sento

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Nathi

Minha cabeça latejava e a luz do sol fazia doer ainda mais, abrir os olhos era difícil e minha boca estava seca. Não conseguia lembrar de quase nada da noite passada.
Me sento na cama e quando finalmente consigo abrir os olhos vejo que não estava no meu quarto. Olho para os lados numa tentativa de encontrar algo que me disse-se onde estava e vejo fotos de Cabelinho por tudo lado.

- Egocêntrico

Converso comigo alto e tento me levantar sentido meu corpo doer como nunca doeu, vou até ao banheiro, passo uma água em meu rosto e desço as escadas.

- Acordou Preta? Porra, tu dorme de mais

- Não, virei sonâmbula

Respondo ironicamente e ele ri. Reparo na mesa cheia de fruta e umas panquecas, tinha também um sumo de laranja e uns ovos mexidos acompanhado de bacon.

- Tu que fez? - sento na cadeira

- Se eu falar que sim, tu acredita? - Nego com a cabeça - pô, eu fiz o sumo de laranja

Ele senta do meu lado e começa comer.

- A gente... - pergunto com medo da resposta

- Tá doida? Tu tava bebaça. Dormi aqui no sofá a noite toda.

Olho pra lá e vejo uma coberta e uma almofada e concordo com a cabeça comendo uma panqueca com nutella.

- Coé? - ele chama minha atenção - que rolou ontem?

- Tu não sabe como uma pessoa fica bêbada não? - digo com ironia

- Para de graça Nathalia. Tou falando sério com você. Tu não tava bem e eu me preocupo contigo, tá ligado?

Fico em silêncio e respiro fundo para recuperar o fôlego.

- Ontem fez 17 anos que meus pais morreram. - ele me olha em silêncio e eu fecho meus olhos evitando não chorar - é que é tão difícil sem eles, sabe? Me esforço sempre pra mostrar que nada me afeta mas dói tanto não ter eles comigo. Eu sinto tanta saudade.

- Vem cá

Ele me puxa para seu peito, envolvendo meu corpo com seus braços fortes enquanto sua mão massageia minha cabeça. Sinto segurança em seu abraço, como se fosse um lar para mim, me entrego e deixo as lágrimas sair, me permito viver o momento, me permito sentir a dor que eu evito todos os anos nesta data. E era tão aconchegante estar sentindo isso tudo com o apoio dele. Em seus braços.

Ele me afasta e limpa as lágrimas que escorriam em meu rosto, olhando em meus olhos. Conseguia sentir a sua tenção, a sua confusão. Via em seus olhos demasiadas perguntas.

Química - MC CabelinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora