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"Na alma da maioria dos homens grunhe ainda, baixo e voraz, o focinho do porco."

- Abílio Guerra

- Darya Break -

23:40 - 07/Setembro

E lá estava eu, na cidade de Los Angeles, em mais uma noite fria e torturante com ele, nem sabia se ainda poderia chamá-lo de pai, ele já fez muito por mim mas também queria muito de mim.

Seria esse o valor da minha passagem na Terra?

Começou quando tinha apenas 9 anos, estava deitada na minha cama olhando para o teto procurando algo que me fizesse dormir mais rápido, foi nesse momento que a porta se abriu e pude ver meu pai adentrando o quarto. O forte cheiro de álcool invadia minhas narinas. Ele estava bêbado e isso era perceptível pela forma como andava, fazendo esforço para não cair. Enquanto ele se aproximava da cama eu me levantava para poder visualizar melhor o adulto que entrara no meu quarto as exatamente 22:37 da noite de acordo com o meu alarme ao lado da cama.

- Papai? Aconteceu algo?

- Não querida, papai está bem. - Se sentou ao meu lado na cama - Vem cá, senta aqui. - Apontou para seu colo.

Não me parecia nada anormal sentar ali, uma relação de pai e filha era assim. Certo?

Me arrastei pela cama até chegar na ponta, ele mesmo segurou em minha cintura e me levantou. Seus dedos passavam a alisar meus fios castanhos e escuros, tudo era bom, gostava de toque físico, me sentia feliz ao seu lado.

- Você cresceu, está bonita, uma mocinha, poderia até ser modelo se quisesse.

- Sério? Mas eu não quero ser modelo papai!

- Oh, desculpa, então me diz: o que você quer ser? - Suas mãos já trocavam de direção, agora, as pontas de seus grandes dedos começaram a deslizar pela minha coxa, e o calor da sua respiração se instalou na curva do meu pescoço.

- Não sei. - De repente os toques pareciam cócegas pelo meu corpo. - Para papai, isso faz cócegas! - Sorri me divertindo com o momento.

- Essa sua blusinha cor de rosa parece apertada, vou tirar ela pra você.

- Não papai, não está não. - Mesmo com os protestos, ainda sim a pequena parte do meu pijama foi ao chão.

Parecia estranho, seus olhos brilharam naquele instante ao ver meu pequeno corpinho. Era como se ele estivesse em um transe, totalmente focado em me admirar.

- O que foi pai? - Depois da pergunta senti seus grandes braços ao meu redor e logo retribui, junto, senti algo dolorido em meu pescoço, como um belisco puxando minha pele e depois um aperto vindo do meu pequeno mamilo. - I-isso dói, para por favor.

- Quietinha querida, vai ficar tudo bem...Eu só preciso de... - De que? Essa era a pergunta que vagava na minha mente, além de outras, muitas outras. - Não se mexa! - Seu tom aumentou quando me deitou na cama, como uma ordem.

Nesse momento senti meu corpo quente - não de uma forma boa. -, algumas partes do meu corpo estavam melequentas de saliva, me causando nojo.

Suas mãos me acobertavam junto ao seu corpo, me tocando em todos os cantos, causando agonia.

Eu me debati, mas era fraca. O que é isso? É estranho, e eu não quero.

Tentei, eu tentei me livrar, tentei empurrar, mas nada funcionava. Seus beijos estranhamente dolorosos se espalharam.

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