Capítulo 22

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Rebeca Caccini

— Dante!

Olho para Marcel que estava em pé atrás de mim e com uma cara nada boa, volto a olhar o homem parado a minha frente.

— Entra — dou espaço e o ruivo adentra o apart. — O que está fazendo aqui?

— Eu vim checar se você está bem — ele se aproxima e segura meu rosto com as mãos. — Eu fiquei com medo, muito medo.

Marcel que estava calado até aquele momento, questiona o aparecimento repentino de Dante.

— Como soube? — meu amigo pergunta, tenso.

Dante me olha aflito, parecia procurar a melhor resposta, ele se afasta de mim e fica frente a frente com Marcel.

— Foi a Nihan, eu estava lá quando meu avô deu a ordem. — o homem confessa. — A culpa foi minha, eu vacilei. E Nihan está arrependida, só fez isso pra manter a própria vida a salvo.

Me aproximo novamente do homem que está em minha sala e o puxo fazendo o mesmo se sentar no sofá.

— Porque está nos contando isso? Qual o seu objetivo? — olho fundo nos seus olhos, eu queria a verdade.

— Eu não quero mais fazer parte disso, o meu avô é um homem cruel incurável, nada é capaz de para-lo. — ele segura minhas mãos com força. — Eu não quero te perder, por isso estou aqui dando a minha cara a tapa.

Seus olhos escondiam algo misterioso, Dante não estava sendo completamente sincero, suas mãos estavam suadas e a respiração acelerada.

— Me fala tudo, por favor. — digo quase implorando.

Seus olhos vão em direção ao Marcel, e depois ele pisca algumas vezes parecia procurar as palavras certas.

— Você... e eu — ele faz uma pausa dramática. — Somos irmãos.

Puxo minhas mãos no instante em que escuto aquelas palavras, meu coração acelera de uma maneira que parecia querer sair do peito. Uma sensação estranha de pavor e insegurança tomou conta de mim, minha respiração ficou falha como se meus pulmões parassem de funcionar.

Irmãos?

Não, não mesmo.

Aquilo não era verdade.

Meu pai não esconderia isso de mim.

Senti meu corpo perder o chão, minhas vistas ficaram escuras, eu vi tudo girar e sinto Marcel me segurar.

— Pega água pra ela — Marcel pede a Dante, e o mesmo sai em direção a cozinha. — Rebeca, eu estou aqui.

Dante volta com a água e eu consigo beber um pouco, e alguns segundos depois eu já estava me sentindo melhor.

Aquilo só poderia ser um pesadelo, a duas noites atrás eu estava tendo a melhor noite de amor da minha vida, com o homem que estava em minha frente, e agora ele diz que é meu irmão.

O meu pai jamais esconderia uma informação importante dessas, ainda mais sabendo que a qualquer momento eu poderia dormir com Dante. Se eu já estava confusa, aquela informação chegou pra acabar com o resto da minha sanidade.

Enquanto eu me recuperava do susto, vi a porta se abrir e meu pai entra como se fosse o rei do show, em suas mãos haviam alguns envelopes, o que atiçou a minha curiosidade.

Ele se aproxima de nós e quando enxerga Dante, sua expressão muda para uma carranca. Alph chega perto de mim e deixa um beijo em minha testa.

— Convidaram a nobreza para a festa, que gratificante. — Alph debocha enquanto encara Dante.

— Alph, ou devo te chamar de papai. — Dante o enfrenta.

Alph novamente muda a sua expressão, agora parecia sério e assustado, ele recua para trás e se senta em uma poltrona que havia no canto da sala.

— Porque não me contou? — digo me levantando e me aproximando dele. — Porque escondeu isso de mim esse anos todos?

Minha vontade era de mata-lo com as minhas próprias mãos, mas Marcel me segura antes que eu pudesse chegar até ele.

Alph permanecia calado e pensativo, aquele silêncio já estava me dando nos nervos.

— Diz alguma coisa, seu babaca, cretino. — falo com todo ódio que existia em mim naquele momento.

Ele me olha e logo em seguida visualiza Dante que permanecia em pé.

— Vocês não são irmãos. — Ele diz e depois joga os envelopes sobre a mesa de centro. — Está aí a prova, o exame de DNA.

Pego o envelope e abro as pressas, aquela angústia estava me matando. Com os papéis em mãos vejo a palavra sublinhada e em negrito.

Negativo.

Um suspiro de alívio saiu de minha garganta, essa história toda ainda vai acabar me enlouquecendo.

Volto a olhar para Dante e caminho até ele o abraçando, lhe dou um beijo, ali mesmo na frente de meu pai, Dante retribuí na mesma intensidade.

— Bem, eu vou me retirar. Isso aqui virou casos de família. — Marcel diz e meu pai o encara de maneira mortal. — Desculpa, sem piadinhas.

Ele se retira e caminha indo em direção ao meu quarto, certamente iria assistir tv, Marcel fazia isso em situações que ele não era importante.

Dante e eu nos sentamos e precisávamos de respostas, e sabíamos que meu pai tinha a maioria delas.

— Desembucha, a gente tem o direito de saber. — exclamo sendo direta.

— Perto dele? Ele é o neto de Kemal, meu inimigo. — ele diz se referindo a Dante.

Olho para o homem ao meu lado que estava com a cabeça baixa, sem esboçar nenhuma reação.

— Eu não estou do lado dele, ele quer machucar a mulher que eu amo — Dante me olha e segura a minha mão. — E isso eu não vou permitir.

Alph me observa e eu confirmo as palavras de Dante, lhe passando confiança.

Alph se levanta e começa a caminhar lentamente, de um lado para outro, ele tinha essa mania quando ia explicar alguma coisa.

— No passado, Kemal e eu não éramos inimigos, mas tínhamos uma regra, não se envolver com ninguém da máfia rival. — Ele diz gesticulando com as mãos. — Eu e Michele, quebramos essa regra. — meu pai continua, se referindo a mãe de Dante.

Alph suspira, como se estivesse lembrando de uma época boa.

— Nós éramos apaixonados, Michele foi o meu grande amor.

Meu pai conta exatamente como foi, e todo o envolvimento dele com Michele e o começo da rivalidade entre ele e Kemal. A cada palavra que ele dizia eu pude perceber que o vilão só é mal, quando não tem a sua história devidamente contada.

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