Capítulo 5

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Dante Baronne

Ao longo desses anos que passaram, até aonde eu me lembro, posso afirmar com todo o meu coração que jamais me esqueci daquela mulher. Rebeca sempre foi a minha lembrança mais viva e clara, eu conseguia ver perfeitamente o seu rosto, os olhos negros como a noite e aquela boca que pra mim, era a boca mais perfeita do mundo. Até um certo momento em que eu sofri um terrível acidente, e todas as lembranças que eu tinha da minha garota, se foram, feito poeira com o vento.

Mas a partir do instante em que a vi naquela sala, foi como se eu tivesse levado uma pancada na cabeça, e todas as memórias que eu tinha dela voltaram como um tsunami. Uma dor imensa tomou conta do meu peito, parecia que o meu coração jamais a esqueceu. Ela estava exatamente a mesma, não havia mudado em nada, ainda era a minha Rebeca, a Beca que eu deixei com o coração quebrado a alguns anos atrás.

Eu nunca entendi o motivo da nossa separação, mas me recordo vagamente de ouvir o pai de Rebeca conversando com a minha mãe, um dia antes de nós irmos embora.

Você não tem o direito de nos mandar embora! — minha mãe gritava com o homem e o mesmo permanecia parado em sua frente.

— Eu posso e vou, Dante e Rebeca estão cada dia mais próximos - me aproximo mais da porta para ouvir melhor. —E você sabe muito bem que eles jamais vão poder levar essa relação adiante.

— Alph, eles são crianças, pelo amor de Deus. — minha mãe começa a andar de um lado para o outro. — Maldita hora que eu conheci você, maldita hora!

— Seu pai é chefe da máfia russa, e você sabe muito bem que ele quer a minha cabeça em uma bandeja. — eu não entendia muito bem o que ele quis dizer com aquilo, mas continuei a ouvir. — E Dante pode ser.. enfim, você sabe.

— Ele não é o seu... — minha mãe ia terminar a frase quando meu pai entrou na sala.

Com medo, eu subi para o meu quarto e me tranquei lá dentro, eu não entendi nada daquela conversa. E a frase interminável de minha mãe colocou ainda mais dúvidas em minha cabeça, eu era apenas um adolescente e o que eu mais queria naquele momento, era ficar com a menina que eu amava.

Quando cheguei na Inglaterra, uns dias depois, eu conheci Nihan uma menina linda e que tinha uma personalidade forte. A garota sempre deixou claro seus sentimentos por mim, e eu sempre fazia questão de lembrar que o meu coração já havia sido ocupado, Nihan nunca gostou nem que eu mencionasse o nome de Rebeca.

Depois do meu acidente de moto, como eu tinha perdido a memória, eu me apeguei a Stella, e ela sempre esteve do meu lado o tempo todo. Eu não lembrava de nada, somente do momento que conheci aquela garota morena dos olhos cor de âmbar.
Mas quando vi Rebeca novamente, a escuridão que encobria as minha lembranças simplesmente havia desaparecido, mas eu não poderia demonstrar euforia na frente da mulher que agora, era a minha noiva.

Naquela tarde eu tinha marcado com Rebeca de nos encontrarmos em seu apart, mas Stella estava grudada em mim o tempo todo, eu não pude ir, deixei ela esperando mais uma vez.
Com certeza ela estava decepcionada comigo, e não acreditaria em nenhuma palavra que eu dissesse, mas com certeza eu terei um momento com ela na empresa, afinal trabalhamos juntos.

Mas não foi assim que aconteceu, Rebeca havia sumido, deixou todas as responsabilidades encima de seu sócio Marcel, e desapareceu. Durante um mês Rebeca não apareceu na empresa, eu estava extremamente preocupado e querendo a todo custo pergunta a Marcel, o motivo do sumiço, com certeza ele sabia, mas iria parecer invasivo e curioso demais.

Estávamos na sala de reuniões resolvendo alguns problemas com a imprensa, quando aquela mulher entra na sala, a mais linda criatura que já pisou nesta terra. Rebeca entra na sala e caminha em direção a sua cadeira, na qual a mesma se senta, permanecendo calada. Eu queria abraça-la, sentir o seu cheiro, o macio de seus cabelos e dizer o quanto eu a amava.

Mas me contive, não seria nada profissional

— Onde você se meteu esse tempo todo? — Marcel a questiona se aproximando dela e lhe abraçando.

