Capítulo 25

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Dante Baronne

Aquele tempo que havíamos passado no Caribe, devo dizer que foi os melhores meses de minha vida. Tudo o que eu imaginava nós vivemos ali, naquele paraíso na terra, Rebeca e eu estávamos felizes e logo pensamos que nada poderia estragar a nossa felicidade. Mas fomos muito equivocados com isso.

Nós passávamos mais tempo na cama do que em qualquer outro lugar, matamos o desejo reprimido e toda a saudade que sentíamos um do outro. Ali com aquela mulher, pude sentir o quanto eu amava e seria capaz de fazer de tudo para mantê-la segura de todo mal.

É lógico que meu avô nos procuraria até no inferno, nenhum lugar é um ótimo esconderijo. Parece que Alph falhou na missão de mantê-lo ocupado.

Depois de quatro meses que ficamos ali, curtindo a nossa pré lua de mel, um belo final de tarde foi transformado em um pesadelo em questão de segundos. Recebemos uma ligação de Marcel, onde ele nos informou que meu avô havia descoberto onde estávamos. Logo meu coração acelerou, e pensei que seria questão de horas até ele aparecer no Caribe.

Rebeca e eu arrumamos nossas malas para partirmos no outro dia de manhã, esse era o nosso plano. Mas logo depois que a minha mulher adormeceu, eu decidi tomar a decisão mais difícil da minha vida. Arrumei tudo que era meu e liguei para o meu avô, me entreguei para ele antes que o mesmo aparecesse aqui, e transformasse este lugar em um mar de sangue.

Enquanto Rebeca dormia escrevi um bilhete para ela.

Meu amor, desculpe por não me despedir, mas senti que se fizesse isso eu não conseguiria partir. Esses meses ao seu lado foram os mais incríveis que eu vivi, obrigado por me proporcionar tamanha felicidade. Aprendi que amar é deixar ir, por isso escolhi deixar seu caminho livre pra você ser feliz sem nenhum obstáculo, entenda que eu vou te amar além da vida.

Com amor, Dante

Deixo o bilhete sobre a escrivaninha e me aproximo dela devagar e lhe dou um beijo na bochecha, vê-la ali dormindo tranquilamente, despedaçou por completo o meu coração. Em lágrimas, deixei novamente para trás a mulher que mais amo nesse mundo.

Já do lado de fora, caminho pela areia branca e vejo de longe um veículo se aproximar. Logo reconheci o carro de meu avô, ele para a pouco metros de mim esperando a minha aproximação. Quando chego perto o suficiente, abro o porta malas e coloco minhas coisas.

Entro no carro e encontro meu avô com cara de poucos amigos.

— Olá meu neto, devo admitir que você foi muito astuto.

— Vamos embora de uma vez, por favor!

— Você fez uma ótima escolha, mas deixou a sua noivinha sem proteção.

O homem me olha com um sorriso maquiavélico.

— Eu fiz o que você me pediu, então cumpra a sua palavra. — digo sentindo a raiva crescer dentro de mim.

— Eu sempre cumpro.

Dentro daquele carro tento manter a calma, se exaltar não seria nada bom principalmente em um momento como aquele. Kemal era capaz de tudo para atingir Alph, e ele sabia que Rebeca era a ferida que mais doía. Deixá-la ali sozinha a deriva, me deixou com o coração apertado, a única coisa que eu queria era que ela entendesse os meu motivos para abandona-la.

Logo após algumas horas de viagem  chegamos ao nosso destino, Rússia, estava frio e nevando muito diferente de Istambul onde o sol e o calor sempre predominam. Fomos direto para a casa de meu avô onde ele disse que teríamos uma reunião, Kemal estava quieto e pensativo e aquele seu jeito me amedrontava, porque sempre depois da calmaria vem a tempestade.

Meus pensamentos estavam em Rebeca, a uma hora dessas ela já deve ter lido o meu bilhete e muito provavelmente está me odiando agora. Marcel com certeza irá buscá-la, ele não a deixaria sozinha em um momento de fragilidade.

Deixo minhas malas encima da cama e resolvo tomar um banho para esfriar a cabeça, logo após escolho uma roupa apresentável e sigo para a sala de reuniões. Assim que chego sou recebido de surpresa pela minha mãe, a mulher me abraça como se eu tivesse morrido e voltado a vida.

— Meu filho, como eu senti sua falta. — ela me analisa certificando de que eu estava bem.

— Também senti mãe, como você está? — pergunto, forçando um sorriso.

— Filho, eu estou bem. Mas o seu pai.. — ela faz uma pausa e logo começa a chorar.

Ali eu pude imaginar o que viria a seguir.

— Mãe, o que houve com meu pai?

— Ele faleceu mês passado, eu sinto muito filho.

Minha mãe me abraça mais uma vez, eu estava tentando processar aquela informação mas parecia impossível de acreditar.

— Como? Como aconteceu? — pergunto sem me separar dela.

— Ele estava ajudando Alph a te esconder, seu pai sabia de tudo e todas as informações. Mas seu avô descobriu e mandou que o matassem.

Quando ela termina a explicação, meu avô entrou na sala, e sem pensar duas vezes vou para cima dele com toda raiva que estava sentindo. Acerto seu rosto com um gancho de direita, todos que estavam na sala presenciam aquela cena, naquele momento eu poderia estar assinando a minha sentença de morte.

Mas eu não estava nem aí.

Era o meu pai!

Ele mandou matar o meu pai, e isso eu jamais vou perdoar.

O velho se levanta do chão com uma das mãos sobre o nariz que possivelmente tenha se quebrado. Seu olhar caí sobre mim e era mortal, Kemal estava com ódio e eu pude ver a escuridão que pairava naquele ambiente.

O homem se aproxima de mim lentamente.

— Você é um estúpido, Dante, igual ao seu pai.

— Não mencione o meu pai, seu assassino de merda. Eu tinha um apresso tão grande por você, meu Deus, como eu fui ingênuo!

— Certamente você se esqueceu que a sua noiva está sozinha no Caribe, e qualquer coisa pode acontecer com ela.

— Se você ousar a encostar um dedo nela — me aproximo mais dele, ficando frente a frente. — Eu mesmo te mato com as minhas próprias mãos.

Saio da sala antes mesmo da reunião começar, vejo o vislumbre de minha mãe tentando me acompanhar. Entro em meu quarto e sou consumido por uma onda de ódio e desprezo, pego um abajur que estava em cima da escrivaninha e arremesso contra a parede, os cacos se espalham pelo chão.

Minha mãe permanecia parada na porta sem esboçar nenhuma reação.

Ela se aproxima da cama e se senta, me convidando a acompanhá-la.

Me sento ao seu lado, minha mãe acaricia minhas costas me fazendo ficar mais calmo. Só ela conseguia aquele feito.

— Como ela está? — ela pergunta se referindo a Rebeca.

— Até ontem ela estava muito bem, agora ela deve estar me odiando. A gente noivou e íamos casar no próximo mês.

— Ela está grávida? — minha mãe me olha assustada.

— O que? Não. Não que eu saiba, queríamos nos casar depressa por conta do que está acontecendo com a gente. — sorrio ao lembrar dos dias que passei com ela. — Eu só quero ser feliz com ela, sem nada pra nos atrapalhar.

— Vocês ainda vão ser felizes filho, confie. — ela me abraça e beija meu ombro.

— Não sei mãe. Tem amores da vida, que não são pra vida. A gente tenta burlar o destino, mas as vezes algumas coisas não são pra ser.

Rebeca e eu sempre acreditamos ser almas gêmeas, tanto que fizemos até uma tatuagem para simbolizar isso. Mas esquecemos de um detalhe; almas gêmeas estão destinadas a se encontrarem, mas não a ficarem juntas.

Aprendi isso em um certo livro.


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