15

268 18 27
                                    

"A vida afetiva é a única que vale a pena. A outra apenas serve para organizar na consciência o processo da inutilidade de tudo."

- Miguel Torga

- Tyller Rossi -

08:00 - 16/Outubro

Minhas pálpebras despertaram e meu corpo se ergueu do colchão. Os cantos oculares lacrimejando e a visão levemente embaçada.

Me estiquei para alcançar o celular sobre a mesinha ao lado da cama, imediatamente o ligando e notando a falta de iluminação da tela.

— Droga.

Me sentei na cama, sentindo a ferida pulsar entre o curativo. Pressionei os olhos como forma de suportar a dor aguda.

Respirei fundo e me direcionei ao banheiro particular do cômodo.

Saí do quarto com os fios negros do cabelo pingando no chão. Troquei o curativo e coloquei uma regata branca acompanhada de uma bermuda cinza moletom.

A alguns metros de distância estava Darya cozinhando. Ela vestia uma camiseta de algodão branca, e junto um shorts de lycra preto que quase não aparecia, pelo tamanho de sua parte de cima.

— Bom dia. — Comprimentou baixo quando notou minha presença, voltando a mexer na frigideira.

Me aproximei e pude reparar que ela estava fritando ovo.

— Achei que não gostasse de ovo. — Me encostei no balcão atrás dela.

— Não gosto, é pra você.

— Pra mim? — Me surpreendi. — Refugiei uma garota e ganhei uma empregada? Valeu a pena a dor de cabeça.

— Se eu vou ficar aqui, tenho que ajudar, não é?

— Nossa, quer fazer uma massagem nas minhas costas não? — Provoquei risonho.

Seus cabelos médios escorrendo pelas costas e balançando à medida que se movia para tirar os mistos da sanduicheira.

Finalmente ela se virou para me encarar. Seu rosto ainda estava um pouco pálido e as olheiras eram profundas abaixo de seus olhos, mas ainda era reparável que ela estava começando a ter cor novamente.

— Se falar isso de novo eu termino de te esfaquear! — Ameaçou cerrando os olhos em minha direção.

— Calma. — Levantei as mãos. — Quer que eu te pague ou prefere fazer de graça?

Em um movimento rápido ela segurou a frigideira e virou todo o conteúdo da lixeira, mantendo a sua expressão cansada.

— Fica com fome então. — Sentou-se na mesa com os dois mistos quentes.

— Mas que vagabunda. — Sussurrei.

— Está na minha casa de favor, e ainda mostra sua ingratidão desse jeito? — Sentei ao seu lado e tirei um dos lanches de seu prato, imediatamente mordendo a borda do pão.

— Não seja por isso, posso ir embora agora mesmo.

— Nem precisa se dar ao trabalho. — Fechei minha expressão ao reparar que a mulher não parecia estar tão contente com minha postura um tanto quanto brincalhona.

— Como?

— Consegui um apartamento pra você aqui no prédio! — Afirmei.

— Recuso!

— Proposta irrecusável. — Cortei-a.

— Já disse que não quero ficar aqui. — Começou mordendo seu café da manhã.

Trust Or DieOnde histórias criam vida. Descubra agora