, meu garoto.— Ouço o Nogitsune falar, aparecendo no meu campo de visão.

— O que diabos você quer, onde eu estou, não, deixa eu pensar, com certeza na minha mente.— Digo furioso, revirando os olhos.

— É, estamos na sua mente, mas esse é um mero detalhe.— Diz dando de ombros — Não é por isso que te trouxe até aqui, que tal fazermos um acordo?— Abre um sorriso e me encara.

— O que você quer, por que acha que eu faria um acordo com você depois de tudo o que houve?— Cruzo os braços e levanto a sobrancelha, ele deve ser idiota por acha que eu consideraria fazer um acordo com alguém como ele — Tenho cara de idiota?

— Não está cansado? Que pena, achei que poderia ajudar. Depois de tudo o que aconteceu, pensei que iria querer uma ajudinha pra eliminar todos esses pensamentos e sentimentos que estão infernizando sua mente.— Me olha e depois começa a se afastar.

— Espera!— Grito chamando por ele — Explique.

Ele se vira sorrindo pra mim, merda, ele sabe que está com a vantagem, sabe que eu adoraria me livrar de tudo o que estou sentindo agora.

— É bem simples, você só tem que abrir mão de um pouco da sua humanidade, tristeza, alegria, raiva, surpresa, afeto, aversão, confiança e medo. São os oito sentimentos básicos de cada humano, você pode desistir de um pouco deles, não é algo de outro mundo. Muitos seres sobrenaturais conseguem renunciar da humanidade, que é o resultado da perda desses oito sentimentos.— Fica me olhando, esperando uma resposta.

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