Eu tenho certeza

30 4 5
                                    

Tá,já era mais ou menos 21:30 da noite quando a maioria já estava bêbada ou dançando até cair,literalmente.

Enquanto isso,eu estava sentada na mesa com Vicente quando o mesmo me encara quando começa a tocar  Jeito carinhoso.

— Vem,dança comigo? – O mesmo me convida,mas mesmo com sua cara de pidão,eu recuso,o mesmo da de ombros e vai dançar sozinho,o que me faz rir.

Ele realmente dominava muito bem o que fazia com os pés,quando Dona Elvira passa por ele,o mesmo a puxa levemente falando algo pra ela e puxando ela pra dançar.

Dona Elvira ri,mas acompanha Vicente que conduzia ela.

Quando ela dá um chega pra lá nele e vai fazer o que ia fazer ela chega perto de mim.

— Vai dançar com o seu namorado menina. – Diz dando umas batidinhas na minha mão e eu rio indo até ele no meio de todos.

O rosto do mesmo parece se iluminar e ele abre aquele sorriso lindo pra mim.

— Pelo visto consegui te tirar dali né. – Fala e eu rio. — Dança comigo? – Indaga estendendo a mão pra mim e eu apenas coloco minha mão na dele.

O mesmo me puxa pra ele me conduzindo com a mão no meu quadril movendo ele como deveria, ele me girava e acompanhava meu balanço de quadril,quando ele me dava um pouco de espaço era para fazer seu samba e me puxar pra ele novamente.

Eu não fazia ideia do que tava fazendo,mas estava confiando no mesmo pra me conduzir,afinal ele sabia bem o que tava fazendo.

Quando a música troca para Gamei, ele se junta a mim num samba lentinho,colando o rosto no meu antebraço que estava em volta de seu ombro.

Quando ele me olha com aqueles olhos bem pretos e brilhantes era difícil não sorrir.

— Você fala do meu sorriso,mas eu tô hipnotizado pelo seu. – Diz o mesmo tocando meu queixo e eu rio sem graça.

— Obrigada,galanteador,posso saber onde aprendeu a sambar tanto? – Pergunto mudando de assunto e ele ri levantando a cabeça do meu braço e me colando com ele,me deixando sem reação.

— Dons de Dona Maria Helena,mas com uma pitada de Seu Luiz,meu pai. – Diz orgulhoso e eu rio.

— Sua paixão por tudo isso veio deles? – Questiono e ele ri fraco.

— Também,sempre fui influenciado por tudo isso desde pequeno,mas depois que aprendi a tocar pandeiro,não me via mais fazendo outra coisa. – Explica e eu sorrio genuinamente com o mesmo falando com tanta paixão. — E você?quando se apaixonou pelo Surf? – Diz voltando a realmente dançar comigo,me girando devagar.

— Também foi influência da minha mãe que gostava muito de surf e consequentemente ela e meu pai tornaram isso algo deles e eu tornei algo meu,a gente sempre morou perto de praia e isso só fez com que cada vez eu tivesse certeza de que gostava muito do que fazia. – Explico e o mesmo abre um sorriso. — Foi por isso que decidi fazer biologia além de amar surf,o oceano me chamou bastante atenção também. – Digo desviando o olhar e quando olho de novo pro mesmo,ele estava mais perto do que havia percebido.

— Quer sair daqui? – Indaga o mesmo sorrindo travesso e eu rio nasalmente.

— Se eu concordar,pra onde vamos?

— Não sei,talvez andar pela calçada ali da praia,sentar num banquinho que tem ali por perto,lá fora tá mais fresco. – Diz passando a mão pelas minhas costas e eu sinto sua respiração de tão perto que ele estava.

— Tá,vou avisar alguém que não esteja bêbado e aí a gente saí. – Digo mandando mensagem pra Allan que de longe,de feliz com Alicia agora parecia triste e irritado e a mesma tinha simplesmente sumido.

Quando eu e Vicente saímos do bar,um vento fresco veio de imediato,e o mesmo agarrou na minha mão e fomos meio que correndo pro outro lado da rua se afastando do bar,o barulho do mar foi ficando mais alto e logo nos sentamos no banquinho que havia ali por perto.

— Pelo visto a bateria social foi pro lixo,desisitiu de dar seu show no meio de todos. – Digo e Vicente ri.

— Não é bem assim,mas o barulho de lá estava me deixando cansado, além de que eu estava focado em uma certa pessoa,não teve tempo da bateria arriar. – Diz e eu fico quieta sabendo que ele falava de mim.

— Entendi,...então gostou da noite?você tocou e cantou muito. – Digo e ele ri sem graça.

—  Obrigado e sim,eu gostei,pode me chamar mais vezes,vou adorar te ver quase todo dia da semana. – Diz batendo com seus ombros no meu, como se fosse uma dica e eu rio.

— Quem sabe. – Digo e ele só me encara sem dizer nada.

— Trabalha ali a quanto tempo? – Vicente pergunta mudando um pouco o assunto.

— Desde os 15 anos. – Digo e o mesmo não parece surpreso.

— Também comecei a tocar na roda de samba com essa idade. – Diz parecendo lembrar de algo que faz o mesmo sorrir.

— Da pra ver na sua cara que samba é a sua vida. – Digo e ele ri concordando.

— Posso dizer o mesmo de você com o surf. – Fala e eu concordo sorrindo quando sinto um vento frio e me arrepio inteira.

O mesmo percebe tirando a camisa de botão que estava como terceira peça no corpo do mesmo,o que era um milagre e coloca por cima de mim me fazendo sorrir e dizer obrigada e por pura vontade deito minha cabeça em seu ombro, enquanto o mesmo me abraça de lado.

Era engraçado o como em uma semana Vicente tinha me trazido seu melhor lado,o quanto ele era gentil, engraçado,cara de pau e lindo.

Queria dizer que queria ter mais certeza sobre ele,mas quem eu queria enganar? Eu tenho certeza.

Não vou sair o beijando nesse momento.

O que é uma pena.

Mas acho que agora eu sei que posso continuar o que for que tiver que acontecer.

No ritmo do SambaOnde histórias criam vida. Descubra agora