Three

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                                         San Diego Califórnia                                            Treze de julho, 2023

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                                         San Diego Califórnia
                                           Treze de julho, 2023

Dois segundos são um período curto para pensar, mas não posso perder esta oportunidade. Preciso chamar a atenção de Jack de alguma forma. Olhei ao redor, observando mulheres tentando atrair a atenção dele, lançando olhares de desdém em minha direção. Fixei meu olhar no chão ensanguentado onde, minutos atrás, Jack havia massacrado seu oponente. Esse era o mundo dele, e eu precisava entrar nele para conseguir algo com ele.

— Quero que me ensine a lutar. - Declarei.

Jack virou-se completamente para mim, suas sobrancelhas ligeiramente arqueadas. Ouvi uma exclamação de "Essa garota é uma piada" vinda de Joseph, mas continuei encarando Jack, aliviada por ele, ao menos, parecer considerar a ideia.

— Ela não está falando sério. Vamos embora, Clary, este lugar não é bom para você. - Kaleb segurou meu braço, começando a me puxar em direção à saída.
— Estou falando sério, me solta, Kaleb. - Debati-me enquanto ele continuava a me arrastar, implorando para que eu reconsiderasse.

Eu queria chutar seus joelhos por estar me atrapalhando dessa maneira.

— Solte-a - Jack grunhiu, e Kaleb rapidamente se afastou de mim.
— Ela é toda sua, faça o que quiser com ela.

Respondi com uma expressão raivosa, e ele deu de ombros. Cruzei os braços, tentando parecer determinada, quando Jack se aproximou.

— Estou curioso. Por que uma garota como você quer aprender a lutar? - Ele arqueou uma sobrancelha, e eu dei de ombros nervosamente, tentando não demonstrar medo.

— Eu quero aprender a me defender sozinha.
— Então procure uma aula de autodefesa e me deixe em paz.
— Por favor. - Sussurrei, tentando amolecer aquela expressão séria, mas sem sucesso.
— Vão embora e não voltem mais. - Ele nos deu as costas e saiu.

Isso foi uma perda de tempo. Eu nunca conseguiria nada com esse cara. Ele era indomável e não era tolo.

— Vamos embora, Kaleb.
— Finalmente, você voltou à razão, senhor.

Ele levantou as mãos em sinal de alívio. Eu quase desejei chutar a bunda dele por ser tão irritante.

— Ainda assim, obrigada por me ajudar, Mia. - Eu me virei para ela antes de sair, e ela me deu um fraco sorriso.
— Gostei de você, bonequinha. - Ela piscou para mim.

— Por que ela está tão quieta? - Kaya sussurrou para Kaleb.

Olhei para a minha gelatina, sem apetite ou humor para conversar. O refeitório estava lotado, e não me surpreenderia se Hanna e seu grupo de populares estivessem sentados a duas mesas de mim.

— Ela está naqueles dias, o sangue subiu à cabeça dela e a deixou louca. Mas isso passa, e ela volta ao normal.
— Ela parece triste.
— Eu vou esfregar essa gelatina na cara dela para ver se ela volta à realidade e para de pensar bobagens.
— Por que você está falando assim dela? Talvez ela precise de ajuda.
— Clary precisa é levar uns tapas para ver se recupera o juízo.
— Dá para calar a boca? - Bufei, começando a ficar irritada com sua insistência.

Kaleb estava me enlouquecendo desde que saímos da academia ontem, e isso estava me irritando. Além disso, o fato de eu não ter conseguido dormir na noite anterior não estava ajudando meu humor.

— É disso que estou falando, Kaya. Clary está se tornando uma rebelde.

Não dei a ele a chance de continuar a me incomodar e me levantei, pegando minha bandeja de comida junto.

— Aonde você vai?
— Perdi o apetite.
— Deixe-a, ela só está fazendo birra.

Não preciso que ninguém me diga o que fazer. Odeio me sentir pressionada, odeio Kaleb por me julgar sem saber de nada, odeio Hanna por ser uma vadia, odeio meu pai por fugir da vida atrás de uma garrafa de whisky, odeio a mulher que me colocou neste mundo, odeio este lugar, odeio minha vida. Apertei os lábios, sentindo a garganta queimar e os olhos se encherem de lágrimas. Queria chorar como uma criança. Meus pés tropeçaram em alguma coisa, e eu caí no chão, derrubando a bandeja. Perdi o fôlego por um momento, espalhando as mãos no chão frio enquanto ouvia risadas altas e zombarias das pessoas.

"Isso não pode estar acontecendo comigo. Deve ser um pesadelo, tem que ser um pesadelo."

— Olhe por onde anda, sua desajeitada! Todo mundo sabe que você vive no lixão, mas não precisa transformar nossa escola em seu cortiço miserável. - Hanna sorriu sarcasticamente.

Fechei os olhos brevemente antes de me deparar com o sorriso zombeteiro de Hanna, repleto de sarcasmo.

— Não é preciso exagerar, Hanna - murmurou Selena em um tom baixo.

Virei o olhar para a mesa onde os populares se encontravam. Selena olhava para mim com piedade, enquanto seu namorado, Callum, observava a cena com curiosidade. Day, ao lado de Pietro, irmão de Hanna, distraía-se lixando as unhas, ignorando completamente o que estava acontecendo à sua volta. Jason, namorado de Hanna, manteve uma expressão séria, assim como Pietro.

— Ela sujou o chão inteiro, Selena. É responsabilidade dela limpar.

Hanna disse com desprezo, e eu senti as lágrimas prestes a escaparem, apesar dos meus esforços para evitá-las.

— Pessoas como ela não deveriam estar no mesmo ambiente que nós.

Todos no refeitório me observavam; alguns balançavam a cabeça em concordância, enquanto outros riam, desfrutando da minha humilhação. Eu podia sentir as lágrimas molhando meu rosto, mesmo tentando resistir à vergonha.

— O que você está esperando, sua pessoa imunda? Limpe a bagunça que causou e pare de chorar.

Hanna prosseguiu, seu olhar carregado de repulsa. Eu abaixei a cabeça, olhando para a comida espalhada no chão. Antes que eu pudesse me curvar para começar a limpeza, um aperto firme no meu braço interrompeu meu movimento, seguido de um solavanco que me fez ficar de pé novamente.

— Ela não vai limpar porra nenhuma - declarou alguém com uma voz firme.

Um silêncio desconfortável pairou sobre o refeitório, e meu coração quase parou devido ao susto que levei ao identificar a mão de Jack, que segurava meu braço com firmeza.

— Já que foi você quem colocou o pé para ela tropeçar, é justo que você mesma limpe a sujeira. - Jack argumentou com calma.
— Não se intrometa onde não é chamado, seu marginal - Hanna grunhiu em resposta.
— Hanna, chega - interveio Javon, pedindo que ela parasse.
— Esse cara acredita que pode se dirigir a mim dessa maneira? Quem ele pensa que é para me dar uma lição de moral?
— Moral? Interessante. Ontem, no vestiário, você estava pensando sobre isso?

Jack perguntou com um sorriso sutil, enquanto Hanna exibiu olhos arregalados e uma palidez repentina. Foi a primeira vez que a vi sem palavras; Jack certamente estava ciente de algum segredo dela.

— Foi o que imaginei. Agora, você limpará essa sujeira que causou, pois o seu lugar é aí, no chão, junto com ele.

Jack concluiu. Alguns murmúrios de surpresa ecoaram pelo refeitório, enquanto Hanna, em silêncio, se abaixou e começou a recolher a comida derramada.

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