"
"Ele foi baleado."
Uma frase. Uma única frase. Arrancou o chão sob os seus pés.
- Baleado? - Repetiu incrédula - Como assim, baleado? :
- Eu não sei direito. - Anely respondeu - Parece que ele estava em diligência, fora da cidade, foi vítima de uma emboscada e acabou ferido. E parece que o estado é grave.
Lucinda sentiu todo seu corpo gelar. Como se seu sangue tivesse congelado em suas veias:
- Lu, você tá bem? - Anely chamou:
- E se ele morrer? - Ela verbalizou o pensamento que a aterrorizava, completamente alheia ao chamado da irmã. - Eu preciso ir pra lá, Anely. Cuida do Cristian pra mim, tá?:
- Lu, você não pode sair assim! Você tá pálida! E tá tremendo! Não posso deixar você sair nesse estado! Vamos fazer o seguinte: Eu vou ligar para a Aline e ver se ela pode ficar com o Cris. Se ela puder, vou levá-lo lá e depois a gente vai ao hospital, tá?
Enquanto a irmã se afastou para falar ao telefone. Lucinda não ousou se mover. Estática, encarava um ponto qualquer à sua frente.
Sabe-se lá quantos minutos se passaram, até que Anely viesse até ela e dissesse que elas podiam ir.
Cheiro de éter. Um corredor branco. Pessoas indo e vindo. Mas para ela, tudo parecia um borrão:
-Lu, você precisa sentar – Anely disse puxando-a pela mão e levando-a até uma cadeira:
- Eu preciso vê-lo – Ela sussurrou. – Agora :
- Ele tá na UTI e tá sedado, Lu. Ele precisa descansar:
- Por favor, Anely! Me deixe vê-lo! – Suplicou – Fala com um médico, uma enfermeira, sei lá! Mas eu preciso vê-lo!
Vendo que a irmã não desistiria, Anely foi em busca de um médico:
- A senhora tem algum grau de parentesco com o paciente? – O médico perguntou, assim que apareceu em sua frente:
- Ela é namorada dele! – Anely adiantou-se. O médico encarou as moças com desconfiança, mas por fim, disse:
- Vou pedir a uma enfermeira que a auxilie com a paramentação. Quando estiver pronta, a senhora terá 10 minutos para vê-lo:
- Oi – Ela disse baixinho, para a figura inerte na cama . O som do bip dos aparelhos preenchia o ambiente. – Eu não imaginava que o nosso reencontro seria assim – Ela chorou, buscando a mão dele. – Você não pode ir, e me deixar aqui, Marino. Quem você pensa que é, pra bagunçar minha vida e ir embora, assim? – Ela brincou – Eu sei. Eu sei que a gente tá brigado. E eu não posso negar, que ainda estou chateada. Mas também não posso negar que a simples ideia de perder você pra sempre, me enlouquece! A simples ideia de não sentir mais o seu cheiro, ou a sua boca passeando pelo meu corpo; de não ouvir mais a sua risada... A simples ideia já me faz querer gritar. Talvez eu nunca tenha dito em voz alta, mas você, Marino, me salvou. Você me fez sorrir, depois de muito tempo. Mesmo com esse jeitão, todo sério, você foi como um dia ensolarado depois de um longo período de chuva. Você fez com que eu me sentisse amada, desejada, outra vez. E sim, eu sei que eu falei coisas horríveis em nossa última conversa. Mas isso parece tão pequeno agora! Tão sem importância! – Enquanto falava, seu choro corria livre, o corpo inteiro tremia – por favor, fica comigo!:
- Você precisa ir . Seu tempo acabou – Uma voz grave a retirou do transe no qual se envolveu. Ao se preparar para sair, sentiu uma leve pressão em sua mão, seguida por um sussurro proferido com dificuldade:
- Lucinda, fica, por favor!
Era ele. Ele havia acordado!
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One Shots Lurino
Hayran KurguCompilado de fics sobre o casal fictício, Lucinda e Marino, da novela Terra e Paixão. Os capítulos não necessariamente terão ligação entre si.