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"Nada é permanente nesse mundo cruel. Nem mesmo os nossos problemas."

- Henri Verdoux

- Darya Break -

??:?? - 08/Setembro

— Ei, acorda, se levanta, garota. — A voz feminina me chamava no fim do túnel, e de repente meu corpo inteiro doía.

Finalmente abri os olhos e me sentei na cama, porém não tive a oportunidade de reparar o quarto onde estava. Minhas costas ardiam em dor e minha cabeça pesava, então rapidamente cai no colchão novamente.

Olhando de esgueira, uma mulher, aparentemente da minha idade, estava parada ao meu lado. Seus cabelos longos castanhos — Moreno iluminado — escorriam em seu torso. O nariz perfeitamente fino e seus lábios médios traziam uma aparência perfeita a ela.

— Fique quieta e não se mexa, ok? — Seu olhar entediante demonstrava seu desinteresse em mim. — Seu primeiro cliente chega daqui a uma hora e meia, te limpei enquanto dormia, então só falta a roupa.

— Espera, cliente? Roupa? Do que está falando? — Me levantei e sentei na cama mesmo com dor.

— Sim meu anjo, cliente, ou prefere que eu desenhe? Pega aí, se veste rápido. — Disse ao jogar uma muda de roupas em mim. Assim que ergui meu braço para segurar, ele se moveu com dificuldade, como se estivesse quebrado, mas sabia que não estava. — Também tem alguns remédios para dor e inflamação, tome-os para não dar trabalho.

Eu pedalava feliz pela calçada, tinha acabado de ganhar uma bicicleta cor de rosa novinha de presente. Mamãe corria atrás de mim para tentar me alcançar.

— Filha, vai devagar — Ela sorria enquanto corria levemente.

— Olha mãe, eu sei andar agora, quero ver me alcançar. — Gargalhei.

O mundo desapareceu. Meu foco era conseguir pedalar o mais rápido possível diante do piso de concreto. Atrás de mim minha mãe gritou, me fazendo diminuir a velocidade, e quando me virei para trás me assustei com o forte cachorro correndo em minha direção.

Em um susto meu corpo se moveu sozinho, acelerando sobre as duas rodas.

Sua velocidade era maior que a minha e em algum momento minhas pernas vacilaram e rodopiei por cima da bicicleta, quando coloquei minha mão abaixo de mim como forma de me fixar ao chão e amaciar a queda, aparentemente não aguentei meu próprio peso e me larguei por cima do braço que deveria estar de apoio.

Senti uma dor enorme e um ar desesperado. O cachorro latia enquanto eu chorava e gritava por ajuda, o canino parecia agitado e pude ver o vulto de seu dono o prendendo na coleira.

— Filha, você está bem? — Minha mãe, a mulher mais linda desse mundo inteiro, se aproximou. Seus cabelos levemente ondulados na cor castanha e seus olhos esverdeados — os mesmos que não tive a sorte de herdar —, me encararam preocupados.

Depois daquela tarde fomos ao hospital e eu tinha quebrado meu braço um pouco depois do pulso. Passei 1 mês e meio com gesso e mais algumas semanas na fisioterapia. Nada que o dinheiro não pudesse comprar.

— Vai logo ou quer que eu te vista também?

— Tá, tá bom. — Em minha mente havia uma grande confusão, todavia deveria obedecer até descobrir o propósito de tudo.

Andei ao banheiro ignorando todas as dores corporais, o banheiro se tornou luxuoso, com uma grande banheira de gesso à minha direita. A roupa que mantinha em minhas mãos eram peças íntimas e um tipo de maiô que não cobria absolutamente nada, apenas uma parte da barriga e os seios. De resto, na lateral da cintura e no umbigo tinham áreas abertas e sua cor era preta. Também me entregou um short jeans azul escuro que não cobria metade do que realmente deveria.

Trust Or DieOnde histórias criam vida. Descubra agora