Capítulo 26

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Rebeca Caccini

Um mês, esse foi o tempo em que eu fiquei sozinha tentando entender o motivo de ter sido deixada para trás. Mais uma vez dante desapareceu e deixou meu coração despedaçado, o vazio me consumiu, o amor estava se esvaindo e a esperança já havia ido embora a muito tempo.

A única coisa que restava em mim eram as lembranças daqueles meses que passamos no Caribe, os momentos felizes, os beijos e abraços trocados o amor que fizemos todas as noites, tudo ficou guardado comigo. Aquilo ele jamais poderia tirar de mim. Cada vez que eu lembrava era como se fosse um pouco da minha alma estivesse indo embora.

Acordo com beijos em meu rosto, os braços de Dante me envolvem em um abraço caloroso, ele me puxa pela cintura me mantendo mais próxima dele. Abro os olhos e visualizo seu belo sorriso, a covinha em sua bochecha o deixava ainda mais charmoso.

— Bom dia meu amor! — ele diz e deixa um beijo em minha bochecha.

— Estou sonhando? Estou sendo beijada por um anjo. — vejo seu sorriso se abrir o que me faz sorrir também. — Nem acredito que estou realizando meu sonho de acordar ao seu lado todos os dias.

— Vamos ser muito felizes, meu amor. — Dante afasta uma mexa de cabelo do meu rosto. — Eu te prometo.

Tenho meus pensamentos interrompidos assim que ouvi batidas na porta de meu escritório, balbucio um entra, e logo vejo o vislumbre de meu pai surgir. Com um sorriso fraco o homem se aproxima de mim e senta na cadeira em minha frente, por alguns segundos ele me analisa em silêncio.

— Você está bem? — questiona ele, preocupado.

— Estou sim. — digo sem nenhuma animação.

Ele segura minha mão que estava sobre a mesa.

— Você tem que se reerguer, não pode ficar assim a vida inteira.

— Eu vou ficar bem, é só questão de tempo.

— Tempo Rebeca?! Já faz um mês, e você ainda está nessa fossa. Eu estou preocupado filha, todos nós estamos.

Alph se levanta e caminha até mim, ele me envolve em um abraço e beija o topo de minha cabeça. Meu pai e eu temos nos dado muito bem, estou trabalhando com ele para ajudar a me distrair. Não tenho frequentado a empresa, sinto que aquele lugar me trás muitas lembranças de Dante, e no momento eu quero tentar esquecer que ele existe.

— Estou precisando de você, volta logo. — meu pai se afasta e se retira da sala.

Logo depois da saída de meu pai decido ir para casa, quando saio do escritório recebo uma mensagem de Marcel dizendo que gostaria de conversar comigo, segundo ele o assunto era sério e se tratava de Nihan. Marcel e ela tinham tido uma aproximação, até onde eu soube os dois estavam juntos desde o  dia em que fui pro Caribe.

Se Marcel estava feliz, me deixava feliz também. Meu amigo merece alguém que o faça florescer, Marcel viveu muito tempo alimentando um amor que não havia futuro e esse relacionamento com Nihan veio para afasta-lo do amor reprimido. E eu desejo que ele seja feliz.

Alguém nessa história merece um final feliz.

Chego em minha casa e logo sinto aquele cheiro de lar, já fazia muito tempo que eu não vinha pra cá, mas estava tudo no seu devido lugar. Subo para o meu quarto e tomo um banho, coloco uma roupa confortável e volto para a o andar de baixo. Assim que termino de descer as escadas, escuto a campainha tocar e vou atender.

Abro a porta e me deparo com Marcel, se escondendo atrás de belo buquê de rosas vermelhas.

— Flores para uma flor! — ele afasta do buquê e me entrega, vejo o seu sorriso radiante.

— Obrigada. — pego o buquê e sinto o aroma das rosas. — São lindas.

— Trouxe alguém comigo — ele se afasta e vejo Nihan atrás dele. — Vocês precisam conversar.

A mulher sorri meio encucada, eu volto para dentro da casa e os convido para entrar. Nihan estava calada, parecia nervosa, a chamo para irmos até o meu escritório. Marcel permaneceu na sala, preferiu nos deixar a sós.

Nihan estava parada, ela esfregava as mãos uma na outra.

— Primeiro eu quero me desculpar, pelos tiros, era aquilo ou eu nem estava mais aqui.

— Sem problemas, afinal eu estou viva. O que mais você quer?

Ela suspira e inspira, parecia tomar coragem.

— Eu quero fazer parte da máfia italiana.

— Uau, devo dizer que você me impressionou agora. O que te faz querer mudar de "time"? — dou ênfase na palavra time.

Nihan se aproxima de mim e senta em um cadeira que havia em minha frente, enquanto eu permaneci em pé.

— Bem, você sabe da minha aproximação com Marcel, e eu estou apaixonada por ele.

— O que? Apaixonada?

Me sento sobre a mesinha de centro a sua frente, ficando cara a cara com ela.

— Sim, pode parecer loucura mas é a verdade, e desde que você foi embora a gente está muito próximo, tipo, próximo mesmo. E tem outra coisa que eu preciso dizer — ela faz uma pausa e em seguida olha para o chão.

— Diz logo Nihan, o que tá acontecendo?

— Eu acho que estou grávida!

No mesmo instante minha boca se abre, esconder o espanto era impossível. Nihan começa a chorar e eu fico parada sem saber o que fazer.

— Se acalma, você tem certeza disso?

— Eu fiz um teste de farmácia, mas eu não entendo nada disso. — ela seca as lágrimas com as mãos. — Eu estou com medo, assustada. Marcel me usou como um tapa buraco e eu engravidei dele, eu não sei o que fazer.

Me levanto e vou em direção a sala, pego minha bolsa e volto para o escritório. Dentro da bolsa tiro um teste de gravidez, desde que Dante se foi eu andava me sentindo mal, enjoos, tonturas, e até alguns desmaios, já faziam parte do meu dia a dia. Comprei o teste e não tive coragem de fazê-lo.

Com a caixinha nas mãos me aproximo de Nihan e entrego a ela, a mesma me olha sem entender.

— Tira a minha dúvida, faz outro teste.

Ela apenas concorda e segue para o banheiro, alguns minutos depois ela sai e me entrega o teste.

Dois tracinhos

Nihan estava grávida.

— Parabéns, você está grávida.

— O que eu faço agora? O Marcel vai surtar. — Nihan se apavora e novamente começa a chorar.

Seguro em suas mãos e tento acalma-la.

— Ele vai surtar sim, mas de felicidade. O sonho desse homem é ser pai, seja feliz com ele.

— Obrigada Rebeca, eu espero que você tenha o seu final feliz. E Dante vai voltar, eu tenho certeza.

— Eu não acredito muito nisso.

— Mas eu acredito, Kemal sempre deixa alguma brecha. Dante vai voltar!

Ela me abraça e eu sinto que ela estava falando verdade, senti confiança nas palavras dela. Talvez eu devesse acreditar naquela hipótese, mas certamente em meu coração já não haviam mais esperanças. Dante havia me deixado e não voltaria mais, mas depois daquela breve conversa com Nihan uma faísca reacendeu em mim.

Quem mais pra conhecer o inimigo, do que alguém do seu próprio bando?!

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