28- E o que diabos nós somos?

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Guk Saemi's point of view

Minha mãe estava bebendo com a família do Minho. Jisung, Changbin e Kaeun já tinham ido embora, eram onze e cinquenta e oito do dia vinte e quatro de outubro, então Minho ainda não tinha oficialmente dezessete anos, apenas daqui a dois minutos. Eu queria entregar a minha pintura a ele, o quadro ainda estava no carro e eu precisava dar aquilo para ele já que o meu presente foi realmente ridículo.

—Mãe, eu vou pegar aquilo no carro, ok?— Eu disse.

—Claro, minha filha.— A mais velha respondeu em um tom bêbado. —Vá, e tome a chave.

Caminhei até o lado de fora da casa e então abri o carro, pegando a pintura e voltando para dentro. Eu não achava Minho em lugar nenhum então fui até Jiwoong.

—Jiwoong, onde está o Minho?

—O Minho?— Ele riu bêbado. —O Minho tá no quarto de hóspedes, é só subir as escadas e entrar no primeiro quarto no corredor.

—Obrigada.— Eu comecei a subir as escadas e entrei no primeiro quarto que vi. Minho estava lá, sentado no chão, escorado em uma cama enquanto apenas ouvia música. Eu me aproximei dele sem saber o que dizer, ele me notou ali enquanto eu me sentava no chão ao lado dele. —Eu... Posso ouvir música com você?

—Por que?— Ele olhou para mim confuso.

—Eu tô entediada.— Deixei o embrulho da pintura no meu colo.

Ele me entregou um fone e eu coloquei em meu ouvido. Reconheci a música como "Friends" do Chase Atlantic. Era uma das minhas músicas favoritas, com um ritmo envolvente e uma letra profunda, eu me apaixonei quase que instantaneamente pela a faixa. As luzes estavam apagadas e a única coisa que iluminava minimamente o lugar era a janela do outro lado do quarto, eu encarava a vista de longe enquanto sentia mas alguém me encarar.

"Só me dê um pouco de espaço e tempo para perceber" a música dizia enquanto eu me virava para Minho que me encarava, "que você esteve ocupada mentido e dormido com outros caras" ele olhava diretamente para meus olhos, "e o que diabos nós somos?" Eu tinha a impressão de que seus olhos diziam isso para mim. Eu parei de prestar atenção na letra, fiquei apenas olhando para ele, sem dizer mais nada. Minho estava perto, muito perto, eu podia sentir a sua respiração pesada em mim. Pude ver seu olhar saindo de meus olhos e se direcionando a minha boca, meu coração palpitou enquanto eu ainda olhava para seus olhos.

A música estava quase no fim, eu já tinha certeza que já tinha passado da meia noite. Era oficialmente vinte e cinco de outubro, Minho tinha oficialmente dezessete anos agora. Nós ainda estávamos muito próximos como se ele estivesse quase me beijando, eu olhei em seus olhos tentando não parecer nervosa.

—Feliz aniversário.— Eu sussurrei da forma mais natural que consegui.

—Um... Obrigado.— Ele voltou seu olhar em direção a meus olhos.

Deduzi que ele estava ouvindo alguma playlist do Chase Atlantic ou algo do tipo, já que reconheci a próxima música como "Right here", eu não a conhecia tão bem, mas ela estava aumentando aquele clima. O Lee voltou seu olhar para a minha boca de novo ficando cada vez mas próximo. Eu continuava parada, sem dizer mais nada, ele mordeu seu lábio inferior enquanto suspirava e olhava para o outro lado.

Muita coisa estava passando na minha cabeça ao mesmo tempo, meu coração estava batendo muito rápido. Após alguns segundos, Minho se virou para mim de novo dessa vez tão perto quanto antes, ele estava calado, apenas olhando para a minha boca, nós só escutávamos a música olhando um para o outro. Ele se aproximou mais um pouco enquanto eu sentia meu rosto queimar, era como se nós estivéssemos prestes a nós beijar, mas algo nos interrompeu.

