31- Adorei o cabelo, mas e o nosso beijo?

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Guk Saemi's point of view

Então estavam Kaeun e Boram no meu banheiro enquanto elas passavam descolorante em algumas mechas do meu cabelo. Eu poderia chamar aquilo de tradição, um tipo de coisa estranha que temos entre nós três, toda a vez que algum homem parte o coração de uma de nós três, nós pintamos o cabelo da coitada com o coração partido.

Foi assim que o cabelo da Boram foi de castanho natural para preto depois preto com uma mecha rosa, uma mecha loira e por fim todo loiro e o pior é que ela só tem dezeseis anos, até os vinte ela vai ter um corte químico. Geralmente as seções de "fui machucada, agora quero pintar o cabelo" se resumiam a Boram chorando enquanto eu reclamava do cheiro do descolorante, agora eu estava fazendo os dois papéis.

Chegou a um ponto em que eu nem ao menos sabia se eu estava chorando por causa do Beomgyu ou por que aquele descolorante estava ardendo nos meus olhos. Preferi a segunda opção sabendo que eu nem ao menos me lembrava de tudo o que aconteceu na noite anterior, depois de ter dançado com o Minho, só me lembro de ter tido uma discussão daquelas com o Beomgyu e depois eu enchi a cara, por último, me lembro de ter beijado alguém enquanto estava bêbada —eu tenho quase certeza que foi o Beomgyu— e depois disso eu apaguei e só acordei nessa manhã no sofá do apartamento do Minho.

—Não chora amiga, ele não te merecia.— Boram me confortou com uma das mãos em meu ombro.

—Eu nem sei se eu tô chorando por causa dele ou se é por causa dessa coisa.— Eu apontei para o descolorante na bancada da pia do meu banheiro enquanto ainda chorava.

—Shh, a gente entende.— Kaeun disse com um sorriso gentil. —Uma mudança de visual depois de um coração partido não faz mal pra ninguém.

—Tá fazendo mal pra a minha rinite!

Depois de um tempo, decidi me olhar no espelho, meus olhos estavam vermelhos e um pouco inchados, mas pelo menos eu estava bonita. Meu cabelo que foi completamente preto por toda a minha vida agora havia sido abençoado com mechas loiras e eu nunca achei que isso ficaria tão incrível.

—Cacete, eu tô muito gata.— Olhei para mim mesma no espelho enquanto as lágrimas paravam de cair.

—Eu falei que você ia ficar maravilhosa!— Kaeun disse. —Olha só o que aquele babaca perdeu.

—Pois é amiga, você saiu ganhando! Olha pra você.

—É isso aí! Aquele babaca não me merecia!— Me levantei da cadeira onde eu estava com um sorriso confiante nos lábios.

—É!— Kaeun e Boram disseram em uníssono.

(...)

Depois do meu final de semana conturbado, eu tinha que voltar á escola. Me despedi da minha mãe como em qualquer dia e para a minha surpresa, Minho saiu de casa no mesmo momento que eu, ele me olhou de relance antes de soltar um suspiro e desviar o olhar.

Desde que eu acordei na manhã de domingo Minho tem estado esquisito e da última vez que alguém ficou esquisito comigo o que se seguiu não foi muito bom para o meu lado, então eu estava perplexa. Na manhã depois do halloween, eu acordei no sofá do apartamento dele, ele estava parado em frente ao sofá quando eu acordei, ao perceber que eu não estava mais dormindo, Minho arregalou os olhos e deu um passo para trás antes de me encarar com um olhar que me dizia "volte para sua casa, por favor". Eu apenas me levantei, o agradeci por ter me levado até ali —principalmente porque a minha mãe ficaria uma fera sabendo que eu bebi— e então fui embora.

