Capítulo Quatro

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Regulus ficara em silêncio por alguns minutos. Ele já havia terminado de comer os pãezinhos, mas o jantar ainda não havia chegado, deixando-o sem nada com que se ocupar. O silêncio fora ficando constrangedor, e ele se odiou por ter que encarar as próprias mãos, para evitar olhar para o capitão.

Era difícil olhar para ele. Não por ele ser muito bonito, embora James fosse bastante bonito. E, por mais que Regulus se sentisse confortável na maioria das reuniões que aconteciam no castelo, também era o primeiro a admitir que haviam certas pessoas que eram simplesmente bonitas demais.

E James era uma dessas pessoas.

A beleza de James chegava a deixá-lo tão consigo consigo mesmo que a única coisa que Regulus conseguia fazer era desviar o olhar para não acabar se atrapalhando e falando alguma besteira.

De repente, ele se levantou, foi até a janela e admirou o mar infinito.

Ainda não tivera a oportunidade de explorar a cabine.

Até ser desamarrado, passara o tempo todo deitado, olhando o teto. E, enquanto escrevia a carta para Pandora, estivera absorto demais na tarefa – e em não fazer feio diante do inteligente capitão – para examinar os arredores.

— Essas janelas são de ótima qualidade — observou ele.

Dava para ver que era um excelente vidro. Por mais que estivesse um pouco maltratado, não era distorcido nem ondulado.

— Obrigado.

Regulus assentiu, embora não estivesse olhando para ele.

— Todas as cabines de capitão são confortáveis assim?

— Não fiz um estudo aprofundado, mas em todas em que já estive, sim. Principalmente nos navios militares.

Regulus se virou para ele.

— Já esteve a bordo de um navio militar? — ele desviou o olhar, por uma fração de segundo, mas foi o suficiente para que Regulus notasse que ele não tivera a intenção de deixar escapar aquele detalhe.

— Aposto que você já esteve na Marinha. — disse ele.

— É mesmo?

— Sim. — Regulus arqueou uma sobrancelha. — Como prisoneiro. E isso me parece pouco provável já que me sequestrou.

— Pouco provável por causa da minha impressionante fibra moral?

— Porque é inteligente demais para ser pego.

Ele soltou uma bela risada.

— Vou interpretar isso como o maior elogio, Regulus Lovegood. Principalmente porque sei que é com certa má vontade que está enaltecendo minha perspicácia.

— Seria muito idiota de minha parte subestimar sua inteligência.

— De fato. E, se me permite retribuir o elogio, seria igualmente tolo da minha parte subestimar a sua.

O peito de Regulus foi tomado por uma ligeira euforia. Era tão raro alguém reconhecer a sua inteligência.

E o fato de ter sido ele...

Ele foi até a escrivaninha, que ficava na parede oposta. Acima da escrivaninha havia uma prateleira com vários livros, Regulus levara seus dedos na borda deles, sentindo a textura delas.

— Você costuma ter enjoos no mar? — perguntou o capitão a Regulus.

Ele se virou de repente, surpreso por não ter pensado nisso ainda.

— Não sei...

— Como está se sentindo agora?

— Estou bem... — respondeu Black. Estendendo a frase enquanto se auto avaliava. Nenhum enjôo, nenhuma náusea e nenhuma tontura. — Quase normal, eu acho.

Look After You, starchaserOnde histórias criam vida. Descubra agora