Aviso: Essa fanfic possui ligação com a anterior!
Declaração: Anúncio. Confissão.
A noite anterior não saía da cabeça do delegado. Os gestos, as palavras sussurradas. O gosto e o cheiro dela. O jeito como ela se desmanchou embaixo dele. Tudo muito vívido.
E quando ele se despediu, pela manhã, ela não tentou convencê-lo a desistir de partir. Como se apenas quisesse aproveitar o tempo em que o teria por perto e depois fosse lidar com a dor e o vazio.Mas a reação da mulher não tranquilizou o homem. Pelo contrário, Marino foi tomado por um inquietação. Lucinda não merecia aquilo. Ela não merecia noites de amor esporádicas, com despedidas na manhã seguinte.
Embora tudo tenha sido consensual entre eles, Marino sentia-se o pior dos homens, ao sujeitá-la àquela situação.
De repente, as palavras ditas por Hélio, na conversa que tiveram no bar, preencheram sua mente. Assim como o que Lucinda havia dito na noite passada: ele deveria deixá-la escolher o que fazer, depois que soubesse de tudo.
Não bastasse tudo isso, a transferência que havia solicitado, parecia empacada. Como um sinal de que seu lugar no mundo era Nova Primavera:- Silva, segura as pontas aí, que eu preciso sair! - Disse, levantando-se num ímpeto.
Lucinda estava em uma reunião com Roberto; Hélio e Enzo, quando a porta da sala de reuniões se abriu e Marino irrompeu:
- Lucinda, desculpa invadir o seu local de trabalho assim. Mas o que eu tenho pra falar é muito importante. E eu preciso falar agora, antes que eu perca a coragem que reuni:
- Marino, não tô entendendo nada:
- Eu sei, eu sei. Mas você vai entender. Só escuta, tá? - Pediu, e a mulher balançou a cabeça em afirmação - Bom, quando eu me formei em Direito e prestei o concurso público para delegado de polícia, ainda carregava em mim, muito do jovem idealista que achava que faria justiça. Mas a realidade se impôs de uma maneira completamente diferente.
E tudo piorou quando cheguei à Nova Primavera, essa cidade que tem, ou tinha, porque agora eu tô tentando mudar isso; um sistema judiciário à parte daquele que conhecemos; que possui como corte suprema a família La Selva. Eles são a lei, aqui. E eu, por muitos anos, entrei no jogo deles, fui conivente com muitas coisas. Fiz de conta que não via. Mas aí, você entrou em minha vida.
Embora eu já a conhecesse de vista e já nutrisse por você uma admiração, foram as aulas de Krav Magá que nos aproximaram. Nos tornamos amigos e eu testemunhei o seu compromisso com o trabalho, a ética e a honestidade com as quais você lida com o que faz; testemunhei o amor incondicional que possui pelo seu filho e por sua irmã; testemunhei os seus dias mais sombrios e a vi se reerguer. Então, dia após dia, eu descobri o que realmente importa nessa vida. Certa vez, li um poema que diz:
acima de tudo ame
como se fosse a única coisa que você sabe fazerno fim do dia isso tudo
não significa nada
esta página
onde você está
seu diploma
seu emprego
o dinheiro
nada importa
exceto o amor e a conexão entre as pessoas
quem você amou
e com que profundidade você amou
como você tocou as pessoas à sua volta
e quanto você se doou a elas."(1)- E
hoje, depois de ter conhecido você, eu concordo. Nada importa, Lucinda, nada, a não ser a forma como marcamos a vida das pessoas. E eu não quero soar hipócrita aqui: o dinheiro é necessário, sim. Mas não é tudo. E você me fez perceber isso. Você, me fez valorizar e desejar viver cada pequeno momento: um café da manhã em família; uma tarde de domingo na pracinha; uma noite tranquila vendo aquela novela que Anely adora, que ela diz que tem um delegado bonitão como eu - Ele riu e Lucinda o acompanhou, mas seus olhos também estavam úmidos - Eu sei, que eu pedi para que nós ficássemos afastados, eu sei! E eu sei que sou todo errado! Muito errado! Mas você tá certa, eu preciso dar à você a oportunidade de escolher se quer ficar comigo, mesmo ciente das minhas falhas, que não são poucas. E é por isso que eu tô aqui hoje: Pra dizer que eu te amo, Lucinda! - Anunciou com a voz embargada. - E esse sentimento, é maior de que o medo que eu tenho, de que você se decepcione comigo. Chega, chega disso! Eu não posso permitir que os erros do passado, me impeçam de viver o futuro ao lado da mulher da minha vida - Sorriu, enquanto as lágrimas escorriam livres pelo seu rosto - Se você quiser se afastar, depois de saber de tudo, eu não vou impedir. Não vou implorar pelo seu perdão. Eu nem posso fazer isso. Mas se você escolher ficar, eu prometo, fazer tudo que estiver ao meu alcance para que você seja feliz. Antes, eu tava perdido. Achava que não tinha lugar no mundo. Mas agora eu sei, você, é o meu lugar no mundo. Eu te amo, Lucinda!
Marino mal havia concluído sua fala, quando Lucinda lançou-se sobre ele, num beijo cheio de saudade, que tinha gosto de reencontro.
Eles desfrutaram daquele momento, por sabe-se lá quanto tempo, até que palmas os tiraram do transe:
- Finalmente, Marino! Finalmente!!! - Hélio falou, e só então Marino tomou consciência de que Lucinda não estava sozinha. Notou inclusive, o chefe mauricinho dela, que batia palmas e sorria também:
- Pelo jeito, eu nunca teria chance mesmo, né Lucinda? - Roberto se aproximou dos dois - Cuida bem dela, cara - Disse, dando um tapinha amigável no ombro do homem - E você - Olhou de novo pra Lucinda - Tira o resto do dia de folga, hoje. Pelo jeito, vocês têm muito o que conversar - E dizendo isso, saiu.
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One Shots Lurino
Hayran KurguCompilado de fics sobre o casal fictício, Lucinda e Marino, da novela Terra e Paixão. Os capítulos não necessariamente terão ligação entre si.