Clary Davis, uma figura invisível na tessitura social, se via na posição desfavorecida de ser a filha de um zelador alcoólatra, cuja existência estava marcada pela miséria desde que sua esposa o deixou, deixando-o com a responsabilidade de criar sua...
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San Diego, Califórnia Quatorze de julho, 2023
Completamente perplexa com a situação que se desenrolava diante dos meus olhos. Era um espetáculo digno de uma obra de teatro bizarra, mas eu não via alternativa senão obedecer. Hanna me encarava com raiva e desdém enquanto se prostrava diante de mim. Eu continuava atônita, incapaz de acreditar no que estava acontecendo.
— Agora repita: "Peço desculpas por ser uma vadia sem classe".
Minha voz mal saiu em um murmúrio, mas o olhar determinado de Hanna não dava espaço para objeções.
— Isso já é um exagero - Hanna disse, mas parecia que nada deteria a determinação de Jack. — Repita: "Peço desculpas por ser uma vadia sem classe" - ordenou Jack, cortando qualquer possibilidade de contestação.
Relutantemente, ela sussurrou as palavras entre os dentes enquanto dirigia seu olhar para os meus pés. A cena, capturada por alguns espectadores em seus smartphones, provocou risadas e olhares perplexos entre os amigos de Hanna. Assim que ela recolheu todos os pertences, levantou-se e deixou o refeitório com passos pesados, jogando sua bandeja no lixo e com o namorado a seguindo de perto. Jack ainda mantinha seu aperto firme em meu braço, e agora eu o observava com admiração e gratidão. De perto, pude perceber o quão bonito ele era, com seus olhos intensos e atrativos, cabelos desgrenhados que faziam um contraste notável com sua pele pálida.
— Obrigada. - sussurrei timidamente, enquanto sorria.
Ele me olhou rapidamente, soltou meu braço e enfiou as mãos nos bolsos, deixando o refeitório sem proferir uma palavra. Soltei o fôlego que estava segurando, sentindo meu braço formigar após a pegada firme de Jack. Jack Potter tinha me defendido na frente de todos e segurado meu braço. Jack Potter, o cara que parecia querer que eu me mantivesse afastada dele, segurou meu braço. Meu sorriso cresceu, e pela primeira vez naquele dia, me senti genuinamente feliz. O caso ainda não estava perdido; se ele tinha segurado meu braço, quem sabe poderia até mesmo segurar minha mão.
— Por que você me defendeu hoje?
Encontrei Jack no mesmo local em que o havia visto ontem, embora agora ele não estivesse fumando. Não sentia mais medo.
— Porque eu quis. - ele respondeu com desdém, dando de ombros. — Apenas isso? - Me aproximei com as mãos discretamente escondidas atrás das costas. — Sim, algum problema? - Arqueou uma sobrancelha, e eu sorri, achando graça de seu mau humor. — Não, problema nenhum. Parece apenas que você não gosta de mim - disse, sorrindo timidamente. — Não se ache demais. Você é fraca e não sabe se defender. O mundo lá fora é cruel, e as pessoas vão te pisar como se fosse um inseto.
Suspirei, brincando com a pulseira em meu pulso. Era típico dele agir como um babaca.
— Por que você é tão rude com as pessoas? Por que não dá uma chance para que elas se aproximem? — Estou te dando uma chance de ir embora antes que eu me irrite ainda mais - ele disse com um suspiro, tentando manter a calma. — Você não faria mal a mim, faria? — E qual a graça nisso? Você é ridícula, fraca e irritante. - disse friamente. — Você gosta de ofender as pessoas com palavras. Já entendi. É uma espécie de defesa para que elas não conheçam o verdadeiro você.
