Capítulo 2

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Estar na sala do diretor esse horário da manhã não estava nos meus planos.

Olho para o relógio do meu pulso, onde os ponteiros apontavam 08:40. Minha aula já havia começado há dez minutos e eu não faço ideia de qual seria o motivo que Marc me chamou para conversar. Estou extremamente ansiosa. Só espero que não tenha nada de errado com a minha bolsa de estudos e que não seja sobre a história das pizzas outra vez. Seria muito embaraçoso conversar com ele sobre isso novamente.

A porta se abre e Carmem, a famosa secretaria do diretor, me chama, comunicando que Marc estava me esperando na sua sala. Enquanto ela me acompanha até a sala, tento não olhar para os seus peitos que saltavam pela camisa branca a cada passo que ela dava, mas era quase impossível. Quando a porta é aberta, inflo o ar nos pulmões e sorrio em agradecimento para ela, que sai rebolando de volta o seu lugar, na recepção.

Solto o ar dos pulmões, fecho os olhos e conto cinco segundos.

Cinco segundos são o suficiente para que eu não tenha tempo de pensar em ir embora e travar. Então ligeiramente abro a porta e coloco o meu melhor sorriso no rosto. Mesmo que no fundo dele, eu esconda uma mistura de ansiedade e medo.

— Diretor Marc.

Assim que entro em sua sala, encontro-o sentado na sua cadeira de sempre, de couro marrom escuro e que parece ser estranhamente confortável, enquanto segurava alguns papéis nas mãos.

— Angeline Davis. – ele ergue o olhar sem mexer um centímetro da sua cabeça e me fita, por cima dos óculos. Um arrepio percorre o meu corpo. Por favorzinho, que não seja nada sobre minha bolsa de estudos.

Então Marc desvia o olhar de mim, encarando um ponto ao meu lado. Viro-me, na direção que ele olhou, onde noto que sequer havia percebido a presença de outra pessoa na sala.

Uma mulher que não aparentava ter mais de quarenta anos levava a pequena xícara de café com detalhes em flores douradas até a boca pintada de vermelho, de uma maneira muito elegante. Ela estava usando um vestido que ia até os joelhos e escarpins da cor preta, polidos e extremamente brilhosos nos pés. Além de ter cabelos, maquiagem e unhas impecáveis.

— Sente-se, Angeline – Marc fala, apontando para o lugar ao lado da senhorita. Faço o que ele pede, ainda um pouco hesitante, e quando sento minha bunda na poltrona macia, imediatamente, sinto um aroma de perfume chic me atingir. Que eu tenho certeza que vem dela.

Sem exatamente lembrar de onde, sentia que já conhecia aquela mulher. Levo o meu dedo indicador até a boca, buscando nas minhas memórias onde eu havia a visto. Talvez ela já tenha ido na pizzaria ou na cafeteria. Não sei ao certo.

— Angeline, Karen Price soube do seu desempenho e como tem contribuído para a universidade desde que entrou para Riverside – viro o rosto para a mulher ao meu lado e percebo que ela já estava me olhando antes — E realmente as suas notas são impressionantes, senhorita, não é atoa que conseguiu uma das melhores bolsas aqui.

— Obrigada, Diretor Marc.

— Karen Price recebeu ótimas recomendações dos alunos que você ensinou quando era tutora e ela gostaria de te fazer uma proposta para trabalharem juntas.

Obrigo-me a sorrir, um pouco receosa. Não preciso olhar para o lado para saber que Karen estava me olhando, já que eu conseguia perceber claramente pela estranha pressão no meu ombro esquerdo.

— Sinto muito, Marc, mas não trabalho mais como tutora.

— Eu pago cinco vezes a mais o valor que o seu outro emprego lhe paga, para você ser a tutora do meu filho. – ela diz, fazendo-me imediatamente encará-la e não conseguindo disfarçar a surpresa no meu rosto.

Eu Odeio Romeu e JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora