"A vida afetiva é a única que vale a pena. A outra apenas serve para organizar na consciência o processo da inutilidade de tudo."
- Miguel Torga
- Tyller Rossi -
08:00 - 16/Outubro
Minhas pálpebras despertaram e meu corpo se ergueu do colchão. Os cantos oculares lacrimejando e a visão levemente embaçada.
Me estiquei para alcançar o celular sobre a mesinha ao lado da cama, imediatamente o ligando e notando a falta de iluminação da tela.
— Droga.
Me sentei na cama, sentindo a ferida pulsar entre o curativo. Pressionei os olhos como forma de suportar a dor aguda.
Respirei fundo e me direcionei ao banheiro particular do cômodo.
Saí do quarto com os fios negros do cabelo pingando no chão. Troquei o curativo e coloquei uma regata branca acompanhada de uma bermuda cinza moletom.
A alguns metros de distância estava Darya cozinhando. Ela vestia uma camiseta de algodão branca, e junto um shorts de lycra preto que quase não aparecia, pelo tamanho de sua parte de cima.
— Bom dia. — Comprimentou baixo quando notou minha presença, voltando a mexer na frigideira.
Me aproximei e pude reparar que ela estava fritando ovo.
— Achei que não gostasse de ovo. — Me encostei no balcão atrás dela.
— Não gosto, é pra você.
— Pra mim? — Me surpreendi. — Refugiei uma garota e ganhei uma empregada? Valeu a pena a dor de cabeça.
— Se eu vou ficar aqui, tenho que ajudar, não é?
— Nossa, quer fazer uma massagem nas minhas costas não? — Provoquei risonho.
Seus cabelos médios escorrendo pelas costas e balançando à medida que se movia para tirar os mistos da sanduicheira.
Finalmente ela se virou para me encarar. Seu rosto ainda estava um pouco pálido e as olheiras eram profundas abaixo de seus olhos, mas ainda era reparável que ela estava começando a ter cor novamente.
— Se falar isso de novo eu termino de te esfaquear! — Ameaçou cerrando os olhos em minha direção.
— Calma. — Levantei as mãos. — Quer que eu te pague ou prefere fazer de graça?
Em um movimento rápido ela segurou a frigideira e virou todo o conteúdo da lixeira, mantendo a sua expressão cansada.
— Fica com fome então. — Sentou-se na mesa com os dois mistos quentes.
— Mas que vagabunda. — Sussurrei.
— Está na minha casa de favor, e ainda mostra sua ingratidão desse jeito? — Sentei ao seu lado e tirei um dos lanches de seu prato, imediatamente mordendo a borda do pão.
— Não seja por isso, posso ir embora agora mesmo.
— Nem precisa se dar ao trabalho. — Fechei minha expressão ao reparar que a mulher não parecia estar tão contente com minha postura um tanto quanto brincalhona.
— Como?
— Consegui um apartamento pra você aqui no prédio! — Afirmei.
— Recuso!
— Proposta irrecusável. — Cortei-a.
— Já disse que não quero ficar aqui. — Começou mordendo seu café da manhã.
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Trust Or Die
Mystery / ThrillerPor cerca de 12 anos, Darya Break era semanalmente tocada pelo seu pai, o mesmo que após a morte da esposa mudou totalmente com sua única filha. Esse tempo todo Darya tentou escapar daquelas mãos pegajosas que a seguravam, mas não obteve sucesso. At...