Tzuyu deu uma freada estridente no carro e parou em sua vaga atrás do seu pub. Sana estava certa: Ela era mesmo uma idiota.
E seus filhos mal pudessem ler por causa dela?
Começou a suar frio só de pensar nos filhos passando pelo que ela havia passado. A escola foi um inferno: ainda se lembrava de estar sentada com as outras crianças, na primeira, segunda e terceira série, as observando a aprender ler. Porém independentemente de quanto tentasse, as palavras não faziam sentido para ela. Era só mais uma coisa na qual era pior do que os outros. Não era só a garota pobre cujas roupas fediam à bebida e ao cigarro do pai; ela também era burra.
Tudo bem sempre ter tido facilidade com os números, mas as palavras faziam parte de tudo, principalmente do longo caminho para conseguir terminar a escola. Tzuyu mais faltava do que ia às aulas e chegou à conclusão de que só a deixaram se formar porque os professores não queriam ver aquela figura estranha por mais um ano.
Quantas vezes já disse para si mesma, durante a adolescência, que aquilo não tinha importância? Que não precisava saber ler para ser uma Bartender? No entanto, ser a dona de um pub era uma coisa totalmente diferente de só trabalhar nele. E foi então que precisou encarar a realidade: se não aprendesse a ler não teria a melhor chance de sucesso no negócio. Nossa! como foi uma imbecil com aqueles primeiros professores particulares a quem contratou em segredo, uma babaca tão presunçosa e hostil, aos 21 anos, que os fez desistir, um após o outro. Finalmente havia encontrado alguém que parecia estar mais fascinada pela farsa dela do que qualquer outra coisa. A Sra. Yee. Tinha quase 40 anos e foi rígida com ela de um jeito que nunca ninguém havia sido antes, como se realmente se importasse se ela aprenderia ou não a ler.
Ainda podia se lembrar do dia em que as coisas finalmente começaram a fazer sentido. Havia dado um beijo na boca de Yee Shuhua, que não ficou brava em vez disso a abraçou... e então disse que o caminho ainda seria longo e árduo mas que esperava que valesse a pena. Ela acertou sobre a primeira parte. Tzuyu continuou a "dar seu sangue" com ela, e, mais tarde, quando ela se aposentou, com os outros professores.
Quanto mais o negócio crescia, com mais contratos e correspondências ela tinha que lidar.
As pessoas sempre comentavam sobre a maneira como ela fazia quase todos os seus negócios por telefone ou pessoalmente, em vez de usar o e-mail. Achavam que esse fosse um "toque pessoal". Não lhe importava como chamassem aquilo, desde que ninguém soubesse a razão de ela raramente usar seu computador para qualquer coisa, exceto para planilhas e contas. Pois é, ela sabia ler. Mas ainda é difícil conseguir ler um livro e não conseguia se imaginar fazendo isso por prazer.
Ah, Deus, por favor, se pegou rezando em silêncio, faça com que nossos filhos tenham o cérebro dela, não o meu.
Uma das garçonetes a viu sentada dentro do carro agarrado ao volante como se fosse morrer e acenou discretamente antes de se afastar quando percebeu que sua chefe estava realmente fora de controle. Não só um pouco, mas totalmente fora de controle. Saber que seria mãe de gêmeos no outono a levaria à maior virada de sua vida. Tão grande, que não conseguia pensar em outra coisa a não ser prender Sana a ela, fazer o que fosse necessário para ter certeza de que ela não a abandonaria, para garantir que ela e seus filhos fossem saudáveis.
Obviamente que ao folhear as páginas centenas de palavrinhas riram na cara dela. Tente nos ler agora, cada uma daquelas palavras a desafiava. Boa sorte sua fracassada!
Se Sana descobrisse que ela mal poderia ler...
Tirou o livro do colo e jogou no chão do carro. De qualquer maneira, não tinha tempo para ler isso agora. Sua assistente já havia ligado várias vezes a chamando para meia dúzia de reuniões por telefone marcadas para hoje. Havia reuniões importantes às quais ela normalmente teria dado sua atenção total, emergências que apareciam nos novos pubs que a teriam feito pegar o próximo avião saindo de Seul... em vez de só tentar se livrar rapidamente de tudo aquilo e voltar para junto de Sana.
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Só Tenho Olhos Para Você | Satzu G!P
FanficA mulher que Tzuyu deseja mais que qualquer outra, é aquela que ela nunca deverá ter... mas como resistir? Tzuyu sabia o que o amor significava. Ela se lembrava bem de seus pais: quando as coisas ficavam difíceis, o amor era mais um problema a resol...