—Hyung, eu tive um pesadelo.— Min abriu a porta do quarto fazendo Minho se afastar de mim em um pulo.

—O que aconteceu Min?— O Lee caminhou até seu irmão.

Eles conversam por um tempo enquanto eu tentava me recompor de tudo aquilo. Meus batimentos voltaram ao normal antes de Minho levar o Min de volta ao quarto onde ele estava dormindo, o Lee voltou para o quarto e sentou ao meu lado, dessa vez um pouco mais distante.

—Minho...— Eu olhei para ele.

—Hum?— Ele olhou para mim de canto.

—Toma.— Entreguei a pintura a ele.

—O que é isso?— Minho pareceu confuso.

—É pra compensar aquilo.— Me referi a aquele presente ridículo que a minha mãe comprou para ele. —Eu vou ligar a luz, tá bom?

Ele concordou com a cabeça enquanto eu ligava as luzes. Ele rasgou o embrulho encarando a minha pintura, o Lee ficou em silêncio por alguns segundos. "Será que ele não gostou?" Eu me perguntei.

—Você pintou isso?— Ele olhou para mim.

—Sim.

—Uau isso é...— Minho olhou para a pintura novamente. —Lindo.

—Obrigada.— Eu sorri sem jeito.

Nós ficamos olhando um para o outro sem dizer nada. Minho estava apenas sorrindo enquanto olhava para e mim e aquilo já parecia ótimo.

—Onde você deixou o Soonie?— Eu indaguei.

—Casa do Hanji.— O Lee disse simples.

—Hanji? Ah... Han Jisung!

Ficamos em silêncio por mais um tempo.

—Sabe de uma coisa?— Ele quebrou o silêncio.

—O que é?— Indaguei.

—Eu acho que talvez, só talvez o "A" tenha admitido que gosta da "B".

(...)

Já era segunda, infelizmente eu estava de volta a escola, como de costume eu cumprimentei as meninas e sentei na minha carteira. Minho estava ao meu lado, ele tinha um sorriso no rosto e as sobrancelhas arqueadas, ele estava em silêncio e apenas sorria para mim.

—Oi Saemi.— Seu sorriso ficou ainda maior.

—Oi.— Eu sorri de volta.

—Eu só queria te agradecer por aquela pintura e queria dizer que posso fazer qualquer coisa pra te compensar.

—Obrigada, mas não pre...— Minhas voz foi interrompida por alguém falando bem mais alto.

—Vocês não acreditam!— Hongjoong, o filho da diretora apareceu na sala animado. —Eu convenci a minha mãe a deixar a gente fazer uma festa de Halloween aqui na escola.

Um burburinho começou entre os alunos, alguns não acreditavam, outros estavam animados. Hongjoong estava tentando falar, mas as pessoas não deixavam.

—A festa vai ser sábado, dia trinta e um e só estão convidados as pessoas da nossa escola, mas, vocês podem levar acompanhantes com vocês, desde que eles não sejam seus pais ou pelo menos tenham idade para serem seus pais.

(...)

—Ei, Sae, pode me responder uma coisa?— Beomgyu me perguntou por telefone.

—O que?— Eu disse enquanto pintava minhas unhas.

—O que você acha de deixar tudo o que a gente tem como oficial?

Eu pensei por um tempo, claro eu gostava de Beomgyu, mas desde que a minha mãe contou sua história, eu tive medo de aprofundar tanto um relacionamento desde que eu fiquei adolescente. Com certeza, eu não estava pronta, mas não sabia como dizer isso para ele.

—Sae?

—Eu acho que é melhor a gente ir mais devagar.

—Hum... Entendi...— Ele parecia desanimado.

—Mas o que você acha de ir pra uma festa de halloween?

The Jerk Next DoorOnde histórias criam vida. Descubra agora