Capítulo 5

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Primeiro de setembro

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Primeiro de setembro.

Faço um grande X na data de hoje no calendário que estava pendurado na parede da minha escrivaninha. Fecho o canetão vermelho nas mãos, pensativa. Vai fazer quase dois anos que o mundo pareceu parar para mim. Faz quase dois anos que eu passei a contar os dias no calendário. E quase dois anos que passo maior parte do meu tempo trabalhando.

Eu já fui babá, tutora, confeiteira de cupcakes e bolos, dama de companhia de idosos, já ensinei xadrez para crianças de dez anos, e adultos, já fui animadora de festas infantis, freelancer de restaurantes e bares, já cortei a grama do vizinho e já levei cachorrinhos de desconhecidos para passear para conseguir dinheiro extra. Me submeti a todos os tipos de situações – e humilhações – possíveis para uma garota de apenas dezoito anos.

Tudo para pagar despesas que não são minhas.

E isso era apenas por seis meses. Mas já se tornaram dois anos.

Cada gorjeta, cada nota de um dólar encontrada perdida nos bolsos dos jeans, cada centavo, era importante. E ainda é. Especialmente agora, onde tenho que arcar sozinha com todas as despesas da minha vida de universitária.

Eu tenho uma bolsa de mais de 75% do curso de literatura que estou cursando, incluindo todos os portifólios que vou precisar para ele. Trabalho perto da universidade e divido um apartamento pequeno a poucos metros das fraternidades dos estudantes de Riverside, com duas garotas incríveis que se tornaram minhas melhores amigas e as pessoas que eu mais confio nesse mundo. Além disso, eu sempre aproveitei muito bem o meu tempo para dar tempo de estudar e manter as notas altas. Estudando no intervalo do almoço, do trabalho, entre as aulas, cada segundo também é muito bem aproveitado por mim.

Eu não tinha o que reclamar da minha vida de universitária.

Até ontem.

Se o proprietário do nosso apartamento não tivesse nos enviado uma carta informando o aumento do valor que pagamos do aluguel.

É, claro, a procura para apartamentos perto da universidade tem aumentado muito nos últimos meses, mas a notícia nos pegou desprevenidas.

Spencer e eu trabalhamos e arcamos com as nossas despesas. Amber ainda não trabalha, seus pais pagam parte do aluguel do apartamento e o curso de Medicina Veterinária para ela. Mas ela odeia pedir dinheiro para eles.

Saio do quarto, indo para a sala que era integrada com a cozinha. Spencer dormia pesadamente e completamente torta no sofá, com o rosto enfiado nas almofadas. Nós três dividimos o único quarto do apartamento e dormimos em um triliche. Apesar disso, Spencer dorme, na maioria das vezes, no sofá da sala. Ela diz que é porque é mais confortável, mas Amber e eu sabemos que é porque ela ronca.

— Você vai mesmo aceitar? – Amber pergunta, me dando um susto. Ela estava sentada no puff ao lado do sofá, tão quietinha que não percebi que ela estava ali.

Eu Odeio Romeu e JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora