Capítulo 11

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Rebeca Caccini

Quando encontrei Dante naquele lugar e no estado deplorável em que ele estava, senti um completo alívio por ele estar vivo e ao mesmo tempo o ódio me consumiu por completo, a imensa vontade de acabar com a raça de meu pai só aumentava. Horas antes de encontrar Dante recebi uma ligação ameaçadora do senhor Caccini.

— O que você quer, Alph? — pergunto sem nenhuma animação.

— Você não está cumprindo nosso trato, Rebeca. — ele diz calmo e o seu tom de voz me fez arrepiar. — Soube que saiu com Dante, no dia da entrevista.

— Pai, foi a trabalho. — tento me explicar, pelo simples medo do que ele pudesse fazer. — Não se atreva a fazer nada com ele.

— Tarde demais, filha. — ele solta uma risada maquiavélica. — Uma hora dessas ele deve estar conhecendo Jesus, pessoalmente!

Antes que eu pudesse responder meu pai desliga o celular, me deixando completamente aflita e sem saber o que fazer. Depois de pensar por alguns minutos vou atrás de Marcel, se tem alguém que sabe onde Alph tortura suas vítimas, esse alguém é o meu melhor amigo. Entro em sua sala feito um furacão devastando tudo, ele para o que estava fazendo e me olha assustado.

Me aproximo de sua mesa e me sento na cadeira a sua frente, coloco uma das mãos sobre o peito e sinto meu coração bater acelerado, a minha respiração estava descontrolada, eu não conseguia dizer uma só palavra.

— Respira Rebeca, o que aconteceu? — Marcel vem até mim e me estende um copo com água.

— Alph está com Dante, e tenho certeza que não estão tendo uma conversa amigável. — respiro fundo e bebo um pouco da água. — Para onde ele leva as pessoas, quando ele quer.. você sabe!

— Sim eu sei, mas é longe demais, até chegarmos lá Dante já foi de arrasta pra cima. — ele anda de um lado para o outro procurando alguma solução.

— Vamos de helicóptero! — digo convicta como se fosse a melhor ideia do mundo. — Eu sei pilotar.

Marcel me olha com os olhos arregalados, parecia não acreditar na ideia que eu propus.

— Você enlouqueceu? Presta atenção, é no meio do nada, em todos os lados é só vegetação e árvores. — ele passa as mãos pelos cabelos, preocupado. — Você vai ter que pousar a alguns quilômetros de distância e continuar apé.

Concordo com as recomendações de Marcel, pegamos o elevador e subimos até o heliporto e lá estava a nossa aeronave. Entramos e eu me sentei na cadeira do piloto, como não tínhamos um copiloto Marcel iria fazer esse papel. Colocamos os fones de comunicação e o sinto de segurança, seguro o manche com firmeza como se soubesse o que estava fazendo.

— Quantas vezes você já pilotou? — Marcel pergunta com insegurança.

— Contando com essa? Duas vezes!

— Só pode ser piada. — o homem ao meu lado se segura com força na lateral do acento.

A aeronave decola e pude sentir uma sensação de libertação, foi uma viajem tranquila, Marcel ficou com os olhos fechados o tempo todo apenas me mostrou a onde devia pousar. Logo depois de conseguirmos encontrar Dante com vida, voltamos para a capital da cidade, não optamos por levá-lo ao hospital afinal isso só levantaria suspeitas, e com certeza chamariam a polícia.

Encontramos ele a tempo e com vida, e isso era o que importava.

[...]

Se passaram alguns dias desde o ocorrido com Dante, e nesse tempo o que eu mais fiz foi discutir com meu pai. A nossa relação estava cada dia mais pior, maldita hora em que eu aceitei ser sua subchefe absolutamente tudo na minha vida tomou um rumo diferente. E pra ficar pior, Dante e eu estamos cada dia mais distante um do outro, o meu coração dói a ter que vê-lo todos os dias na empresa e olha-lo, aqueles olhos, inconfundíveis olhos que remetem luz.

Debaixo do chuveiro penso em mil e uma maneiras de me livrar de meu pai, não digo mata-lo, eu não seria capaz disso. Mas eu queria distância, a aproximação com ele só me trouxe problemas e mais problemas. Ao sair do banho visto um camiseta e fico apenas de calcinha, afinal eu estava em casa e gosto de me sentir confortável. Preparo algo pra comer e depois vou assistir um pouco de tv.

Meus pensamentos estavam longe dali, tudo que eu pensava era nele, Dante não saía dos meus pensamentos ele simplesmente toma conta de todo o meu ser, de toda a minha alma, saio do transe quando escuto a campainha tocar, me levanto sem a mínima vontade e abro a porta.

— Você? — aqueles olhos verdes me olhavam com intensidade. — O que quer aqui?

— Eu vim a trabalho. — Dante diz sem perder o contato visual.

— Entra, fique a vontade!

O homem entra e eu fecho a porta, quando me viro para ele percebo seu olhar percorrer meu corpo, sinto minhas bochechas ruborizar ao perceber que estava somente de camiseta e calcinha.

— Eu vou me trocar, já volto. — eu ia me retirar quando Dante chama a minha atenção.

— Não será necessário, eu serei breve. — ele diz e continuava a me olhar com luxúria. — E eu gostei do visual, a propósito a estampa de florzinhas é uma gracinha.

— Veio pra falar da minha calcinha? — pergunto irônica e ele sorri. — Ou prefere que eu fique sem?

Me aproximo dele lentamente e já bem próximo sinto suas mãos rodearem a minha cintura, sua respiração estava acelerada. Sem dizer uma só palavra retiro seu blazer enquanto olhava em seus olhos com paixão e desejo, Dante pousou sua mão em minha bunda a apertando levemente o que fez soltar um gemido quase inaudível.

Devagar eu desabotoava sua camisa e sem mais demora tomo seus lábios em um beijo cheio de tesão e com gosto de saudade, aquela boca que por tantos anos ficou longe de mim ainda mantia o mesmo sabor, seu beijo ainda era o mesmo. Tomado pela paixão, Dante me segura em seu colo e eu entrelaço minhas pernas em sua cintura, ele me deita no sofá com o toda calma. Seus olhos me olhavam como se fotografasse na memória cada pedacinho meu, ele beija meu pescoço e sobe a camiseta devagar em seguida massageando meu seio esquerdo com carinho.

Eu poderia deixar rolar e aproveitar o momento, mas ele seria meu somente naquela noite e logo em seguida voltaria para os braços da noiva que o esperava em casa, eu não queria aquilo pra mim. Eu não quero Dante pela metade, não o quero por uma noite, ele não é meu e se depender de meu pai ele nunca vai ser.

— Dante, para. — digo com calma mas ele continuava a beijar meu pescoço. — Para!

Ele se levanta e me olha assustado, Dante sai de cima de mim e se fasta eu me sento no sofá ajeitando a minha roupa.

— Isso não está certo, não podemos. — indago convicta, ele me encarava com o olhar triste. — Eu não te quero pela metade, não quero ter que me despedir depois de acabarmos, e você ter que voltar correndo para os braços da Nihan.

— Rebeca, é você que eu amo! — ele segura minha mão e eu a puxa de volta para mim. — Eu posso acabar o meu noivado com ela.

— Não é só isso que nos afasta. — digo, sentindo meus olhos marejarem. — Por favor, não insista e vá embora.

Em silêncio ele apanha sua camisa e seu blazer e sai do apartamento, vê-lo ir embora me machucou ainda mais. Não poder amar de verdade e nem expressar esse sentimento me sufocava de uma maneira angustiante, tudo isso por causa de meu pai, por querer deixar Dante a salvo sou obrigada a trancar meus sentimentos a sete chaves. De certa forma as escolhas de meu pai sempre afetaram em minha vida e ainda afetam, e isso tem sido o fardo que eu carrego desde que nasci.

Apesar de próximos, o nosso amor se encontra distante

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