"Eu te conheço há tanto tempo, mas cada dia que passa você parece mais e mais um estranho."
A história de como São Paulo viu Rio de Janeiro mudar ao longo dos anos, desde que se conheceram.
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... Traição tem gosto de sangue ...
Não era uma reforma.
Estavam derrubando a árvore.
— São Vicente-
— Que merda é essa...?— Foi tudo o que eu consegui perguntar.
Guanabara tremeu enquanto me olhava, se aproximando lentamente.— E-eu não queria... ma-mas o Lisboa-
— Ah.— Eu sorri, sentindo um gosto amargo na boca.— O Lisboa de novo?
Guanabara não me respondeu.
— ... é sempre ele né? Ultimamente você fala bastante dele. O Lisboa isso, o Lisboa aquilo... o Lisboa cozinhou para mim, o Lisboa me deu rosas hoje! Ah, o Lisboa tem um pau ENORME e essa é a única parte da personalidade dele que me atrai!
— Ei...! Você-! Você nunca falou assim assim-
— O Lisboa deve ser o melhor noivo do mundo, não é? Me fala, você tá muito apaixonado? Tanto que sai arrancando as lembranças de todo mundo que você conhece, que nem ESTÃO ARRANCANDO A ÁRVORE?!
Nesse ponto os trabalhadores haviam parado, não sabiam se continuavam enquanto nos olhavam confusos.
— Cala a boca!— Guanabara gritou de volta.— Por que você se importa?! Você não vem aqui há mais de seis meses!
— PRA EU NÃO PRECISAR VER VOCÊ E AQUELE PORTUGUES NOJENTO SE BEIJANDO A CADA SEGUNDO!
— EU ACHEI QUE VOCÊ ESTIVESSE FELIZ POR MIM!— Eu não conseguia mais discernir o que era chuva e o que eram lágrimas em seu rosto completamente encharcado.
— EU MENTI! FELIZ?! EU. MEN-TI!— Gritei de volta, tentando fazer minha voz soar mais alta do que os trovões.— OLHAR PRA VOCÊ TODO ALEGRINHO COM O LISBOA ME FAZ QUERER MORRER!
Ele se silenciou, apenas o som da tempestade podia ser ouvido enquanto nós dois nos encarávamos, e eu dizia a pior coisa que poderia sair da minha boca.
— Você me enoja, Guanabara. Você costumava ser alguém bom, um AMIGO bom.— Eu olhei em volta, tentando me conter de dizer o que eu queria, mas a visão da nossa árvore semi-decepada, fez meu coração acelerar, e em um misto de cansaço e fúria, eu continuei.— Mas agora... você é só a putinha de um português rico nojento! Me fala, quanto ele te dá pra você deixar ele-
Fui incapaz de realmente completar a frase, ao que senti um golpe forte ser desferido em minha bochecha, pelo próprio Guanabara. Ele me olhava irritado, mas também machucado.
