36- Negação

61 11 12
                                    

Guk Saemi's point of view

Eu consegui uma semana inteirinha de paz, nenhuma notícia de Hyunjin, nem ao menos o vi com a Boram, nada de mensagens ou olhares suspeitos, muito menos tentativas de aproximações desconfortáveis, nada. Pensei que talvez o Minho tenha o ameaçado de alguma forma depois de saber sobre as ameaças que o Hwang me fez, ou talvez ele apenas percebeu que não valia a pena, então eu me sentia mais aliviada.

—Guk Saemi!— Kaeun chamou a minha atenção.

—O que?

—Eu tô te chamando fazem quase um minuto! No que tá pensando?

Eu queria responder "agradecendo aos céus porque o gazela não me incomodou mais", só que a Boram estava presente.

—Nada.— Respondi.

—Ela tá pensando no Lee Minho.— A Yoo disse em um tom provicativo e Boram riu também.

—Que mané Lee Minho? Aquele garoto tá voltando a me dar nos nervos!

—Esse é o momento do enemies to lovers onde os personagens estão transitando lentamente do enemies para o lovers.— Boram afirmou, eu revirei os olhos.

—Pode falar coreano por favor? Eu não entendo inglês.— Cruzei os braços.

—Ela tá querendo dizer que vocês dois estão naquela fase de começar a se apaixonar.— Kaeun diz mantendo aquele sorriso provocativo. —Ah, o amor jovem, tão lindo, e eu tenho certeza que o Minho tá caidinho por você! Vocês vão viver um romance lindo, casar, ter três filhos e um cachorro.

—O Minho prefere gatos e Deus me livre de ter tantos filhos, ainda mais se eles se parecerem com o Minho.— Revirei os olhos.

—Tá vendo? Ela sabe tudo dele!— A Yoo apontou para mim como se eu tivesse acabado de gritar para todo mundo ouvir que eu gosto do Lee Minho.

—E ela não contestou a parte de viver um romance lindo e casar!— A Choi fez o mesmo.

—O que?! É claro que eu sei dele! A gente se conhece desde pequeno! E outra, eu nunca me casaria com o Minho! Nunca!

—Aí! Doeu, viu?— Ouvi a voz de Minho atrás de mim. Olhei para trás, ele estava com as duas mãos sobre o peito, fingindo estar ofendido. —Isso não é coisa que se diz pro seu vizinho bonito.

—Eu já não te falei pra esquecer isso? Tão vendo? Ele me dá nos nervos!

—Isso daí é amor incubado!— Kaeun apontou para mim.

—Quer dizer que você no fundo me ama? É isso que eu ouvi?— O Lee disse com um sorriso provocativo nos lábios. —Isso é uma surpresa, dona Saemi.

—Cala a boca!— Dei um tapa no braço dele. —Vocês três estão exagerando.

—Não, a gente não tá.— Boram cruzou os braços. —A gente tem certeza que você gosta dele.

—Me sinto lisonjeado.— Minho se sentou ao meu lado com um sorriso convencido estampado nos lábios.

—Pra ser sincera, eu acho que é ele quem gosta dela.— A Yoo disse enquanto ria.

—Eu não.— O Lee revirou os olhos e cruzou os braços enquanto sorria. —Eu nunca gostaria da Saemi.

Revisitei todas as minhas notas mentais e me lembrei que Minho sempre sorria e cruzava os braços quando mentia, isso desde quando nós éramos crianças. Esse cara está ficando cada vez mais suspeito.

—Eu duvido.— Kaeun riu.

—Se ele tá dizendo que não gosta, quem somos nós pra argumentar contra isso?— Dei de ombros.

Eu com certeza tinha bons motivos para argumentar contra isso, mas eu não ia me manifestar até algo sair da boca de Minho.

(...)

Aula de matemática, um horror horroroso que eu tenho que enfrentar todas as segundas, quartas e sextas, é um inferno. E como uma sexta-feira usual, eu estava tendo aulas de matemática, deitei minha cabeça na cadeira sentindo um sono enorme, aulas de biologia me ensinaram que isso é comum da fase da adolescência mas eu acho que isso é comum de aulas de matemática, especialmente aquelas sobre geometria.

Não, eu não me importo em calcular a área do círculo, isso é ridículo.

—Dormindo Saemi?— Minho sussurou em um tom provicativo.

—Eu não tô dormindo.— Virei minha cabeça na direção dele enquanto continuava com a cabeça deitada na mesa.

—Tá com sono?— Ele se inclinou em direção a mim levemente.

—Não, eu tô me deitando na cadeira porque é divertido.— Respondi em um tom de sarcasmo. —É claro que eu tô com sono, pra que eu vou usar esse assunto fora da escola?

—Não sei, calcular a área do círculo não me parece muito importante também.— Ele colocou um dos cotovelos na mesa e apoiou sua cabeça em sua mão enquanto sorria e olhava para mim. —Pode dormir, se o professor tiver olhando pra você eu te acordo.

—Vai mesmo?— Arqueei as sobrancelhas.

—Vou.— Ele passou a mão nos cabelos. —Você vai ficar me devendo uma.

—Tá bom.— Murmurei antes de afundar a cabeça ao redor de meus braços.

(...)

Eu adormeci, tipo, dormi como uma pedra e não acordei por um bom tempo, o que eu achei impressionante sabendo o quão leve é meu sono. Senti um raio de sol nos meus olhos e começei a me preparar para abrí-los, mas então, eu senti algo bloquendo os raios solares de baterem em meus olhos logo antes de ouvir alguém ao meu lado se levantando da cadeira e fechando a cortina, ouvi a pessoa voltar a se sentar e então, essa pessoa começou a passar os dedos na minha franja.

Eu estava curiosa, ao mesmo tempo que com medo de quem eu veria quando abrisse os olhos, essa pessoa continuava acariciando minha cabeça de uma forma leve e reconfortante, era uma sensação que eu gostaria de sentir o tempo todo, se fosse possível. Abri meus  olhos lentamente, dando de cara com a figura de Minho com a cabeça deitada na mesa ao lado enquanto sorria e passava a mão em meu cabelo, assim que ele notou que eu acordei, ele rápidamente tirou sua mão de meu cabelo e ajeitou sua postura. Meu coração estava batendo mais rápido que o normal enquanto eu olhava para ele em silêncio, nem ao menos cheguei a notar que éramos os únicos na sala.

—Você acordou.— Minho disse sorrindo. —Dormiu igual uma pedra, viu? A aula já acabou.

—A quanto tempo a aula acabou?— Indaguei enquanto erguia minha cabeça.

—Vinte minutos.

—Vinte? Cacete.— Passei as mãos no meu cabelo tentando arrumá-lo. —Por que não me acordou?

—Porque você fica adorável enquanto dorme.— Ele riu e eu dei um tapinha fraco no ombro dele.

—Vamos logo, antes que começe a escurecer.— Me levantei da cadeira e ele fez o mesmo.

—Finalmente vou voltar pra casa.— O Lee se espreguiçou.

—Por que não voltou pra casa antes?

—Se eu falar o motivo, você vai me bater.

Eu apenas revirei os olhos, enquanto ainda sentia meu coração acelerado, me peguei olhando para aquele sorriso idiota dele e logo desviei o olhar. Não sei o que aquele idiota tem, mas alguma coisa nele está me fazendo sentir algo estranho, droga, o que está acontecendo comigo?

The Jerk Next DoorOnde histórias criam vida. Descubra agora