Sentimento Vagabundo

19

Portuga

Estávamos quase entrando na parte em dava acesso ao morro,olho pro lado e vejo Helena dormindo. Se estava tudo silêncio era sinal em que minha cria tinha cochilado também.

Essa mina me tira do sério,tudo ela leva no pagode,isso me estressa.Ela tira onda da minha cara pra caralho,relaxa que ela vai ter o dela ainda.

Até então a favela tá tranquilona,como não vai tá né? Passamo a grana pro caveira e ele não pode deixar eles continuar,porque se não quem desce é a filha dele,que nem sabe da existência dele.

Mas ele tá ligado na dela,ele e a mãe dela viviam de namorico na adolescência e ele tá ligado que se ele não obedecer,eu cancelo o cpf das duas. A parada é essa,obedece ou tu perde quem tu ama e tua vida vai pro ralo junto. Mas primeiro tem que sentir a dor de tudo.

Parada sinistra,mas é o crime porra,antes eles do que eu.

Tenho infiltrado em todo canto,principalmente nos morros rivais e no quartel. Quando eles tão indo,eu já tô é voltando.

Tenho uns parceiros nos morros aliado também,tem uns que o de cima nem sonha,mas vai que eles tão tramando contra mim,enquanto se passa de bonzão e amigão na frente.

Ninguém sabe,nessa vida ninguém pode confiar em ninguém não.

Helena acorda com a maior cara amassada com marca do banco.

Helena: tamo por onde?

Ela me olhou com uma cara de preguiça.

Portuga: quase chegando

Ela agradeceu e deitou a cabeça no banco olhando pra estrada de chão,onde passávamos ficava uma poeira maluca.

resolvi puxar assunto.

Portuga: vai pro pagofunk que vai ter na rua da estrelinha né pô?

Helena: não,quero só minha cama

Se ela não vai. Ela vai ficar sozinha em casa,coroa dela é de certeza ir,o Gabriel não tá em casa.

Aí calica.

Portuga: quero tua cama também-baguncei o cabelo dela.

Helena: vai ficar querendo né filho.

Portuga: tudo que eu quero,eu consigo

Helena: pena que dessa vez tu não consegue- ela riu irônica.

Uma diaba dessa,quer fuder com o psicológico do cara. Mas já já ela cede.

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