Caminhei até Minho que parecia evitar olhar para mim, ele de alguma forma parecia chateado como se eu tivesse feito algo ruim. Me perguntei se fiz algo que eu não deveria ter feito enquanto estava bêbada, não sei, eu não consigo me lembrar de absolutamente nada e para ser sincera, eu acho que a pior coisa que eu poderia ter feito era xingar ele achando que era o Beomgyu já que os dois estavam usando a mesma fantasia.

—Bom dia Minho.— Acenei para ele com um sorriso no rosto.

—Bom dia.— Ele murmurou em resposta antes de começar a caminhar.

Fui logo atrás dele e ele continuava em silêncio. O elevador foi uma tortura, o único som que ele fez foi um suspiro enquanto me olhava de canto. Eu sinceramente tinha muitas perguntas, mas achei que Minho não iria responde-las. A porta do elevador abriu e nós dois saímos de lá juntos, o Lee permanecia olhando para qualquer coisa, menos para mim e eu entendi que ele provavelmente não queria falar comigo.

—Hum... Minho?— Tentei falar algo, ele apenas me olhou de canto por um segundo antes de desviar seu olhar. —Você tá esquisito, o que aconteceu? Eu fiz algo de ruim?

—Nada.— Ele murmurou antes de começar a caminhar mais rápido.

Decidi deixar isso de lado, ele claramente não queria falar comigo e eu não gostaria de forçar ele a fazer nada. A única coisa que ouvi dele durante todo o caminho foram alguns resmungos, os quais eu só consegui entender as palavras "cabelo" e "beijo".

Beijo.

Essa palavra me deixou extremamente confusa até porque eu não entendia em que tipo de frase direcionada a mim ele poderia usar a palavra "beijo". Eu estava tão confusa e queria fazer várias perguntas. Dei um passo grande para alcançar ele e comecei a seguir o ritmo de sua caminhada.

—Como? O que disse?— Indaguei olhando direto em seus olhos.

—Adorei o cabelo, mas e o nosso beijo?— Ele me encarou perplexo enquanto parava de caminhar. —Digo, nossos beijos, foram duas vezes.

—Que?

Há um minuto atrás, Lee Minho era o meu vizinho por quem eu nutri um ódio eterno durante meu jardim de infância e ensino fundamental quase inteiro mas que estava ganhando uma relação de "se suportar" nas últimas semanas, agora eu tinha simplesmente beijado ele duas vezes e nem tinha ideia disso. Meus olhos se arregalaram, eu não entendia como isso era possível.

—Claro que você não se lembra.— O Lee passou a mão nos cabelos. —Eu sabia disso.

—Como assim beijo, digo, beijos?— Os meus olhos continuam arregalados enquanto eu olhava para ele.

—Naquele dia que a Yurim foi com a gente pra aquela "festinha" e nós acordamos juntos no dia seguinte e na festa de halloween.— Ele cruzou os braços olhando para mim. —Eu estava bêbado na primeira ocasião, mas eu tenho quase certeza que isso aconteceu.

Eu não disse mais nada, apenas o encarei em completo choque, eu não me lembrava de nada disso, especialmente da primeira ocasião, é claro, eu bebi mesmo quando não deveria e é comum fazer esse tipo de idiotice mas eu ainda estava em completo choque. Como eu poderia ter feito isso duas vezes? Meio que faz sentido, ele é o Lee Minho e eu nunca tive nenhuma sentimento por ele além de raiva mas eu não posso negar que ele é incrivelmente bonito.

—Não vai dizer nada?— Ele me olhava como se pedisse uma resposta.

—Eu... Não sei nem o que dizer.— Foi a única coisa que eu consegui responder. —Me desculpa.

—Não precisa se desculpar, eu até gostei do segundo.

—Não gostou do primeiro?

—Eu não me lembro.

Algo parecia errado com essa história de ter beijado o Minho naquele dia que a Yurim estava aqui.

—Hum, entendi.

Concordei com a cabeça, ainda um pouco confusa com essa história.

The Jerk Next DoorOnde histórias criam vida. Descubra agora