Coffee Drops

Prólogo

A garota de tão pouca idade sempre gostava de ir até a casa na montanha que seus pais iam para as férias, algo bastante incrível para ela, visto que ainda era apenas uma criança por dentro, por mais que sua verdadeira idade fosse muito maior do que sua mente infantil sugeria.

Ester tinha apenas 15 anos quando tudo aconteceu. Sua personalidade infantil e um tanto quanto adorável era o que a diferenciava de demais garotas de sua idade.

Seu pai, Rafael d’Ávila, sempre fora um pai muito bom. Sempre que chegava do trabalho ou de suas viagens de negócio para muito longe, contava histórias para sua filha única em sua cama para que pudesse sempre dormir bem. Mesmo que muitas vezes fosse ausente, era esforçado e sempre marcava presença nos momentos mais importantes da vida da garota.

Sua mãe, Helena d’Ávila era uma típica dona de casa, como desde criança fora muito caseira, ficar em casa e cuidar de tudo nunca fora algo complicado. Ela gostava de cuidar de sua filhar e casa, sempre deixando tudo em ordem para que seu marido nunca precisasse se preocupar quando chegasse em casa. Uma esposa dedicada e atenciosa que nunca deixava a desejar.

Tudo mudaria, mas a pequena garota não rinha noção alguma disso. Seu inocente pedido era algo que mudaria sua vida para sempre.

Um carro, um acidente, três giros e uma queda de 50 metros. Algo completamente grave. A garota sobreviveu mas perdeu a memória e ficou durante bastante tempo em coma no hospital. Seu pai, um bom homem, abdicou de muitos compromissos importantes para ficar com a filha, porém, sua mãe havia sumido do mapa, os deixando sozinhos e desamparados. Tudo acontecera por causa de seu pedido inocente para ir à casa na montanha que tanto adorava brincar e se divertir.

Depois de tanto tempo e uma lenta inserção na sociedade por ter perdido completamente a memória e não estar apita a se relacionar de maneira saudável com as outras pessoas, já que muitos tentavam tirar proveito de sua inocência, Ester, passou a conviver novamente com as pessoas com a ajuda de seu pai e sua amiga de infância Luna.

Por não se lembrar de quase nada do acidente, uma lacuna em branco enorme deixava sua mente confusa, pois mesmo que tentasse se lembrar de algo, nunca conseguia. Isso a frustrava, muito mais do que ela poderia aguentar. Sua solução foi ignorar todos esses sentimentos que guardava em seu peito, para que algum momento, embora não desejasse, tudo se colapsasse dentro de si e implodisse da forma mais terrível.

Ela tinha uma bomba atômica em seu peito, mas ela fingia não haver tal coisa em si. Ela tinha medo, ela tinha muito medo, mas não sabia como fazer para sobreviver, então esperava pela sua explosão.

Dentro de si, ela, se sentia sozinha, se sentia estranha pelo fato de não saber exatamente o que é e, desse modo, sua única resposta para isso era tentar não pensar muito sobre.

Sua existência não tinha uma razão para viver. Muito longe disso. Ela apenas sabia que existia, mas não tinha propósito algum.

Essa é uma breve parte de seu passado. Agora, nada mais justo do que contar o que acontece depois.