Sana caminhava pelo corredor em direção ao seu apartamento, folheando as correspondências que não recolheu a semana toda, quando ouve uma voz baixa chamá-la:
"Sana"
"Você me assustou!" - ela deu um gritinho, quase derrubando a pilha de correspondências. - "Ah, meu Deus, Tzuyu!" - as contas e propagandas caíram da mão dela.
Ela parecia ter levado uma surra em um beco. Estava coberta de escoriações e sangue seco, da testa ao queixo.
"Parece pior do que realmente é." - Ela ela tocou na mandíbula. - "Deveria ter passado em casa antes para me limpar." - Mesmo com hematomas e cortes cobrindo-lhe o rosto, continuava absurdamente linda ao perguntar: "Tem alguma chance de você ainda lembrar como se faz um curativo em uma garota depois de uma briga?"
Sana sabia que precisava destrancar a porta e levá-la para dentro, mas precisava abraçá-la naquele exato segundo. Ela abriu os braços e Tzuyu caminhou para dentro deles, apertando-a contra si.
"É tão bom ver você" - disse com o rosto enfiado nos cabelos dela. - "Tão bom abraçar você."
Sana não sabia responder quanto tempo ficaram daquele jeito no meio do corredor. Tudo que sabia que não queria soltá-la. Tudo pareceu tão perfeito naquela manhã, como se, talvez, houvesse uma chance de serem "felizes para sempre".
Sem tirar a cabeça do peito de Tzuyu, Sana perguntou:
"Quem fez isso com você?"
A Chou finalmente desvencilhou-se dos braços dela.
"Vamos entrar."
Ela franziu o cenho. Aquilo não era uma resposta.
As mãos dela tremiam levemente ao enviar a chave na fechadura, mas tentou ficar calma enquanto foi até a cozinha, achou uma toalha e abriu a torneira com um jorro de água morna para molhá-la.
Meu Deus, odiava ver Tzuyu machucada. Ela era tão maior do que Sana, mas queria protegê-la, queria garantir que ela não tivesse mais dor do que já provou na vida.
A voz da Chou soou atrás dela:
"Fui ver a Jinni agora à noite."
A Minatozaki virou-se da pia, esquecendo-se da toalha molhada na mão e espalhando água nas paredes.
"Por quê?" - Ela sabia por quê. – "Você contou a ela sobre nós, sobre a gravidez, não contou?" - Quando Tzuyu negou, a mágoa tomou conta dela enquanto continuava: "Como pôde fazer isso? Você me prometeu que esperaria! Prometeu que me deixarei resolver as coisas antes." - Ela a amava, sempre a amaria, mas estava muito zangada com ela também. - "Por que me pediu uma semana se, na verdade não a daria para mim?"
"Você fica se agarrando a essa coisa de uma semana, mas, depois de ontem, depois de hoje de manhã, sabe tanto quanto eu que as coisas entre nós são diferentes agora."
"Diferentes? Diferentes? Como as coisas poderiam ser diferentes se você continua a agir como se mandasse no mundo e o restante de nós devemos obedecer cegamente a todas as suas ordens?"
"Não vou ficar escondendo a verdade da sua família."
"A verdade? E qual verdade é essa, exatamente? Que você não tem o mínimo de respeito pelas minhas vontades? Que simplesmente tem o que quer, quando quer? Que é tão importante me fazer casar com você que precisou, contra minha vontade, contar a minha irmã que tinha cometido o erro de dormir comigo e me engravidar?"
"Quer escutar a porcaria da verdade?'
A Chou nunca havia levantado a voz para ela desse jeito antes; nem Sana para ela.
"Claro que quero, mas você não seria capaz de reconhecer a verdade mesmo que ela batesse na sua cara, como os socos da minha irmã."
O silêncio abrupto se seguiu foi diferente de tudo que ela já experimentou antes.