Porque caralhos ele tem que abraçar?

— Resolvendo problemas de família — ela retribuí o abraço e finaliza lhe dando um beijo na bochecha. — Me perdoe, deixei tudo pra você resolver.

— Está tudo bem, Dante me ajudou em algumas coisas — quando Marcel disse meu nome, pareceu que uma luz se acendeu em sua cabeça. — Ah, porra!

Foi naquele momento que Marcel soube quem eu era, sim, o mais lerdo dos homens.

— Bem, eu vou me retirar, eu preciso beber uma água. — ele diz se retirando da sala. — Caralho, porque eu sou tão lento?!

O homem sai da sala e nos deixa sozinhos, Rebeca permanece em silêncio. Ela se ajeita em sua cadeira de forma que fique mais relaxada, me aproximo dela e me sento a sua frente. Aqueles olhos que um dia me olharam com tanta paixão, agora estão indecifráveis, completamente escuros sem nenhuma faísca.

— Se tem uma coisa que você não esqueceu, foi o mau hábito de deixar as pessoas esperando. — ela pega uma caneta e começa a bater na mesa freneticamente.

— Me desculpe eu estava, muito ocupado. — ela me encara e continua batendo a caneta. — Dá pra parar, isso me irrita.

— Eu sei. — ela solta o objeto sob a mesa, e puxa a cadeira ficando mais próxima de mim. — A sua noiva não saiu do seu pé?!

Sinto seu hálito quente bater contra o meu rosto, aquela boca convidativa implorava por um beijo.

— Foi isso mesmo. — tento dizer sem demonstrar nervosismo. — A onde você se meteu esse tempo todo?

— Já disse, resolvendo negócios de família. — ela se afasta e volta ao seu lugar. — Meu pai soube que você voltou, ele quer que eu fique longe, como sempre.

Encaro seus olhos, e fico me perguntando como Alph descobriu que eu havia voltado.

— E ele vai fazer como antes? Ameaçar a minha família e nos mandar ir embora de mãos vazias? — digo sem ao menos pensar nas consequências daquelas palavras.

— O que? — Rebeca se levanta da cadeira e pude notar a raiva crescendo dentro de si — Ele jamais ameaçaria vocês, ele sabia do amor que eu sentia por você, ele só quis me proteger.

— E ele disse do que? Porque até hoje eu não sei o porque dessa separação idiota. — me levanto e fico cara a cara com ela. — Era pra gente estar casado , Rebeca, eu ainda te amo.

Vejo seus olhos lacrimejar e ela continua firme, Rebeca nunca gostou de demonstrar emoções.

— Que amor é esse, que na primeira oportunidade fica noivo de outra! — ela despeja as palavras sem nenhum pudor. — Que amor é esse, que não move uma palha pra ficar junto com a pessoa que ama, isso não é amor, nunca foi.

— Eu perdi a memória, eu não me lembrava de você — tento explicar mas ela estava completamente arrasada. — Você está sendo egoísta.

— Eu, egoísta? — Beca me encara e eu pude ver uma lágrima cair. — Eu me privei da felicidade, de viver um amor, de ter uma família, porque você me prometeu que voltaria.

Ela apanha sua bolsa e caminha em direção a porta.

— Mas eu voltei, Rebeca. — tento dizer com toda tristeza que havia tomado conta do meu coração.

Ela para e se vira pra mim lentamente.

— Sim, você voltou, mas noivo de outra!

A minha garota sai da sala e me deixa ali com o coração totalmente quebrado, eu merecia, afinal foi assim que eu a deixei no passado. Rebeca tinha razão, se eu verdadeiramente a amava porque não fui atrás dela? Porque não enfrentei meus medos? Porque não ouvi o que dizia o meu coração?.

Perguntas e mais perguntas, e nenhuma resposta

Se eu quero resposta eu teria que procurar uma pessoa, a única pessoa que poderia me dizer tudo o que eu queria saber, a pessoa que eu teria que ter coragem de enfrentar. Eu não era mais um menino, eu já não tinha mais medo de olha-lo nos olhos e dizer tudo o que estava entalado. Eu iria atrás dele, e ele teria que me ouvir, Alph estragou a minha vida, tirou de mim a única mulher que eu verdadeiramente amei, e eu vou devolver tudo na mesma moeda.

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