capítulo 15

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capítulo 15.

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laura.

há quem diga que a melhor fase na vida do cristão é quando ele volta a presença de deus, contudo, ninguém conta o processo de lapidação que o vaso precisa passar até chegar aonde deus quer.

tornei-me uma mulher muito orgulhosa no decorrer dos anos, ciente de meus próprios erros, ainda assim, alheia as soluções.

estou consciente de que preciso liberar o perdão, mas não consigo e não sei se quero fazer isso.

ao meu ver, daniel merece pagar até mesmo com a vida por tudo que me fez sofrer, sendo indigno até mesmo da minha pena.

a playlist animada colocada pelo italiano durante o trajeto ao jardim botânico deixa a atmosfera bem mais leve do que meus próprios pensamentos.

"você já foi ao jardim botânico?". "já conheceu o museu botânico?". giovani interroga, o sorriso largo no rosto é contagiante.

"apesar de já estar em são paulo a um período de tempo considerável, não visitei o parque, dizem que é lindo lá". expliquei-me, ativando o modo tagarela do italianinho alegre, que começou a narrar suas visitas ao parque.

passei a compreender as razões pelas quais ele me pediu para preparar uma cesta de piquenique, os bosques do parque são propensos a essa atividade.

detalhou com veemência os itens da biblioteca que visitou mais de uma vez, por mera curiosidade de conhecer.

O acervo da Biblioteca fornece insumos à produção técnico-científica. Constitui-se principalmente de monografias e periódicos científicos nacionais e estrangeiros. É uma coleção robusta e altamente especializada em Ciências Naturais, contemplando a Zoologia, Botânica e Meio Ambiente.

embora tenha optado pelo curso de administração de empresas, o italiano não escondeu o fascínio pela zoologia.

"mas por que você cursou administração de empresas ao invés de zoologia, sendo que gosta tanto do assunto?". giovani responde minha pergunta com um pequeno sorriso triste, de forma resignada.

"eu faço parte da família greco laura, todos nós precisamos trabalhar na mesma coisa do nosso pai, nem podemos sonhar com outra profissão". "eu cheguei a iniciar o curso, com a ajuda do andré obviamente, mas não pude concluir porque meu pai descobriu e quase matou nós dois".

o jeito alegre do caçula da família greco passa a impressão de que giovani quase não sofre, quando na realidade tem suas próprias frustrações com a vida.

"eu estou conhecendo um novo lado seu, não sabia que você tinha essa pequena tristeza dentro de você, quer dizer, você sempre foi alguém tão alegre, sorridente, espontâneo". ele estaciona o carro e antes de descermos, aperta uma de minhas mãos.

"vamos procurar um lugar para sentarmos e comermos, vou te contar meu testemunho de conversão, como você, ou melhor, seus livros me livraram do fundo do poço em que eu estava me enfiando e se não fosse pelo andré estaria com a vida acabada hoje

"bem, senta que lá vem história".

antes dele falar, sirvo um copo de suco para cada um de nós e lhe entrego um sanduíche.

"meu pai acabou descobrindo que ao invés de cursar administração estava fazendo zoologia, fiquei chateado mas não podia fazer nada então comecei a faculdade dos sonhos do seu giuseppe". "antes da minha conversão eu alternava entre momentos de rebeldia e de bom comportamento, meu irmão era um homem bem maior, encolheu de estresse mesmo". começo a rir enquanto ele dá uma mordida no sanduíche.

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