"Estou apaixonada por você, Sana"
Sana esperava por esse momento da vida toda... mas nem seus sonhos mais absurdos imaginou ser desse jeito, enquanto gritavam uma com a outra, quando estava furiosa com ela.
"Sou apaixonada por você desde que quando éramos crianças, desde a primeira vez que uma garotinha de 5 anos olhou para mim e me perguntou se eu queria brincar de boneca."
"Você disse que não" - As palavras, as lembranças, vieram à tona antes que ela pudesse impedi-las. - "Você disse que não brincaria de boneca comigo nem se alguém colocasse uma arma na sua cabeça. Me deixou assustada." - Mesmo naquela época, sabia que não deveria estar falando sobre armas com uma garotinha de 5 anos, mas a Chou não seguia as regras de ninguém. Ao contrário de Sana, que sempre agia de acordo com as regras... até o casamento de Yuta quando as deixou de lado por desejo.
E amor.
"Eu só disse essas coisas porque odiava como me sentia quando você olhava para mim. Como ainda me sinto toda vez que estou com você. Que droga, Sana, toda vez que penso em você, sinto como se finalmente tivesse encontrado algo, alguém que realmente faça a diferença. Só que nunca tive a menor ideia do que fazer para ter você, de como ser digna de você."
Quanto tempo quis acreditar que fez a diferença para ela? acreditar que o amor impossível fosse possível?
Os braços de Tzuyu a envolveram quando ela se sentou na cadeira da cozinha e a puxou para o colo dela.
"Eu sei que pisei na bola. Feio." - Ela tirou um fio de água do rosto dela. - "Sou uma idiota, lembra?
'Não" - ela teve que discordar-, "não é. Você é tudo, menos isso, Tzu."
Mas foi como se ela nunca houvesse falado.
"Por favor, me deixe recompensar você" - Ela passou os dedos pelos cabelos dela, a puxou para mais perto. - "Por favor, não fique brava comigo. Não me mande embora. Mesmo que eu mereça."
Amar e odiar alguém ao mesmo tempo é uma sensação muito louca. Sana sabia. disso, mas nunca foi capaz de impedir o que sentia pela Chou.
Tudo de uma vez, a semana repleta de altos e baixos, de animação e medo, de alegria e fúria, tomou conta dela. Não queria pensar sobre as consequências da conversa que ela acabou de ter com Jinni, não conseguia nem começar a processar o que queria ter um amor real e verdadeiro de Tzuyu.
Tudo o que queria sentir.
"Preciso de você." - A garganta dela estava embargada de emoção. - "Faça amor comigo."
Talvez, ela pensou enquanto brigava freneticamente com a fivela do cinto dela, fosse mais fácil de acreditar se estivessem com a pele sobre a pele, conectadas pela carne, pelo calor e pelo prazer. Talvez, então, fosse capaz de acreditar nas palavras de amor dela em vez de sentir que simplesmente lhe escapavam, fugindo antes que ela pudesse alcançá-las.
Sim, era exatamente disso que ela precisava agora. Prazer no lugar da confusão. Êxtase no lugar do medo. E mesmo assim, se lembrou tarde demais de que sexo com Tzuyu não era tão simples assim, nunca foi só pelo prazer. Sempre foi uma combinação tão perfeita, seus corpos absolutamente em harmonia um com o outro, mesmo durante aquela primeira noite roubada em Napa.
Desta vez, não era só a atração que as unia, não era só aquela fagulha de excitação e prazer que fazia tudo parecer tão bom. Era a possibilidade de que a magia entre elas era mais que algo superficial, mais do que hormônios e paixão inevitável.
Que lindo cara 😭.
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Só Tenho Olhos Para Você | Satzu G!P
Fiksi PenggemarA mulher que Tzuyu deseja mais que qualquer outra, é aquela que ela nunca deverá ter... mas como resistir? Tzuyu sabia o que o amor significava. Ela se lembrava bem de seus pais: quando as coisas ficavam difíceis, o amor era mais um problema a resol...