Trust Or Die

14

"Aceita o conselho dos outros, mas nunca desistas da tua própria opinião."

- William Shakespeare

- Darya Break -
14:30 - 15/Outubro

A luz pairou sobre minhas pálpebras, me cegando por alguns instantes.

Me sentei na cama de lençóis brancos, e com dificuldade encarei os móveis do quarto.

Onde eu estou? Na mesinha de canto ao meu lado, havia uma escova de dentes e uma muda de roupas na qual não conhecia de quem era.

- Acordou - A voz grave chamou minha atenção até a janela de longas cortinas, ele as abriu? - Está tudo bem? Você se lembra de algo antes de cair no sono?

Algo antes de cair no sono.

Pisquei algumas vezes, encarando as grande mãos de Tyller rodeadas de tatuagens, vasculhando minha cabeça até encontrar alguma informação.

Lembrar de quê?

A tatuagem de escorpião, as bebidas, o carro, o apartamento, o banheiro.

- Ai meu Deus! - Despertei rapidamente, lembrando de toda a madrugada.

"Eu sou nojenta?"

"Eu não sou um monstro."

"Proteger."

"Quantos você tomou?"

"Lembre do que te falei princesa."

A eletrização arrepiou os pelos de meus braços, fazendo minha cabeça doer esporadicamente, ou talvez não seja por isso.

Levei a ponta dos dedos até as têmporas e espremi os olhos.

- Escove os dentes e venha até a cozinha. - Disse antes de sair, deixando a porta aberta.

Não acredito que tanta coisa possa ter acontecido em apenas uma noite. Os sentimentos ainda eram vividos em meu interior, queimando como uma fogueira.

Medo, raiva, angústia, desespero, orgulho e reflexão...

Todos eles se misturavam como um verdadeiro furacão dentro de mim.

Seria esse o meu único destino? Viver atormentada pelo resto da vida sem poder fazer nada.

A cada segundo precisaria estar de olho em todos que poderiam chegar perto de mim

Isso não é viver, e se for para viver assim, de que adiantaria. Se fosse esse o tão sonhado futuro que as escolas queriam que nós planejamos, o que adiantaria se manter nesse mundo?

Seria meu orgulho fraco o suficiente para ir embora daqui?

Afastei os pensamentos quando o baque da geladeira ecoou.

Espreguicei ainda sentada na cama e agarrei a escova, saindo do quarto e entrando no banheiro.

Escovei os dentes e lavei meu rosto com água. Meu nariz estava vermelho, acompanhado dos meus olhos inchados e caídos em uma expressão neutra, eu estava parecendo um zumbi.

Me direcionei à cozinha, à procura do dono da casa.

Cozinha americana, simples e bonita, suas cores em maior parte eram branco e cinza.

Além dos utensílios básicos como geladeira, fogão, pia e armários, ali existia uma balcão de mármore branco com detalhes pretos, e ao lado dele, em uma altura mais baixa uma pequena mesa cinza retangular com cinco cadeiras pretas.