capítulo 10

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capítulo 10.

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giovani.

a notícia de que meu irmão está lendo a bíblia me enche de esperanças de uma futura conversão.

devo admitir que o negligenciei e na verdade me arrependo por isso.

fomos a empresa juntos, no mesmo carro.

"você não vai me contar o que te fez aceitar assumir a família assim do nada?". tinha esperança de conseguir uma resposta, embora saiba que andré jamais vai me dizer, especialmente se colocar minha vida em risco.

"não". ele manteve seus olhos fixos no trânsito.

"o que me deixa mais triste é que eu sempre dividi tudo com você, te contei todos os meus segredos, você é o meu melhor amigo e confidente". "para descobrir sobre o seu passado eu precisei perguntar quando você estava bêbado, você não confia em mim ou está com medo de alguma coisa?".

despertei uma expressão em seu rosto totalmente indecifrável.

"é isso que você pensa?". "que eu não confio em você?". ele parou o carro em frente à empresa, olhando-me. "eu quero deixar três coisas bem claras para você giovani, se depois você quiser pensar mal de mim fique à vontade, não tenho preocupação com isso". "a primeira delas, nunca te contei sobre o meu passado não porque não confio em você, mas porque não queria que você soubesse o tipo de pai que você tem, o homem maravilhoso que te gerou e você tem que entender que isso me machuca muito". "você já perdeu um filho?". "já perdeu dois filhos de forma trágica sem poder fazer nada para evitar?". "a sua filha já morreu nos seus braços?". "não, né?". "você já tentou buscar a calento paterno para desabafar as suas dores e se lembrou que o seu próprio pai matou a sua família?". "você precisou testemunhar a morte da única pessoa que te controlava?". "sua mãe já morreu nos seus braços?". "a segunda coisa que eu quero deixar claro é que eu não te contei para que você não tivesse pena de mim, não me visse como um inútil, não me tratasse como alguém que poderia se quebrar a qualquer momento, uma tacinha de cristal que não pode receber notícias ruins porque é frágil e vai se quebrar em mil pedaços".

o que mais me dói não são suas palavras que me atingem diretamente, mas a decepção estampada em seu rosto.

permaneço em silêncio, permitindo que prossiga.

"a terceira coisa, talvez a menos importante para você porque o que importa é o que eu te digo e não o que eu demonstro". "você é a única pessoa que me importa nessa vida, é o motivo de eu levantar, é a pessoa que quando eu penso em fazer besteira vem na minha cabeça". "mas como vai ficar o giovani?". "se eu tivesse que escolher entre a minha vida e a sua, eu com certeza escolheria você". "eu quero tentar te explicar com toda a calma do mundo para não perder minha paciência que eu queria ter momentos bons para dividir com você, eu queria ter aquelas coisas que você me conta direto quando está animado com alguma coisa, a questão é que eu não tenho esses momentos bons para contar para você". "quando e se um dia eu tiver pode ficar tranquilo que eu te conto, tá bom para você ou eu tenho que explicar mais alguma coisa?".

ele desceu do carro, deixando-me sozinho.

é preciso saber o momento e a forma de colocar as palavras, do contrário, uma confusão pode ser desencadeada.

meu irmão e eu sempre trabalhamos no mesmo escritório, hoje não será diferente, mas ele vai trocar de sala.

o alvoroço provocado pela mudança da presidência repentinamente não pode passar desapercebido por nós.

cada funcionário tinha a sua própria opinião.

alguns questionaram a escolha de meu pai, pois tinham seus preferidos. vitória, ricardo e até mesmo marcos.

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